segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

LIBERDADE E PROIBIÇÃO POR PAULO CILAS

Já há algum tempo escrevi sobre a mentira que tomou conta do homem em Genesis 3. Retomo ao mesmo capítulo resvalando no mesmo tema, contudo, me atendo na liberdade dada ao homem e a posterior proibição impingida a ele. A liberdade está clara: “De toda arvore comerás menos a do “conhecimento do bem e do mau”. Muito embora haja uma restrição a uma “arvore” não houve, contudo, impedimento para que tal acontecesse. Ou seja, liberdade tão plena que contemplava até o “direito” de desobedecer. A grande mentira contada ao homem que teria o mesmo conhecimento de Deus e por isso seria igual a Deus foi bem recebida. Sabemos, entretanto, que o homem mesmo sabedor do pior castigo – a morte – vive pensando ter liberdade total. E, na tal liberdade enfiam “o pé na jaca”. É triste, por exemplo, ver meninos e meninas cada vez mais cedo só “curtindo a vida” devidamente aditivados pelo álcool. É! E sem álcool não conseguem se divertir. A mesma coisa pode ser aplicada ao sexo, cada vez mais precoce. Não! Não sou moralista e muitos menos ingênuo a ponto de demonizar toda bebida e os festejos em que ela se faz presente. Também não ignoro a força da sexualidade. O que me espanta é a escravidão se tornar sinônimo de liberdade. É a dependência absurda em que o homem se submete julgando- se no controle. Dominado, mas, sentindo-se senhor. O homem não sabe lidar com o conhecimento do bem e do mau. Perde-se rápido. Engana-se e é enganado facilmente. Bem! E, se na liberdade da perfeição havia apenas a recomendação para sequer tocar “no conhecimento” agora, na desobediência e conseqüente expulsão do lugar perfeito, é imposta uma proibição taxativa. Querubim e espada guardam a arvore da vida. Pois é! O homem em pleno gozo da liberdade e conhecimento do binômio bem/mal está proibido de tocar na “vida”. Pretensamente livre e condenado à morte! E, agora, proibido de viver resta ao homem – se quiser continuar vivendo – sujeitar-se. Abrir mão de toda sua liberdade e render-se a Jesus. A volta a arvore da vida passa por ELE. E isto é totalmente loucura para a mente iluminada da humanidade. É paradoxal. Mas, a Porta estreita de entrada é a mesma de saída que nos faz encontrar campos abertos. Perco para ganhar. Morro para viver. Na minha liberdade me tornei escravo e morri. Quando me rendi a Jesus fiz-me servo e Ele me chamou de amigo. Renunciei ao que julgava ter e não tinha me tornando herdeiro do que jamais pensei existir. Descobrir que já não há mais proibição e, sim, proteção. Sou livre de novo!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

