sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

CRESCIMENTO DA IGREJA EVANGÉLICA E O GENUÍNO DESPERTAMENTO ESPIRITUAL 5/5- POR RUBENS RAMIRO MUZIO

A BUSCA DE CHAVES MÁGICAS E MODELOS MILAGROSOSAs igrejas oferecem vários programas, encontros, retiros, oficinas, conferências, mas parece que pouco muda profundamente, a longo prazo. Acumulam-se os cursos de cura interior, fóruns sobre espiritualidade, congressos sobre batalha espiritual, conferências missionárias e concertos de oração. A mentalidade do marketing predomina, a ilusão de que o mero uso de técnicas e programas irá resultar em sucesso e crescimento. Não faltam às igrejas brasileiras oportunidades para a clonagem de programas. Ao alcance de um simples telefonema ou link da internet estão centenas de modelos importados que descrevam como fazer bem como diversas ferramentas ministeriais, verdadeiros pacotes e kits para reprodução. Muitos importam modelos eclesiásticos de igrejas americanas e outras mega-igrejas do hemisfério norte bem como utilizam verdadeiras cópias latinas, tais como o G12, de Bogotá ou Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte.O homem moderno acredita que pode manipular o ambiente ao seu redor e chegar aos resultados desejados se tão-somente utilizar técnicas e ferramentas ministeriais de forma correta. Ele pensa que, se utilizar os instrumentos certos, misturados a uma boa dose de esforço e dedicação, a receita irá funcionar. Se tão somente utilizar o método correto, tudo vai acontecer direitinho conforme a sua visão. Aliás, as técnicas certas, quando aplicadas com eficácia e eficiência, farão com que a igreja cresça. Ouçamos as palavras de Eugene Petterson: Os pastores da América metamorfosearam-se num grupo de lojistas e as lojas de comércio que possuem são suas igrejas. Eles estão preocupados com as preocupações dos lojistas: como manter seus clientes felizes, como atrair mais clientes para longe dos competidores do outro lado da rua e como empacotar seus produtos de forma que os consumidores paguem mais dinheiro. Alguns deles são muito bons lojistas. Eles atraem uma multidão de consumidores, angariam grandes somas de dinheiro, adquirem esplendida reputação. Mesmo assim isso é apenas comércio. É verdade que sejam bons donos de lojas, mas não deixam de ser apenas lojistas. As estratégias do marketing, da "franchising", do "fast-food" ocupam as mentes despertas destes empreendedores. Sonham acordados com aquele tipo de sucesso que atrairá a atenção dos jornalistas (2003, p. 2).Igrejas se tornam firmas, meras lojas que fabricam e vendem produtos religiosos, em busca de clientes e aumento de sua fatia no competitivo mercado religioso. Mesmo sem toda a sofisticação das grandes empresas, elas têm aprendido a utilizar as estratégias de marketing de maneira eficaz, procurando conhecer as demandas do público, oferecendo-lhe produtos diferenciados das outras igrejas e específicos às necessidades físicas, emocionais, profissionais e espirituais dos membros, para que possam satisfazer os seus desejos. A Igreja neste contexto deixa de ser o povo de Deus e assume dimensões materialistas e consumistas. Essas igrejas tendem a serem dominadas por uma prática de vida auto-centrada, egoístas, mais preocupadas com a edificação de seus impérios pessoais do que com a expansão do Reino de Deus. Diante de tantos produtos religiosos e opções eclesiásticas, lamentavelmente o crente-cliente e o visitante desigrejado se vêem com total liberdade para utilizar critérios consumistas na escolha da melhor igreja. Os critérios são semelhantes àqueles utilizados na escolha de um restaurante ou pizzaria: prazer, sabor, gosto, qualidade do produto e atendimento, promoções, boa propaganda, etc. O envolvimento nas igrejas em geral é estritamente opcional e exercitado pelo indivíduo, com sua própria decisão pessoal. Já vimos que, como resultado, membros e não-membros são vistos como consumidores religiosos atrás de produtos, buscando os serviços religiosos que melhor se encaixem às suas necessidades pessoais. A impressão é que o reino de Deus poderia ser alcançado através de genialidade humana e capacidade profissional. A percepção que muitos crentes têm é que sempre existirá uma técnica certa para cumprir a missão da igreja local em seu contexto; existirão sempre estratégias e métodos infalíveis para se chegar ao objetivo desejado pela igreja. No fundo do coração, cresce a florzinha da auto-suficiência que afirma ser o crescimento da igreja resultado muito mais do planejamento e esforço humano do que ação de Deus e poder do Espírito Santo. Considerações finais. A saúde da igreja depende fortemente das condições espirituais dos seus participantes e não apenas da quantidade de atividades religiosas e da criatividade dos programas. Modificações estruturais e organizacionais gerarão apenas mais atividade e movimento sem, contudo, produzir os efeitos permanentes e duradouros de um avivamento genuíno. Há princípios que governam a saúde espiritual. Dois pilares enfatizados por