sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

CRESCIMENTO DA IGREJA EVANGÉLICA E O GENUÍNO DESPERTAMENTO ESPIRITUAL 2/5 - POR RUBENS RAMIRO MUZIO

A PRESENÇA DE UM SUB-CRISTIANISMO CONFIRMADO PELA SUPERFICIALIDADE DAS CONVERSÕES - John Stott, no 1o Congresso de Lausanne, descreveu com ousadia a igreja africana da seguinte forma: como um grande rio, com milhares de quilômetros de extensão e centímetros de profundidade. Esta tem sido uma das preocupações mais enfatizadas pelos missiólogos na análise do crescimento da igreja no hemisfério sul: apesar de que milhões tornaram-se cristãos e demonstraram um entusiasmo superficial e alegria contagiante, os corações não foram profundamente afetados com o evangelho. No caso da África, é evidente a dificuldade da igreja ao lidar com as guerras tribais, a poligamia e a grande epidemia da AIDS. Já surge uma nova geração de africanos que desprezam o cristianismo. Falando na International Consultation on Discipleship, para 400 líderes de 90 organizações de 54 países, em 1999, Stott reafirmou que a igreja está crescendo com força, mas em muitos lugares o problema é que o crescimento não tem profundidade (Oosterhoff, 1999, p. 1). O Brasil, com seus 40 milhões de evangélicos e 200 mil templos, deve constantemente avaliar se o crescimento acelerado está sendo acompanhado com profundidade teológica, substância espiritual, maturidade no discipulado e transformação comunitária. Sem dúvida, a igreja evangélica brasileira fez um ótimo trabalho como obstetra, de evangelização, de parteira espiritual, gerando milhões de novos-crentes, introduzido-os ao leite materno da fé cristã. Entretanto, ela demonstra grandes dificuldades no conhecimento de Deus, no aprofundamento das dinâmicas da fé, na mortificação do pecado e no processo de transformação pessoal e comunitário. O evangélico brasileiro ainda crê e pratica um cristianismo infantil, bastante rudimentar, sem consciência da abrangência do pecado na sua vida e nas cidades. Nos períodos de crescimento, a igreja porta-se como uma criança, cheia de vigor e energia, imaturidade e insegurança. Pais de crianças e adolescentes sabem muito bem a quantidade de gás e vitalidade (e comida!) que seus filhos liberam na prática de esportes, atividades diárias, escola, acampamentos, brincadeiras, etc. Entretanto, eles ainda são frágeis e imaturos, machucam-se e choram com freqüência, aprontam e apanham, são indefesos e dependentes. Muitos cristãos brasileiros foram superficialmente evangelizados e praticam o sub-cristianismo do aceitar-Jesus e das 12 lições de discipulado, desde que lhes garanta a entrada no trem celestial. Com os cultos de entretenimento e suprimento de necessidades, o crente continua a viver um estilo de vida pouco tocado pelos valores do evangelho, cuja semente não penetra nos terrenos mais profundos do coração humano e da sociedade brasileira.Qual a influência da igreja evangélica na sociedade brasileira? Assista a TV e perceba que, apesar dos muitos programas evangélicos, o sensacionalismo popular dos shows de televisão e a mentalidade competitiva e derrotista do Big Brother Brasil revelam uma cultura cada vez mais brutal, sensual, animalesca e enamorada de seqüestros e da violência. Corrupção e oportunismo impregnam as estruturas de poder, inclusive a política evangélica. Não estaria longe dos princípios do reino de Deus a igreja defensora da cobiça, incentivadora dos valores materiais, protetora do forte, do famoso, do rico e do belo, e desvalorizadora do fraco, da viúva, do velho e do pobre?Imaginem uma panela de água fria, na qual nada uma rã. Acende-se o fogo debaixo da panela. A água aquece suavemente e em breve fica morna. A rã acha aquilo agradável e continua a nadar tranqüilamente. A temperatura começa a subir, a água fica quente, a rã gosta, mas não se transtorna com o fato, sobretudo porque o calor tende a cansá-la e a entorpecê-la. Agora a água está mesmo quente! A rã começa a achar desagradável, mas está tão debilitada, esforça-se por se adaptar, mas não consegue fazer nada. A temperatura da água continua a subir progressivamente, até o momento em que a rã acaba simplesmente por ficar cozida e morrer, sem nunca conseguir saltar para fora da panela. Se ela fosse mergulhada repentinamente numa panela a 50º, a mesma rã daria logo um pulo para fora da panela.A igreja na sociedade tende a agir como a rã, absorvendo os valores ao seu redor, ficando tão saturada com a cultura de mercado, que não percebe a temperatura das águas. Sem a constante prática de um cristianismo genuíno que busca fortemente o Senhor, reconhece o pecado a anda com Cristo diariamente, a pessoa nada tranqüila nas águas do consumismo, sensualismo, secularismo e individualismo e não percebe mais a proximidade da morte. O secularismo e nominalismo têm avançado nas últimas décadas. Isso é evidenciado pelo número de homens e mulheres que estão se identificando como pessoas sem religião ou sem filiação religiosa. Um dos estados mais evangelizados do Brasil, o Rio de Janeiro com 30% de evangélicos, tem 12% nesta categoria. Essa tendência acompanha outros estados do Brasil: onde mais cresce a igreja evangélica, mais cresce também os sem-religião. Quase 10% da população brasileira já se encontra nessa categoria! A maior igreja luterana da América Latina situa-se em Timbó, Santa Catarina. Timbó é uma belíssima cidade, situada no Vale do Itajaí, com um dos melhores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil. Segundo um pastor local, Disney Macedo, essa igreja, com mais de 15 mil membros, congrega apenas 40-50 pessoas nos seus cultos dominicais. Há muitos ex-evangélicos vagando pelas nossas cidades! Por muitos anos, eles criticaram os católicos brasileiros pelo evidente nominalismo: igreja como: local de batismo, casamento, funeral e ocasiões especiais. Parece que muitos tendem a copiar esse perfil nominal de crente descomprometido, adepto de um cristianismo light e culturalmente desenraizado.

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...