SOBRE NATAL - GENIZAHVIRTUAL

Papai Noel, Natal, árvores, presépios... É paganismo do demônio? Ah! Vão lamber sabão, cambada de fariseus! RESPOSTA A UMA LEITORA CONFUSA. MAIS UMA VÍTIMA DA GUERRA DE INFORMAÇÃO PATROCINADA POR CRENTINOS TODOS OS ANOS, NAS VÉSPERAS DO NATAL Minha amada irmã: Feliz Natal e Feliz Ano Novo! Minha querida amiga, se você for entrar nessa paranóia, terá que sair do mundo. Paulo disse que a gente deve ir ao mercado, comer de tudo, dar graça a Deus, e celebrar a vida em paz. Se você for se preocupar com a origem de coisas, nomes, festas, datas, etc., você terá que sair do mundo. Não trate isso como coisa do diabo, pois, assim, virará coisa do diabo na sua cabeça... Não ajuda em nada. Ninguém que comemora o Natal está pensando no diabo. As únicas pessoas no Evangelho a quem Jesus chamou diretamente de “filhos do diabo” não estavam vestidas de “Dia de Papai Noel”, mas de FARISEUS (Jo. 8). Paulo nos ensina a não ter tais conflitos, e a termos paz com uma certeza: Todas as coisas são puras para os puros; porém para os de mente impura, tudo fica impuro. Sobre o fato das coisas poderem ter origem “pagã”, o espírito do que Paulo declara é o seguinte acerca de algo muito mais sério — que é a comida sacrificada aos ídolos, ou até mesmo comida de um despacho na esquina: No que diz respeito às coisas sacrificadas aos ídolos, já sabemos, todos, o seu significado. Saber... apenas saber... incha o ser e nada mais. Somente o amor edifica. Desse modo, se alguém tem a pretensão de achar que sabe alguma coisa, de fato ainda não aprendeu como convém saber. O verdadeiro conhecimento vem do amor, pois se alguém ama a Deus, esse é conhecido por Deus. Digo isto tudo porque eu sei que todos vocês sabem que comer coisas sacrificadas aos ídolos nada significa. Afinal, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só. Ainda que haja muitos que se chamem de deuses e senhores, ou que assim sejam chamados — seja no céu seja na terra—, todavia, para nós, há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também. Mas isto é o que nós sabemos. Entretanto, nem todos têm esse conhecimento. Isto digo porque há alguns que, acostumados até agora com a devoção ou temor do ídolo — como se o ídolo de fato tivesse poder —, comem coisas sacrificadas aos ídolos como se o ato de comer expressasse algo espiritualmente significativo. Desse modo, quando comem, sua consciência sendo ainda fraca e ignorante, contaminam-se em razão do próprio significado que atribuem àquilo que, em si mesmo, não é nada. As coisas ganham o significado que nossa consciência atribui a elas! Todavia, não é a comida que nos há de recomendar a Deus; pois não ficamos piores se não comermos, nem ficamos melhores se comermos. Portanto, não estamos falando do que é em si, mas daquilo que as coisas se tornam, em razão da projeção de valor a elas atribuído. Desse modo, vejam atentamente que a liberdade de vocês — fruto do saber verdadeiro —, não venha a ser motivo de tropeço para os fracos, ou seja: para aqueles que ainda olham para a comida sacrificada ao ídolo ou para o próprio ídolo, como se a "coisa" tivesse em si algum valor ou poder. Assim, se um desses supersticiosos virem você, que tem “ciência”, reclinado tranqüilamente comendo à volta de uma mesa num templo de um ídolo, poderá pensar que você está ali atribuindo culto e valor àquilo que para você não tem nenhum valor. E assim, poderá ser induzido pela sua liberdade, a comer com a consciência fraca e supersticiosa as coisas sacrificadas aos ídolos... como se a sua presença ali avalizasse também o ato dele. Não é, porventura, assim, que “eles” interpretariam sua presença no lugar? Desse modo, ironicamente, pelo saber e pela liberdade que você já adquiriu, alguém que ainda está na ignorância pode vir a sucumbir à superstição. Assim, por causa da “ciência” que você possui, alguém poderá perecer... aquele que é fraco, o teu irmão por quem Cristo morreu! Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo-lhes a consciência ainda débil e fraca, vocês estão pecando contra Cristo. Dessa forma, o que se deve saber é o seguinte: O ídolo não é nada para você, em razão de você já saber que ele não é nada mesmo. Sozinho - ou em companhia de pessoas maduras - você comer onde e o quê bem desejar! No entanto, se a comida fizer tropeçar a meu irmão, nunca mais comerei em sua presença nada que o faça tropeçar, isto porque não quero servir de tropeço à consciência fraca de meus irmãos... que ainda não discerniram a grandeza da liberdade que em Cristo eu tenho. De minha parte, não quero jamais induzir meu irmão ao engano simplesmente por não carregar em mim uma consciência que antes de tudo saiba saber no amor. Jesus disse que o mal não vem de fora, vem de dentro. Fico “raivoso” é com quem veio inventar mais esse grilo para a sua cabeça. Tais pessoas gostam que a vida seja um perigo, e vêem o diabo em tudo. A mente delas está cheia de medos, e tentam fazer discípulos de seu próprio medo, e superstições. Não entre nessa. Se entrar, sua cabeça ficará uma confusão cada vez maior. Fuja dos inventores de demônios e de bruxas! Eles vivem de proibir as coisas, e quem os segue acabará preso no medo, e não terá mais prazer em nada na vida. Celebre seu Natal em Cristo! A árvore é uma gracinha, e o Papai Noel é um folclore infantil. Desejar fazer dele um demônio é GOSTAR DE SOFRER À TOA! A vida já é difícil demais. Não a complique. Não se preocupe com a Árvore de Natal. Quem tem a Árvore da Vida na alma não se preocupa mais com qualquer outra árvore, nem com a plantinha “comigo-ninguém-pode”. Assumo responsabilidade espiritual pelo que estou dizendo a você! Foi para liberdade que Cristo nos libertou. Santifique todos os dias com gratidão, e todos os dias serão santos. Feliz Natal para você e todos os seus. Nele, que nos salvou para viver em paz em qualquer dia do ano,

