sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

A LÓGICA DO FORMIGUEIRO - PAULO CILAS

Reedição por continuar atual




O filme é até legalzinho: Formiguinha Z conta a história de uma  formiga em seu formigueiro passando por brigas, intrigas, sofrendo enchentes, sendo atacado por inimigos vorazes. A parte final é uma epopeia onde o “herói” acaba sendo fundamental para a salvação de todo formigueiro. Todos comemoram numa algazarra só. Mas aí a câmera vai se afastando e aquele universo se perde dentro de um único quintal. Tudo o que aconteceu ali era insignificante diante do mundo lá fora.

É assim que vejo o que nossas igrejas têm se tornado. Através dos programas de televisão assistimos que as nossas reuniões são verdadeiras catarses; em um programa o líder diz ter revelações do livro que João comeu na visão de Apocalipse; do que Paulo viu no terceiro céu... Pessoas caem; ali é declarada vitória sobre tudo - como se ficássemos isentos às tribulações da vida -. Reunimos-nos em congressos que determinam conquista de território, aquisição de poder e autoridade sobre tudo. Subimos morros com segurança policial e decretamos que a paz está instalada ali (mas não subimos para declarar vitória quando há tiroteio). Reunimos em alguns lugares sobre o manto da promessa da prosperidade. Também declaramos que estamos vencendo inimigos poderosos e levantamos a um só grito as nossas espadas espirituais, marchamos, gritamos, adesivamos nossos carros com palavras de ordem, mas quando a câmera se afasta somos apenas um formigueiro em ebulição sem causar nenhuma diferença prática no mundo lá fora.

Um pastor atuante em uma grande capital brasileira, capital essa que reúne “grandes” igrejas, entre lágrimas afirmou que sua cidade está uma droga. Nada muda. Muito barulho por nada, diria Shakespeare. Quando somos notados é tão somente para sermos expostos às contradições, guerras de ego e amor ao dinheiro, ou seja, somos notados nas práticas iguais as do mundo lá fora.

O curioso é que se fôssemos simples, vivendo na singeleza de coração descrita em Atos, na comunhão, aí sim afetaríamos o “quintal” a nossa volta, sendo realmente o sal dessa terra.

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

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