quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
RESOLUÇÕES PARA 2009 - POR ED RENE KIVITZ
Útil não é quem faz o que os outros acham importante que seja feito, mas quem sempre cumpre a sua vocação. #1 Não assuma compromissos do tipo “vou iniciar uma dieta”, “vou começar alguma atividade física”, “vou terminar o curso de inglês”. Esse tipo de coisa serve apenas para acumular culpa e frustração sobre os seus ombros. Simplesmente comece a fazer o que deve ser feito. #2 Não acredite nesse pessoal que diz que “sem meta você não vai a lugar nenhum”. Pergunte a eles por quê, afinal de contas, você tem que ir a algum lugar. Trate esses “lugares futuros imaginários” apenas como referência para a maneira como você vive hoje – faça valer a caminhada. Se você chegar lá, chegou; se não chegar, não terá do que se arrepender. A felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai. #3 Não pense que você vai conseguir dar uma guinada na vida apenas mudando o seu visual. É a alegria do coração que dá beleza ao rosto, e não a beleza do rosto que dá alegria ao coração. #4 Não faça nada que vá levar você para longe das suas amizades verdadeiras. Amizades levam um tempão para se consolidar e um tempinho para esfriar, pois assim como a proximidade gera intimidade, a distância fragiliza os vínculos. #5 Não fique arrumando desculpas nem explicações para as suas transgressões. Quando cometer um pecado, assuma, e simplesmente diga “fiz sim, me perdoe”. Comece falando com Deus e não pare de falar até que tenha encontrado a última pessoa afetada pelo que você fez. #6 Não faça nada que cause danos à sua consciência. Ouça todo mundo em que você confia, tome as suas decisões e assuma as responsabilidades. Não se importe em contrariar pessoas que você ama, pois as que também amam você detestariam que você fosse falso com elas ou se anulasse por causa delas. #7 Não guarde dinheiro sem saber exatamente para que o está guardando. Dinheiro parado apodrece e faz a gente dormir mal. Transforme suas riquezas em benefícios para o maior número de pessoas. É melhor perder o dinheiro que ocupa seu coração, do que o coração que se ocupa do dinheiro. #8 Não deixe de se olhar no espelho antes de dormir. Caso não goste do que vê, não hesite em perder a noite de sono para planejar o que vai fazer na manhã seguinte. Ao se olhar no espelho ao amanhecer, lembre que com o sol chega também a misericórdia de Deus: a oportunidade de começar tudo de novo. #9 Não carregue mágoas, ressentimentos e amarguras. Leve pessoas. Sendo necessário, perdoe ou peça perdão. Geralmente as duas coisas serão necessárias, pois ninguém está sempre e totalmente certo. Respeite as pessoas que não quiserem fazer a mesma viagem com você. #10 Não deixe de se perguntar se existe um jeito diferente de viver. Não acredite facilmente que o jeito diferente de viver é necessariamente melhor do que o jeito como você está vivendo. Concentre mais energia em aprender a desfrutar o que tem do que em desejar o que não tem. #11 Não deixe o trabalho e a religião atrapalharem sua vida. Cante sozinho. Leia poesias em voz alta. Participe de rodas de piada. Não tenha pressa de deixar a mesa após as refeições. Pegue crianças no colo. Ande sem relógio. Fuja dos beatos. #12 Não enterre seus talentos, nem que seu único tempo para usá-los seja da meia noite às seis. Ninguém deve passar a vida fazendo o que não gosta, se o preço é deixar de fazer o que sabe. Útil não é quem faz o que os outros acham importante que seja feito, mas quem cumpre sua vocação. #13 Não crie caso com a mulher ou com o marido. Nem com o pai nem com a mãe. Nem com o irmão nem com a irmã. Caso eles criem com você, faça amor, não faça guerra. O resto se resolve. #14 Não jogue fora a utopia. Ninguém consegue viver sem acreditar que outro mundo é possível. Faça o possível e o impossível para que esse outro mundo possível se torne realidade. #15 Não deixe a monotonia tomar conta do seu pedaço. Ninguém consegue viver sem adrenalina. Preste bastante atenção naquilo que faz você levantar da cama na segunda-feira: se for bom apenas para você, jogue fora ou livre-se disso agora mesmo. Caso não queira levantar da cama na segunda-feira, grite por socorro. #16 Não deixe de dar bom dia para Deus. Nem boa noite. Mesmo quando o dia não tiver sido bom. Com o tempo você vai descobrir que quem anda com Deus não tem dias ruins, apenas dias difíceis. #17 Não negligencie o quarto secreto onde você se encontra com seu eu verdadeiro e com Deus, ou vice-versa. Aquele quarto é o centro do mundo – o mundo todo cabe lá dentro, pois na presença de Deus tudo está e tudo é. #18 Não perca Jesus de vista. Não tente fazer trilhas novas, siga nos passos do Mestre. O caminho nem sempre será tão confortável e a vista tão agradável, mas os companheiros de viagem são inigualáveis. #19 Não caia na minha conversa. Aliás, não caia na conversa de ninguém. Faça sua própria lista. Escolha bem seus mestres e suas referências. Examine tudo. Ouça seu coração – geralmente é ali que Deus fala. Misture tudo e leve ao forno. #20 Não fique esperando que sua lista saia do papel. Coloque o pé na estrada. Caso não saiba por onde começar, não tem problema. O sábio disse ao caminhante: “Não há caminho; faz-se o caminho ao andar”.