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

SEM DÚVIDA - PAULO CILAS

Os filósofos da antiguidade levantaram a questão! Afinal, quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Discorrendo sobre "quem somos" Chico Anísio deu sua contribuição: Se você comprou um imóvel em cooperativa se tornou mutuário. Se deixou de pagar, inadimplente. Se for preso, torna-se elemento. Doente no hospital,paciente. E, assim ele humoradamente afirmava que nós somos aquilo que as coisas nos transformam e, eu, acrescento que vamos perdendo nossa real identidade para os títulos - doutor, pastor, bispo, chefe, empregado etc - até chegarmos ao dia em que apenas seremos chamados de "corpo". Que será enterrado em "tal cemitério". A confusão está instalada. A ciência, ou melhor, alguns cientistas determinam que viemos de uma forma de vida unicelular gerada numa "poça ou sopa primordial". O nosso antepassado-mor seria nada mais nada menos que uma ameba. Divã para todo mundo, urgente! Tais cientistas também tentam alargar o tempo de vida aqui neste planeta que, segundo eles, somente existe como fruto do acaso. É a tentativa de se resolver outra parte do dilema: para onde vamos? Nesse caso , não vamos. Ficamos. Ou , tentamos ficar para não termos que ir. E, rememorando, ir, nesse caso, quer dizer tornar-se corpo que vira pó ou cinza. A Bíblia afirma que do Senhor é a terra e a sua plenitude. O mundo e todos que nele habitam Sl. 24.1. Sabemos de onde viemos! . Jesus afirma que aquele que beber a água que Ele oferece, tal água jorrará para a eternidade(Jo.4.14) e, também, que na casa do Pai há muitas moradas e Ele mesmo nos prepara lugar (Jo 14.1). Beleza! Sabemos para onde vamos!!! Por fim, todos, absolutamente todos teremos que nos encontrar com O Autor da Vida. Poderemos chegar nesse dia sem ainda saber quem somos ou como ateus. Como crentes ou descrentes. Poderemos chegar até indiferentes. Há a alternativa de chegarmos como doutores, pastores, bispos chefes e "piões",elementos ,pacientes, inadimplentes,etc. Mas, bom mesmo é chegarmos como filhos - Jesus nos deu o poder de sermos filhos de Deus Jo.1.12- E, filhos sempre chegam ou voltam para casa. A Casa Do Pai!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

OS DOIS LUGARES DE DEUS - PAULO CILAS

Is 57.15 “Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.” Nada do que façamos: templos, músicas, instrumentos, reuniões, programas, nada, absolutamente nada, chega aos pés do que o Senhor já tem. Um lugar Alto e Sublime! Está escrito que nesse lugar há um rio de águas cristalinas cujas correntes alegram a cidade de Deus, o Santuário das moradas do Altíssimo (Sl 46.4). Na parte final do livro de Jó O Senhor pergunta onde estava Jó quando as estrelas da alva cantavam alegremente e todos os filhos de Deus rejubilavam? Que coral humano por mais competente que fosse substituiria isto? Então a conclusão óbvia é que por mais que o homem se esforce não conseguirá fazer nada que Deus já não tenha em maior e em melhor tamanho. Deus continua morando no seu Alto e Sublime lugar, a grandeza do homem não o impressiona, pois Ele sequer habita em templo feito por mãos humanas At.7:48. Porém há possibilidade de uma segunda moradia de Deus. É como se Deus saísse do seu lugar, da Sua moradia e fosse para outro ambiente. Este lugar é o coração quebrantado do homem humilde. Eis o segundo lugar de Deus. Quando Jesus vem anunciar a salvação Ele estabelece a teologia da toalha e da bacia isto é, do servir, do maior como o menor. Ele prega não a guerra, o combate e a força, mas, sim, a graça e a misericórdia, o perdão e a simplicidade das crianças. Para nós, como igreja, sermos essa segunda moradia de Deus precisamos entender plenamente isso. E entender isso não tem sido fácil, haja vista o complexo de superioridade que tem tomado conta da Igreja que tem sido “chamada” de Cristo. Os brados de vitória, conquistas, domínios e suntuosidades de templos e pessoas têm tomado lugar da modéstia dos joelhos dobrados. Muitas vezes há muitos risos e poucas lágrimas, muitas determinações e poucas convicções, muitos lideres e poucos servos, muitos maiores e poucos menores. É o homem tentando fazer algo grande ignorando que jamais chegará ao que Deus já tenha. Ouço do Pr. Ed René Kivitz uma frase: “A igreja não é de cetros e espadas e sim de bacias e toalhas”! Precisamos dar ouvidos ao que Jesus disse a Pedro: Guarda a tua espada porque se eu quisesse viriam 12 legiões de anjos. Portando você quer que Deus deixe o seu trono e venha até você? Ofereça então um ótimo lugar, que será sempre o coração quebrantado, abatido (contrito) daquele que somente espera no Senhor.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