pessoas como Jonathan Edwards, John Wesley, George Whitefield, Dwight Moody e Martyn Lloyd Jones em tempos de avivamento genuíno são: conhecer Deus e conhecer a si mesmo. João Calvino afirmou no capítulo de abertura de suas Institutas que a soma quase toda de nossa compreensão consta de duas partes: do conhecimento de Deus e do conhecimento de nós mesmos. Ou seja, o grau de vitalidade e vigor desta espiritualidade cristã está diretamente proporcional ao nosso progresso nessas duas áreas. Todo genuíno despertamento começa com o conhecimento de Deus, a compreensão da sua presença, a manifestação do seu amor, a sensação que o cristão tem de estar cheio de toda a plenitude de Deus (Jr 7:5-6, 9:23,24; Mq 6:8, Am 5:15; Is 1:12-17; Pv 11:2-3; 15:33; 18:12 e Cl 1:10). A chave do cristianismo é desenvolvimento de um relacionamento pessoal com Deus. O centro da vitalidade espiritual não é uma simples experiência espiritual, mas a apreensão da realidade, caráter e intimidade com o Deus Pai, filho e Espírito e profunda compreensão de sua presença. Quão real Deus é para você? O primeiro efeito produzido na alma cristã é ter prazer num relacionamento pessoal com Deus. C. S. Lewis nos lembra que a saúde espiritual de um homem é exatamente proporcional ao seu amor por Deus.Todo genuíno despertamento espiritual leva ao conhecimento de si mesmo, a real visão de nossa alma carente e pecaminosa. William Carey, famoso missionário, tradutor e lingüista, pediu que a seguinte frase fosse escrita em sua sepultura: "Eu, verme miserável, pobre e incapaz, caio em teus braços carinhosos". Este é o verdadeiro espírito de avivamento: o reconhecimento da natureza pecaminosa, da tendência traiçoeira do coração, do pecado residente que envenena e condena o homem diante de Deus. Por detrás desta bondade complacente aparente do ser humano, mora o monstro que, tal qual na história do Dr. Jekyll e do Mr. Hyde, aflora e desonra o criador. Quem pode me livrar do corpo desta minha morte, disse Paulo? Durante os períodos de avivamento, invariavelmente uma das primeiras coisas que acontece é a visão do pecado como terrível e pavoroso aos olhos de Deus e a necessidade de mortificá-lo e enfraquecê-lo. Isso leva ao arrependimento, uma clara compreensão e dor causados pela situação real em que se encontra a alma. Além desses dois pilares, todo avivamento espiritual aponta para Jesus Cristo, sua morte e suficiência na cruz. Dizem que Francisco de Assis não conseguia comer uma refeição num aposento onde houvesse uma cruz pendurada sem que lágrimas não rolassem do seu rosto. O verdadeiro avivamento leva a uma assimilação profunda e sensibilidade diante do significado e dos resultados da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Muitos cristãos evangélicos continuam carregados com sentimentos de culpas, remorsos, decepções e inseguranças. Eles não compreendem plenamente a total suficiência da obra redentora de Jesus. O mistério, drama ou escândalo da cruz, ao transferir para Jesus, todo o preço e penalidade da redenção da humanidade, por um lado, é ser uma demonstração exata da severidade da ira, julgamento e justiça de Deus e, por outro, a declaração da profundidade do amor, misericórdia, compaixão e bondade de Deus na recuperação da sua criação decaída. Como dizia o avivalista escocês, Robert McChenney: para cada olhar para sua vida, eleve dez olhares para Cristo. A satisfação de seguir Jesus - tornar-se seu aprendiz e discípulo - deve ultrapassar toda e qualquer satisfação diária trazida pelos prazeres do cotidiano e do mundo. A vida de John Payton, semelhante a milhares de missionários cristãos, é um bom exemplo desse olhar para Cristo. Nascido em 1824 na Escócia, com 32 anos deixou seu ministério brilhante e tornou-se missionário em Wanuato, entre as ilhas canibais do pacífico sul, um mês após casar-se com Mary, entretanto, no final daquele primeiro ano, sua esposa morre de febre e três semanas depois o filhinho morre também. Sozinho, em lágrimas e desespero, ao som dos tambores indígenas das festas canibais pagãs, ele enterra sua família e sem poder dormir vigia a sepultura da esposa e filho para que seus corpos não fossem roubados e comidos pelos canibais. O que sustentou John durante todo luto foram as palavras de sua esposa, logo antes de morrer: ela nunca reclamou, nunca murmurou contra Deus. Suas palavras foram incríveis: "eu não ressinto ter deixado família e amigos. Se tivesse que fazer tudo de novo, faria novamente com mais prazer, sim, de todo o coração". Sobre aquele momento, ele escreveu depois: "Se não fosse por Jesus, eu teria enlouquecido e morrido aos pés da sepultura". Muitos anos depois John voltou à Escócia não mais ao som de tambores mas ao som dos sinos das várias igrejas plantadas no seu ministério. Somente um cristianismo com tal profundidade e intensidade permanecerá forte, penetrará no coração do povo brasileiro e transformará nossa nação.

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

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