DEUS É FIEL- POR PAVARINI
Início de dezembro de 2007. Após uma campanha repleta de vexames, o Corinthians foi rebaixado para a série B. Torcedores de outros times, humoristas e chargistas fizeram a festa, tripudiando, rindo e faturando com a derrocada corintiana.Se a igreja evangélica fosse um time não sei qual série estaríamos disputando no campeonato. Um rápido retrospecto mostra que a seqüência de resultados ruins parece não ter fim. Da mesma forma que o rebanho cresceu, aumentaram numa escala ainda maior o número de episódios tristes envolvendo o povo de Deus. Levamos goleada na política, apanhamos no meio artístico e tomamos “chocolate” nos púlpitos, para gáudio dos torcedores intolerantes de outros times.Basta espiar a prateleira das livrarias para encontrar impressos diversos indicadores da crise que vivenciamos. Muitos títulos falam da dificuldade de se manter a fé e outros apresentam as experiências de quem optou por interromper definitivamente o relacionamento com Deus. Em revistas, jornais e sites, articulistas desfi(l)am um misto de indignação e decepção. Justíssimas, aliás.A reação dos torcedores do Corinthians diante da crise foi um tanto inusitada. Não conheço ninguém que tenha trocado de time por causa do rebaixamento. Ao contrário, a torcida passou a comparecer às partidas com mais freqüência, gerando neste ano uma receita 45% maior que em 2007. Mesmo com o time na série B, os patrocínios aumentaram 16%. Enquanto nas igrejas alguns fiéis encolhem suas contribuições e diminuem a freqüência como forma pueril de protesto, a média de público nos jogos do Timão aumentou 20% em 2008.Autor de um livro sobre o time alvinegro, o apresentador Serginho Groisman explica o que aconteceu: “Em tempos ruins, a equipe inspira pelo envolvimento da torcida”. Embalado pelo carinho e comprometimento da torcida, dos jogadores e dos dirigentes, o Corinthians voltou à série A em meio a lágrimas e momentos de emoção cuja intensidade suplantou largamente o que tem sido observado em muitos cultos. A alegria contagiou até mesmo torcedores de outras agremiações esportivas.As livrarias cristãs fazem parte tanto das agruras como das conquistas do escrete do Senhor. Em momentos de crise, literalmente graças a Deus existem medicamentos disponíveis para erradicar diversos tipos de males que têm acometido o Corpo. Profilaxia santa por meio da inspiração que o Pai tem concedido ao redor do mundo.Em contrapartida, também há nas gôndolas outros dois tipos de remédios bem comuns: os placebos – cuja ingestão não provoca nenhum tipo de benefício – e os venenos, compostos que trazem heresias disfarçadas de medicação. Infelizmente, ambos os tipos vendem bastante e acabam por complicar ainda mais a já debilitada saúde do rebanho.No âmbito da saúde, apenas os médicos podem prescrever medicamentos e as farmácias devem ter na equipe um profissional capacitado na área. Nas livrarias cristãs não é necessário o mesmo grau de aprimoramento. Contudo, é mister que todos os funcionários sempre sejam lembrados de que trabalham na esfera da eternidade. No mínimo, devem ter intimidade com a “composição química” de cada obra para indicá-las corretamente.A despeito da sucessão de confusões no meio evangélico, é certo que o Médico-mor é o grande interessado na saúde integral do rebanho. E isso por certo nada tem a ver com matizes teológicos e formas de expressão nos cultos. Somos diferentes, porém temos o mesmo adversário. Como apregoa um provérbio africano, “a união do rebanho obriga o leão a dormir com fome”.Independentemente de seu “time” doutrinário, é tempo de alçar a voz e fazer do grito da torcida alvinegra o seu mote, ainda que em meio às crises da igreja: “eu nunca vou te abandonar”.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
CRESCIMENTO DA IGREJA EVANGÉLICA E O GENUÍNO DESPERTAMENTO ESPIRITUAL 5/5- POR RUBENS RAMIRO MUZIO
A BUSCA DE CHAVES MÁGICAS E MODELOS MILAGROSOSAs igrejas oferecem vários programas, encontros, retiros, oficinas, conferências, mas parece que pouco muda profundamente, a longo prazo. Acumulam-se os cursos de cura interior, fóruns sobre espiritualidade, congressos sobre batalha espiritual, conferências missionárias e concertos de oração. A mentalidade do marketing predomina, a ilusão de que o mero uso de técnicas e programas irá resultar em sucesso e crescimento. Não faltam às igrejas brasileiras oportunidades para a clonagem de programas. Ao alcance de um simples telefonema ou link da internet estão centenas de modelos importados que descrevam como fazer bem como diversas ferramentas ministeriais, verdadeiros pacotes e kits para reprodução. Muitos importam modelos eclesiásticos de igrejas americanas e outras mega-igrejas do hemisfério norte bem como utilizam verdadeiras cópias latinas, tais como o G12, de Bogotá ou Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte.O homem moderno acredita que pode manipular o ambiente ao seu redor e chegar aos resultados desejados se tão-somente utilizar técnicas e ferramentas ministeriais de forma correta. Ele pensa que, se utilizar os instrumentos certos, misturados a uma boa dose de esforço e dedicação, a receita irá funcionar. Se tão somente utilizar o método correto, tudo vai acontecer direitinho conforme a sua visão. Aliás, as técnicas certas, quando aplicadas com eficácia e eficiência, farão com que a igreja cresça. Ouçamos as palavras de Eugene Petterson: Os pastores da América metamorfosearam-se num grupo de lojistas e as lojas de comércio que possuem são suas igrejas. Eles estão preocupados com as preocupações dos lojistas: como manter seus clientes felizes, como atrair mais clientes para longe dos competidores do outro lado da rua e como empacotar seus produtos de forma que os consumidores paguem mais dinheiro. Alguns deles são muito bons lojistas. Eles atraem uma multidão de consumidores, angariam grandes somas de dinheiro, adquirem esplendida reputação. Mesmo assim isso é apenas comércio. É verdade que sejam bons donos de lojas, mas não deixam de ser apenas lojistas. As estratégias do marketing, da "franchising", do "fast-food" ocupam as mentes despertas destes empreendedores. Sonham acordados com aquele tipo de sucesso que atrairá a atenção dos jornalistas (2003, p. 2).Igrejas se tornam firmas, meras lojas que fabricam e vendem produtos religiosos, em busca de clientes e aumento de sua fatia no competitivo mercado religioso. Mesmo sem toda a sofisticação das grandes empresas, elas têm aprendido a utilizar as estratégias de marketing de maneira eficaz, procurando conhecer as demandas do público, oferecendo-lhe produtos diferenciados das outras igrejas e específicos às necessidades físicas, emocionais, profissionais e espirituais dos membros, para que possam satisfazer os seus desejos. A Igreja neste contexto deixa de ser o povo de Deus e assume dimensões materialistas e consumistas. Essas igrejas tendem a serem dominadas por uma prática de vida auto-centrada, egoístas, mais preocupadas com a edificação de seus impérios pessoais do que com a expansão do Reino de Deus. Diante de tantos produtos religiosos e opções eclesiásticas, lamentavelmente o crente-cliente e o visitante desigrejado se vêem com total liberdade para utilizar critérios consumistas na escolha da melhor igreja. Os critérios são semelhantes àqueles utilizados na escolha de um restaurante ou pizzaria: prazer, sabor, gosto, qualidade do produto e atendimento, promoções, boa propaganda, etc. O envolvimento nas igrejas em geral é estritamente opcional e exercitado pelo indivíduo, com sua própria decisão pessoal. Já vimos que, como resultado, membros e não-membros são vistos como consumidores religiosos atrás de produtos, buscando os serviços religiosos que melhor se encaixem às suas necessidades pessoais. A impressão é que o reino de Deus poderia ser alcançado através de genialidade humana e capacidade profissional. A percepção que muitos crentes têm é que sempre existirá uma técnica certa para cumprir a missão da igreja local em seu contexto; existirão sempre estratégias e métodos infalíveis para se chegar ao objetivo desejado pela igreja. No fundo do coração, cresce a florzinha da auto-suficiência que afirma ser o crescimento da igreja resultado muito mais do planejamento e esforço humano do que ação de Deus e poder do Espírito Santo. Considerações finais. A saúde da igreja depende fortemente das condições espirituais dos seus participantes e não apenas da quantidade de atividades religiosas e da criatividade dos programas. Modificações estruturais e organizacionais gerarão apenas mais atividade e movimento sem, contudo, produzir os efeitos permanentes e duradouros de um avivamento genuíno. Há princípios que governam a saúde espiritual. Dois pilares enfatizados por pessoas como Jonathan Edwards, John Wesley, George Whitefield, Dwight Moody e Martyn Lloyd Jones em tempos de avivamento genuíno são: conhecer Deus e conhecer a si mesmo. João Calvino afirmou no capítulo de abertura de suas Institutas que a soma quase toda de nossa compreensão consta de duas partes: do conhecimento de Deus e do conhecimento de nós mesmos. Ou seja, o grau de vitalidade e vigor desta espiritualidade cristã está diretamente proporcional ao nosso progresso nessas duas áreas. Todo genuíno despertamento começa com o conhecimento de Deus, a compreensão da sua presença, a manifestação do seu amor, a sensação que o cristão tem de estar cheio de toda a plenitude de Deus (Jr 7:5-6, 9:23,24; Mq 6:8, Am 5:15; Is 1:12-17; Pv 11:2-3; 15:33; 18:12 e Cl 1:10). A chave do cristianismo é desenvolvimento de um relacionamento pessoal com Deus. O centro da vitalidade espiritual não é uma simples experiência espiritual, mas a apreensão da realidade, caráter e intimidade com o Deus Pai, filho e Espírito e profunda compreensão de sua presença. Quão real Deus é para você? O primeiro efeito produzido na alma cristã é ter prazer num relacionamento pessoal com Deus. C. S. Lewis nos lembra que a saúde espiritual de um homem é exatamente proporcional ao seu amor por Deus.Todo genuíno despertamento espiritual leva ao conhecimento de si mesmo, a real visão de nossa alma carente e pecaminosa. William Carey, famoso missionário, tradutor e lingüista, pediu que a seguinte frase fosse escrita em sua sepultura: "Eu, verme miserável, pobre e incapaz, caio em teus braços carinhosos". Este é o verdadeiro espírito de avivamento: o reconhecimento da natureza pecaminosa, da tendência traiçoeira do coração, do pecado residente que envenena e condena o homem diante de Deus. Por detrás desta bondade complacente aparente do ser humano, mora o monstro que, tal qual na história do Dr. Jekyll e do Mr. Hyde, aflora e desonra o criador. Quem pode me livrar do corpo desta minha morte, disse Paulo? Durante os períodos de avivamento, invariavelmente uma das primeiras coisas que acontece é a visão do pecado como terrível e pavoroso aos olhos de Deus e a necessidade de mortificá-lo e enfraquecê-lo. Isso leva ao arrependimento, uma clara compreensão e dor causados pela situação real em que se encontra a alma. Além desses dois pilares, todo avivamento espiritual aponta para Jesus Cristo, sua morte e suficiência na cruz. Dizem que Francisco de Assis não conseguia comer uma refeição num aposento onde houvesse uma cruz pendurada sem que lágrimas não rolassem do seu rosto. O verdadeiro avivamento leva a uma assimilação profunda e sensibilidade diante do significado e dos resultados da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Muitos cristãos evangélicos continuam carregados com sentimentos de culpas, remorsos, decepções e inseguranças. Eles não compreendem plenamente a total suficiência da obra redentora de Jesus. O mistério, drama ou escândalo da cruz, ao transferir para Jesus, todo o preço e penalidade da redenção da humanidade, por um lado, é ser uma demonstração exata da severidade da ira, julgamento e justiça de Deus e, por outro, a declaração da profundidade do amor, misericórdia, compaixão e bondade de Deus na recuperação da sua criação decaída. Como dizia o avivalista escocês, Robert McChenney: para cada olhar para sua vida, eleve dez olhares para Cristo. A satisfação de seguir Jesus - tornar-se seu aprendiz e discípulo - deve ultrapassar toda e qualquer satisfação diária trazida pelos prazeres do cotidiano e do mundo. A vida de John Payton, semelhante a milhares de missionários cristãos, é um bom exemplo desse olhar para Cristo. Nascido em 1824 na Escócia, com 32 anos deixou seu ministério brilhante e tornou-se missionário em Wanuato, entre as ilhas canibais do pacífico sul, um mês após casar-se com Mary, entretanto, no final daquele primeiro ano, sua esposa morre de febre e três semanas depois o filhinho morre também. Sozinho, em lágrimas e desespero, ao som dos tambores indígenas das festas canibais pagãs, ele enterra sua família e sem poder dormir vigia a sepultura da esposa e filho para que seus corpos não fossem roubados e comidos pelos canibais. O que sustentou John durante todo luto foram as palavras de sua esposa, logo antes de morrer: ela nunca reclamou, nunca murmurou contra Deus. Suas palavras foram incríveis: "eu não ressinto ter deixado família e amigos. Se tivesse que fazer tudo de novo, faria novamente com mais prazer, sim, de todo o coração". Sobre aquele momento, ele escreveu depois: "Se não fosse por Jesus, eu teria enlouquecido e morrido aos pés da sepultura". Muitos anos depois John voltou à Escócia não mais ao som de tambores mas ao som dos sinos das várias igrejas plantadas no seu ministério. Somente um cristianismo com tal profundidade e intensidade permanecerá forte, penetrará no coração do povo brasileiro e transformará nossa nação.
CRESCIMENTO DA IGREJA E O GENUÍNO DESPERTAMENTO 4/5- POR RUBENS RAMIRO MUZIO
A ESTERILIDADE DE MUITOS EVENGÉLICOS . Em países do hemisfério norte, igrejas são transformadas em boates, museus, clubes e até mesmo renovadas em mesquitas. A igreja Missionary Alliance em Toronto, onde A.W. Tozer fora pastor tornou-se um templo da Hari Krishna. Eu próprio, quando pastoreava numa sociedade pós-cristã e pós-moderna no Canadá, presenciei de perto a decadência e morte de algumas igrejas, como pacientes em estado terminal, incapazes de recobrarem-se e de recuperarem-se. Finalmente, elas se fecharam. Isso pode muito bem acontecer no Brasil daqui alguns anos. Nem sempre a história de países como Escócia, Inglaterra, Alemanha, Irlanda e Canadá foi de fracassos e derrotas. Por exemplo, mais de 90% da população canadense se dizia comprometida com o Reino de Deus, participante de igreja, há 100 anos.
Atualmente, menos de 3% dos habitantes de Toronto freqüentam ativamente uma igreja evangélica e a maioria absoluta das denominações e igrejas locais continuam declinando. A história é semelhante em vários países da Europa. Não é a toa que muitos estudiosos afirmam que o eixo do cristianismo mudou-se para o hemisfério sul. A maioria dos cristãos evangélicos encontram-se na Ásia, África e América Latina.Enquanto a igreja brasileira exibe certas qualidades do avivamento como a criatividade, entusiasmo evangelístico, visível alegria, vigor espiritual, muitos cristãos não produzem frutos em palavras e atos. Sempre me impressionou a severidade com que Jesus tratou a figueira estéril. Ele amaldiçoou-a dizendo: "Nunca mais produza fruto em ti". Em João 14, o evangelista descreve a cena na qual Deus olha para a vida dos crentes com os olhos do fazendeiro que verifica a plantação em busca de frutos. As árvores frutíferas são melhoradas e aperfeiçoadas para que frutifiquem mais ainda. As árvores infrutuosas são cortadas e queimadas. Ary Velloso, meu amigo e companheiro na Sepal, costuma suspeitar quando algum não-crente lhe afirma ter um amigo ou colega evangélico. Para não incorrer no erro de assumir que a pessoa tem dado testemunho de Cristo, ele então pergunta: "seu amigo é crente mesmo ou picareta"? Este mesmo questionamento, evidenciado tantas vezes nos meios de comunicação, é resultado de igrejas que vivem um cristianismo aparentemente estéril, crentes que não produzem frutos dignos de arrependimento. Paulo chama de fruto do Espírito as virtudes do caráter descritas em Gálatas 5.22 e 23. No Salmo 1, da mesma forma que em João 14, o ser humano é comparado a uma árvore: com muitos galhos, provindos da mesma raiz. Se a seiva da raiz distribuída por entre os galhos é boa (amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, domínio próprio, fé, etc.), então o fruto será de boa qualidade. Mas se a seiva da árvore é ruim (prostituição, impurezas, lascívia, iras, discórdias, ódio, ansiedade, medos, ressentimentos, etc.), seus frutos serão mortais. Embora o fruto pareça ser igual em toda árvore e as árvores pareçam ser todas iguais - semelhantes em forma, cor, tamanho e cheiro - a diferença é percebida quando o fruto é experimentado. Isso acontece freqüentemente entre cristãos genuínos e meros religiosos. São parecidos, mas muito diferentes na essência.Esta esterilidade e falta de seiva espiritual pode estar ausente tanto das igrejas históricas como pentecostais, neo-pentecostais ou carismáticas, liberais ou conservadoras. Os pacotes e rótulos, cores e tamanhos, ministérios e programas variam de denominação para denominação. Mas a essência é a mesma: muitas folhas e poucos frutos, muitas nuvens e quase nenhuma chuva, muito evangeliquês e nenhuma santidade, muito falar e pouco fazer. Apesar do crescimento de folhas e desabrochar de flores, a esterilidade e infrutuosidade permanecem.Em o Novo Testamento fica claro que os cristãos seriam conhecidos pelos frutos das boas obras, pela vivência de um evangelho integral, pela diaconia e ação social, pelas obras de solidariedade, etc. A árvore é conhecida pelo fruto que produz (2 Pd 2.17; Lc 6:44). Jesus nunca afirmou que homens e mulheres seriam conhecidos pelas suas folhas e flores: conhecimento teórico das histórias e doutrinas bíblicas, experiências e visões espirituais, retórica e excesso de palavras, elogios, abraços, extroversão e sorrisos, ou lágrimas, entusiasmo e emoções fortes. "Pelos frutos os conhecereis", disse Jesus em Mateus 7.20-23. Nem todos aqueles que invocarem a Deus dizendo: "Senhor, Senhor", serão salvos. Nem todos aqueles que participaram das igrejas, expulsaram demônios, pregaram o evangelho, ensinaram a Bíblia, fizeram milagres, serão salvos. "Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade".Jesus sabe muito bem distinguir as árvores frutíferas daquelas que estão apenas repletas de folhas e improdutivas, mesmo que exuberantes e verdejantes. Várias vezes, as Escrituras criticam aqueles religiosos que fazem um show off de sua religiosidade. Eles são como uma nuvem que parece estar encharcada de água, mas logo se dissipa com o vento forte sem produzir a chuva necessária para a terra árida (Pv 25. 24 e Jd 4 e 12).
Atualmente, menos de 3% dos habitantes de Toronto freqüentam ativamente uma igreja evangélica e a maioria absoluta das denominações e igrejas locais continuam declinando. A história é semelhante em vários países da Europa. Não é a toa que muitos estudiosos afirmam que o eixo do cristianismo mudou-se para o hemisfério sul. A maioria dos cristãos evangélicos encontram-se na Ásia, África e América Latina.Enquanto a igreja brasileira exibe certas qualidades do avivamento como a criatividade, entusiasmo evangelístico, visível alegria, vigor espiritual, muitos cristãos não produzem frutos em palavras e atos. Sempre me impressionou a severidade com que Jesus tratou a figueira estéril. Ele amaldiçoou-a dizendo: "Nunca mais produza fruto em ti". Em João 14, o evangelista descreve a cena na qual Deus olha para a vida dos crentes com os olhos do fazendeiro que verifica a plantação em busca de frutos. As árvores frutíferas são melhoradas e aperfeiçoadas para que frutifiquem mais ainda. As árvores infrutuosas são cortadas e queimadas. Ary Velloso, meu amigo e companheiro na Sepal, costuma suspeitar quando algum não-crente lhe afirma ter um amigo ou colega evangélico. Para não incorrer no erro de assumir que a pessoa tem dado testemunho de Cristo, ele então pergunta: "seu amigo é crente mesmo ou picareta"? Este mesmo questionamento, evidenciado tantas vezes nos meios de comunicação, é resultado de igrejas que vivem um cristianismo aparentemente estéril, crentes que não produzem frutos dignos de arrependimento. Paulo chama de fruto do Espírito as virtudes do caráter descritas em Gálatas 5.22 e 23. No Salmo 1, da mesma forma que em João 14, o ser humano é comparado a uma árvore: com muitos galhos, provindos da mesma raiz. Se a seiva da raiz distribuída por entre os galhos é boa (amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, domínio próprio, fé, etc.), então o fruto será de boa qualidade. Mas se a seiva da árvore é ruim (prostituição, impurezas, lascívia, iras, discórdias, ódio, ansiedade, medos, ressentimentos, etc.), seus frutos serão mortais. Embora o fruto pareça ser igual em toda árvore e as árvores pareçam ser todas iguais - semelhantes em forma, cor, tamanho e cheiro - a diferença é percebida quando o fruto é experimentado. Isso acontece freqüentemente entre cristãos genuínos e meros religiosos. São parecidos, mas muito diferentes na essência.Esta esterilidade e falta de seiva espiritual pode estar ausente tanto das igrejas históricas como pentecostais, neo-pentecostais ou carismáticas, liberais ou conservadoras. Os pacotes e rótulos, cores e tamanhos, ministérios e programas variam de denominação para denominação. Mas a essência é a mesma: muitas folhas e poucos frutos, muitas nuvens e quase nenhuma chuva, muito evangeliquês e nenhuma santidade, muito falar e pouco fazer. Apesar do crescimento de folhas e desabrochar de flores, a esterilidade e infrutuosidade permanecem.Em o Novo Testamento fica claro que os cristãos seriam conhecidos pelos frutos das boas obras, pela vivência de um evangelho integral, pela diaconia e ação social, pelas obras de solidariedade, etc. A árvore é conhecida pelo fruto que produz (2 Pd 2.17; Lc 6:44). Jesus nunca afirmou que homens e mulheres seriam conhecidos pelas suas folhas e flores: conhecimento teórico das histórias e doutrinas bíblicas, experiências e visões espirituais, retórica e excesso de palavras, elogios, abraços, extroversão e sorrisos, ou lágrimas, entusiasmo e emoções fortes. "Pelos frutos os conhecereis", disse Jesus em Mateus 7.20-23. Nem todos aqueles que invocarem a Deus dizendo: "Senhor, Senhor", serão salvos. Nem todos aqueles que participaram das igrejas, expulsaram demônios, pregaram o evangelho, ensinaram a Bíblia, fizeram milagres, serão salvos. "Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade".Jesus sabe muito bem distinguir as árvores frutíferas daquelas que estão apenas repletas de folhas e improdutivas, mesmo que exuberantes e verdejantes. Várias vezes, as Escrituras criticam aqueles religiosos que fazem um show off de sua religiosidade. Eles são como uma nuvem que parece estar encharcada de água, mas logo se dissipa com o vento forte sem produzir a chuva necessária para a terra árida (Pv 25. 24 e Jd 4 e 12).
CRESCIMENTO DA IGREJA EO GENUÍNO DESPERTAMENTO 3/5 - RUBENS RAMIRO MUZIO
O ENFOQUE NO EMOCIONALISMO E NA EXPERIÊNCIA MÍSTICA .Tendo morado em Toronto por alguns anos, tive a oportunidade de visitar a Airport Church, uma igreja da denominação Vineyard, tão aclamada pela divulgação das conferências, unções diversas e experiências chamadas Toronto’s blessing. Muitos brasileiros foram visitá-la em busca de uma bênção especial. Será que o entusiasmo brasileiro é sinal do verdadeiro cristianismo? Será que a fé evangélica deve estar fundamentada em fenômenos, sinais e milagres? A igreja deveria centralizar suas expressões de fé nas experiências espirituais, fortes emoções, entusiasmo e sensações de calor e arrepio pelo corpo? Tudo que reluz é ouro? Fenômenos e experiências espirituais são comuns e muito variados nos períodos de avivamento e despertamento espiritual. Eles podem ser fenômenos físicos - cair prostrado, desmaiar sob a convicção do pecado, pessoas que parecem estar em transe ou inconsciente; ou fenômenos emocionais e mentais – grande alegria ou tristeza, palavras de conhecimento e profecias, capacidade de oratória, etc. Martyn Lloyd Jones (1993, 138-149), no seu livro Avivamento, destaca quatro princípios acerca dos fenômenos: 1) Deus usa os fenômenos para chamar a atenção para si mesmo e para sua obra, levando pessoas à conversão; 2) O Espírito Santo afeta e influencia a pessoa integral, podendo produzir ou não grandes emoções. Eles (os fenômenos) são um sinal que um estímulo muito poderoso está em operação. O emocionalismo, diferente das emoções espirituais, é produzido, forçado ou manipulado; 3) Eles não são essenciais ou vitais ao avivamento. Embora geralmente estejam presentes em períodos de avivamento, podemos ter um avivamento sem eles; 4) Não devemos buscar fenômenos e experiências estranhas. J. H. Moore, o homem que iniciou o avivamento na Irlanda do Norte no século XIX não gostava deles. Jonathan Edwards defendeu-os na sua maioria como vindos da parte de Deus. John Wesley e George Whitefield não gostavam muito deles e ficavam incertos sobre sua origem. O que devemos buscar é a manifestação da glória de Deus, do seu poder, da sua força. Sentimentos, freqüentemente fortes e incontroláveis, acontecem quando um homem ou uma mulher se torna um cristão verdadeiro: grande derramamento da graça e compreensão do maravilhoso amor de Deus, sentimento de ódio e pranto diante do pecado e imperfeições, o recebimento do perdão de Deus que leva à alegria e paz indizíveis, etc. Não queremos negar a importância das emoções e sentimentos, descartando-os como imaturidade, chamando-as de emocionalismo barato. Entusiasmo não é sinônimo de santidade da mesma forma que emoções fortes não garantem a presença de um cristianismo autêntico. Muitos crentes esperam pelas experiências secretas, buscando a influência das visões em seus pensamentos e idéias; eles são atraídos àquilo que Deus deseja fazer emocionalmente em suas vidas. Como a alegria que está na emoção por si só é passageira, eles precisam constantemente impulsionar o high com novas experiências (drogas?), descobertas e técnicas espirituais para voltar a sentirem-se felizes.O cristianismo não somente afeta as emoções, mas a mente das pessoas. Jonathan Edwards, pastor e filósofo, incentivador do Primeiro Despertamento Espiritual nos estados do nordeste americano, falava sobre o princípio do calor e luz. Muitos cristãos estão cheios de luz - idéias, conhecimento intelectual, doutrinas, conceitos teológicos, mas têm pouco calor. Se a fé não move as disposições para os desejos da vida e não afeta emoções é prova de que o cristianismo não é verdadeiro. A ênfase emocional produz o efeito oposto: muito calor – entusiasmo, sentimentos - e pouca luz. O fato de alguém estar emocionado com as questões da igreja não prova que ele viva um cristianismo verdadeiro. Esta ênfase no aspecto emocional da fé produz mais calor do que luz. Calor e luz precisam caminhar como parceiros no coração do cristão.As fortes emoções facilmente produzem palavras bonitas, um evangeliquês dito com facilidade. Os evangélicos aprenderam mais rapidamente a falar como crentes, do que a viver como santos. Em todo o país, igrejas demonstram um exagerado entusiasmo e vibrante emocionalismo, uma espiritualidade que demonstra extraordinário calor, inspiração e extravagantes demonstrações de paixão. Richard Lovelace (1979, p. 42) questiona a respeito dos sentimentos que consideramos espirituais por não estarem enraizados no amor próprio? Muitos celebram um falso sentimento de comunhão com Deus baseados principalmente nas emoções, arrepios e experiências humanas; frutos de uma imaginação fértil, apenas acham que Deus as ama. Por essa e outras, muitos daqueles que demonstraram calor inicial foram batizados na igreja, mas, vazios da luz de Deus, voltaram à velha vida ou simplesmente vivem uma vida vazia e fria! Neste sentido, as emoções podem mover pessoas para longe ao invés de trazê-los para perto de Deus.
CRESCIMENTO DA IGREJA EVANGÉLICA E O GENUÍNO DESPERTAMENTO ESPIRITUAL 2/5 - POR RUBENS RAMIRO MUZIO
A PRESENÇA DE UM SUB-CRISTIANISMO CONFIRMADO PELA SUPERFICIALIDADE DAS CONVERSÕES - John Stott, no 1o Congresso de Lausanne, descreveu com ousadia a igreja africana da seguinte forma: como um grande rio, com milhares de quilômetros de extensão e centímetros de profundidade. Esta tem sido uma das preocupações mais enfatizadas pelos missiólogos na análise do crescimento da igreja no hemisfério sul: apesar de que milhões tornaram-se cristãos e demonstraram um entusiasmo superficial e alegria contagiante, os corações não foram profundamente afetados com o evangelho. No caso da África, é evidente a dificuldade da igreja ao lidar com as guerras tribais, a poligamia e a grande epidemia da AIDS. Já surge uma nova geração de africanos que desprezam o cristianismo. Falando na International Consultation on Discipleship, para 400 líderes de 90 organizações de 54 países, em 1999, Stott reafirmou que a igreja está crescendo com força, mas em muitos lugares o problema é que o crescimento não tem profundidade (Oosterhoff, 1999, p. 1). O Brasil, com seus 40 milhões de evangélicos e 200 mil templos, deve constantemente avaliar se o crescimento acelerado está sendo acompanhado com profundidade teológica, substância espiritual, maturidade no discipulado e transformação comunitária. Sem dúvida, a igreja evangélica brasileira fez um ótimo trabalho como obstetra, de evangelização, de parteira espiritual, gerando milhões de novos-crentes, introduzido-os ao leite materno da fé cristã. Entretanto, ela demonstra grandes dificuldades no conhecimento de Deus, no aprofundamento das dinâmicas da fé, na mortificação do pecado e no processo de transformação pessoal e comunitário. O evangélico brasileiro ainda crê e pratica um cristianismo infantil, bastante rudimentar, sem consciência da abrangência do pecado na sua vida e nas cidades. Nos períodos de crescimento, a igreja porta-se como uma criança, cheia de vigor e energia, imaturidade e insegurança. Pais de crianças e adolescentes sabem muito bem a quantidade de gás e vitalidade (e comida!) que seus filhos liberam na prática de esportes, atividades diárias, escola, acampamentos, brincadeiras, etc. Entretanto, eles ainda são frágeis e imaturos, machucam-se e choram com freqüência, aprontam e apanham, são indefesos e dependentes. Muitos cristãos brasileiros foram superficialmente evangelizados e praticam o sub-cristianismo do aceitar-Jesus e das 12 lições de discipulado, desde que lhes garanta a entrada no trem celestial. Com os cultos de entretenimento e suprimento de necessidades, o crente continua a viver um estilo de vida pouco tocado pelos valores do evangelho, cuja semente não penetra nos terrenos mais profundos do coração humano e da sociedade brasileira.Qual a influência da igreja evangélica na sociedade brasileira? Assista a TV e perceba que, apesar dos muitos programas evangélicos, o sensacionalismo popular dos shows de televisão e a mentalidade competitiva e derrotista do Big Brother Brasil revelam uma cultura cada vez mais brutal, sensual, animalesca e enamorada de seqüestros e da violência. Corrupção e oportunismo impregnam as estruturas de poder, inclusive a política evangélica. Não estaria longe dos princípios do reino de Deus a igreja defensora da cobiça, incentivadora dos valores materiais, protetora do forte, do famoso, do rico e do belo, e desvalorizadora do fraco, da viúva, do velho e do pobre?Imaginem uma panela de água fria, na qual nada uma rã. Acende-se o fogo debaixo da panela. A água aquece suavemente e em breve fica morna. A rã acha aquilo agradável e continua a nadar tranqüilamente. A temperatura começa a subir, a água fica quente, a rã gosta, mas não se transtorna com o fato, sobretudo porque o calor tende a cansá-la e a entorpecê-la. Agora a água está mesmo quente! A rã começa a achar desagradável, mas está tão debilitada, esforça-se por se adaptar, mas não consegue fazer nada. A temperatura da água continua a subir progressivamente, até o momento em que a rã acaba simplesmente por ficar cozida e morrer, sem nunca conseguir saltar para fora da panela. Se ela fosse mergulhada repentinamente numa panela a 50º, a mesma rã daria logo um pulo para fora da panela.A igreja na sociedade tende a agir como a rã, absorvendo os valores ao seu redor, ficando tão saturada com a cultura de mercado, que não percebe a temperatura das águas. Sem a constante prática de um cristianismo genuíno que busca fortemente o Senhor, reconhece o pecado a anda com Cristo diariamente, a pessoa nada tranqüila nas águas do consumismo, sensualismo, secularismo e individualismo e não percebe mais a proximidade da morte. O secularismo e nominalismo têm avançado nas últimas décadas. Isso é evidenciado pelo número de homens e mulheres que estão se identificando como pessoas sem religião ou sem filiação religiosa. Um dos estados mais evangelizados do Brasil, o Rio de Janeiro com 30% de evangélicos, tem 12% nesta categoria. Essa tendência acompanha outros estados do Brasil: onde mais cresce a igreja evangélica, mais cresce também os sem-religião. Quase 10% da população brasileira já se encontra nessa categoria! A maior igreja luterana da América Latina situa-se em Timbó, Santa Catarina. Timbó é uma belíssima cidade, situada no Vale do Itajaí, com um dos melhores índices de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil. Segundo um pastor local, Disney Macedo, essa igreja, com mais de 15 mil membros, congrega apenas 40-50 pessoas nos seus cultos dominicais. Há muitos ex-evangélicos vagando pelas nossas cidades! Por muitos anos, eles criticaram os católicos brasileiros pelo evidente nominalismo: igreja como: local de batismo, casamento, funeral e ocasiões especiais. Parece que muitos tendem a copiar esse perfil nominal de crente descomprometido, adepto de um cristianismo light e culturalmente desenraizado.
CRESCIMENTO DA IGREJA E O GENUÍNO DESPERTAMENTO ESPIRITUAL 1/5- POR RUBENS RAMIRO MUZIO
Nos dias 19 e 20 de março de 2007, o Datafolha [2] realizou uma pesquisa religiosa comprovando aquilo que todos nós já sabíamos: os evangélicos continuam crescendo em quase todo o Brasil: eles são 22% da população brasileira! Interessante notar que nesta pesquisa, eles foram subdivididos apenas em dois grupos: evangélicos pentecostais (17%) e evangélicos não-pentecostais (5%), o que comprova mais uma vez que a grande maioria (quase três quartos) da igreja evangélica é fruto do movimento carismático e pentecostal. A pergunta que vale um milhão de dólares (ou euros, com a desvalorização): Estamos realmente passando por um avivamento no Brasil? Será que as características e qualidades deste crescimento tipificam um genuíno avivamento? Será que este crescimento não demonstraria apenas um despertamento geral da população brasileira para as questões espirituais, decepcionada com a modernidade e suas promessas de realização e felicidade? Para responder esses questionamentos, precisaremos saber que tipo de igreja está crescendo e avaliar algumas características da espiritualidade brasileira. Inicialmente devemos reconhecer que o Espírito de Deus tem agido em muitas regiões do Brasil, aumentando a sensibilidade das pessoas, trazendo-as ao reconhecimento de suas necessidades espirituais, restaurando pessoas e transformando famílias. É inegável que multidões foram trazidas a uma nova convicção da verdade do evangelho, persuadidas a Cristo, o Filho de Deus, como o único Senhor e Salvador da humanidade. É notório que vários aspectos do avivamento estejam presentes no Brasil. Talvez este seja um tempo de colheita! Colheita, porque as terras brasileiras foram fertilizadas pelas sementes, sangue, suor e lágrimas de muitos pregadores por mais de um século, desde que os primeiros missionários chegaram ao Brasil nos idos de 1850 e elas frutificaram a cem, a sessenta e a trinta por um (Mt 13:23). Entretanto, há sinais claros de fumaça no horizonte, sinais de que nem tudo vai bem no arraial evangélico. Este artigo procura destacar algumas impressões sobre o crescimento da igreja evangélica no Brasil nas últimas décadas. São elas:1. Uma espiritualidade carnal ou uma carnalidade espiritual. A conversão ao cristianismo leva necessariamente à mudança de atitudes: velhos vícios são abandonados e uma nova linguagem é aprendida (seria o evangeliquês?). O novo convertido experimenta fortes emoções, sente o amor de Deus e entrega sua vida a Ele. Entretanto, por mais válidas e abençoadoras que sejam essas experiências espirituais, elas não demonstram conhecimento profundo da graça salvadora e da pessoa de Deus. Reverência a Deus, dedicação à igreja e fortes emoções religiosas não florescem nos campos daquela espiritualidade que é regada pela água da vida, pela alegria do Espírito e pelo amor genuíno descoberta na cruz de Jesus. Ou seja, pessoas com aparência espiritual podem estar vazias da graça de Deus.Isso faz com que muitos dos crentes, participantes das igrejas brasileiras, manifestem alguns tipos de pecados religiosos dissimulados, estilos de carnalidade com fachada de espiritualidade. É comum para aqueles que invejavam o carro importado ou a casa do colega de trabalho desejarem agora as mesmas coisas através de uma oração de posse, decretando prosperidade do Filho de Deus. Aqueles que anteriormente ambicionavam o cargo ou comissão do chefe do departamento, agora aspiram, humilde e avidamente, ao título de diácono ou a posição de liderança (pastor, bispo, apóstolo, etc.) com toda a voracidade do mercado de trabalho. Embora não exagerem mais na quantidade de bebida alcoólica (comida em excesso parece ser liberado nas igrejas, em geral) a glutonaria ambiciosa dos dons espirituais e cargos ministeriais mantém os desejos carnais bem vivos e ativos. É claro que tudo isso se disfarça com tanta sutileza passando despercebido para a maioria dos evangélicos, freqüentadores dos cultos sendo, imperceptível até mesmo para os pastores e líderes. Esses são apenas alguns exemplos do que poderia ser chamado de espiritualidade carnal ou carnalidade espiritual. Tais atitudes, embora sutis e inconscientes, corroem a comunidade cristã como câncer, devorando sua vitalidade de dentro para fora.Há uma grande quantidade de atividade religiosa no mundo energizada pela natureza humana e pelo próprio diabo. A natureza humana pode ser facilmente mascarada e encoberta pela espiritualidade das pessoas. Padrões e atitudes que aparentemente têm cara e jeito de cristianismo podem encobrir uma carnalidade nos níveis mais íntimos das intenções e desejos do coração. O próprio Jesus disse que o joio é muito parecido com o trigo (Mt 13:24-27) . Quase todos os períodos de crescimento e avivamento na história da igreja comprovam que o trigo do evangelho fora cercado pelo joio das atividades carnais e elementos enraizados nos pecados do orgulho, vaidade, impureza, divisões, soberba, lascívia, etc.Não é fácil separar o certo do errado, o bem do mal na igreja da atualidade. Por um lado, Deus está agindo imensamente em todo o Brasil, revitalizando velhas igrejas e especialmente plantando e fazendo crescer novas comunidades. Mas Satanás habilmente planta o joio no meio do trigo do avivamento, misturando o santo com o profano, bombardeando a luz do evangelho com os projéteis e mísseis das trevas, mesclando o bom leite espiritual com o café amanhecido da religiosidade (numa linguagem bem brasileira). A tarefa de arrancar o joio do meio do trigo – e separar a igreja verdadeira da artificial - é impossível aos homens, segundo Jesus.Da mesma maneira, o joio está misturado no coração de todas as pessoas. O pecado se mistura em diversas doses e combinações dentro do coração, diluindo os elementos da fé, amor e santidade, implantados após a conversão pelo Espírito Santo. Ninguém é capaz de identificar e separar completamente o que vem de Deus daquilo que vem dos próprios desejos do coração humano. Há tantas combinações entre o bem e o mal, entre virtude e vício, entre aspirações por santidade e desejos da carnalidade. Nenhum cristão pode ter certeza absoluta que suas experiências sejam puramente experiências espirituais, sem que estejam poluídas pelo pecado ou misturadas à natureza humana. Nas terras do coração, as sementes da maldade fertilizam lado a lado com as sementes da Palavra. O importante é saber regar e adubar as melhores plantas.O melhor é reconhecer humildemente as grandes semelhanças entre a espiritualidade dos religiosos e dos genuínos cristãos! Quantas vezes determinadas denominações e comunidades isolam-se dos outros grupos por considerarem-se mais espirituais, separam-se para viver em comunidades orgulhosas e egoístas! Quão difícil é separar o joio do trigo! O Deus onisciente, o conhecedor dos corações, é o único que tem prerrogativa para separar as ovelhas dos cabritos, estes para o castigo eterno, aqueles para a vida eterna (Mt 25:31-46).
[1] Doutor em Ministério pelo Westminster Theological Seminary com validação pela PUC-Rio eprofessor da Faculdade Teológica Sul Americana, lecionando as disciplinas na área de Teologia Prática. Email: rubens@sepal.org.br
[2] Foram realizadas 5700 entrevistas em 236 municípios brasileiros. A margem de erro máxima decorrente desse processo de amostragem é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.
[1] Doutor em Ministério pelo Westminster Theological Seminary com validação pela PUC-Rio eprofessor da Faculdade Teológica Sul Americana, lecionando as disciplinas na área de Teologia Prática. Email: rubens@sepal.org.br
[2] Foram realizadas 5700 entrevistas em 236 municípios brasileiros. A margem de erro máxima decorrente desse processo de amostragem é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.
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