DEUS NÃO É SOBRENATURAL - ZÉ BRUNO

Olhai as aves do céu… Eu não gosto do uso da palavra sobrenatural em relação a Deus. Não é que eu não goste por mero capricho, mas por três motivos: Deus não é sobrenatural; o mau uso desta palavra acaba criando frustrados ou cínicos; e seu uso cega-nos para a “naturalidade” de Deus e de seu modus operandi. Um ser ou um evento é sobrenatural quando não provém da natureza, logo sua explicação não se submete as leis naturais. Se a criação fosse entendida apenas como uma criação natural, o adjetivo seria correto, todavia Paulo, apóstolo, nos diz que a criação é composta tanto de elementos naturais quanto de sobrenaturais: Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.[1] A criação não é formada apenas por aquilo que podemos ver ou conhecer, mas também por um mundo invisível, com seres e lugares invisíveis, criados antes dos humanos e do mundo, que podem ser bons ou maus e assim como os seres humanos, são criações de Deus. Dizer que Deus é sobrenatural é desconsiderar no uso desta palavra que o Criador está também acima do sobrenatural. Sendo assim, melhor seria fazermos coro com a teologia cristã que cunhou a palavra transcendência como atributo divino, mas não inventou a roda, apenas codificou neste termo parte daquilo que as Escrituras já diziam acerca da divindade em relação a sua criação. Transcendência é um atributo divino que diz que a divindade está acima da sua criação, quer natural quer sobrenatural, e assim não se confunde com ela. Em seu livro Vivendo com Propósitos, Ed René Kivitz nos oferece uma explicação mais refinada: A transcendência trata do Deus Totalmente Outro, como se referem os teólogos, aquele que “habita em luz inacessível”… Deus está no mundo, mas não é o mundo. Deus abrange o todo, mas é mais do que o todo. Deus está aqui e além. Por uma razão simples, Deus é, e não pode ser contido pelo que está.[2] Outro motivo que me faz não gostar do uso da palavra sobrenatural em relação a Deus é que os discursos popularizados nos jargões, canções e preleções fomentam uma expectativa que só poderá ser satisfeita com o “sobrenatural” e assim tem gerado uma geração de crente frustrados ou cínicos. Frustrados porque suas expectativas não são atendidas e cínicos porque quando frustrados, ignoram isto e continuam na mesma. A última razão é derivada da segunda, pois por falarmos como pensamos, expressões do tipo “receba o sobrenatural de Deus”, “vivendo no sobrenatural de Deus” e outras correlatas criam uma imagem limitada da divindade, dando a percepção de que o Altíssimo só age de maneira sobrenatural, logo a cura do câncer de forma sobrenatural é facilmente atribuída a Deus, todavia a cura do mesmo câncer através da ciência médica não é vista como uma ‘cura divina’. Esta visão parcial do modus operandi divino nos rouba a graça da vida, pois deixamos de ver Deus na natureza e é ela quem nos revela o seu poder: Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis[3] A presença de Deus na criação é o atributo da imanência, o qual nos permite vê-Lo nela. Se a transcendência torna Deus distante e inacessível, é a imanência que O faz permear o mundo e torna-O perceptível. Conforme se expressou Paulo: Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de tudo (transcendência), por tudo e em tudo (imanência)[4] No demais, que possamos ser mais reflexivos e que avaliemos sempre nossos discursos e linguagens pelo crivo do evangelho, afinal os discursos de qualquer natureza têm muito a nos revelar acerca daqueles que os proferem e com relação aquilo que alguns evangélicos brasileiros andam cantando, pregando e escrevendo, percebe-se um distanciamento entre o discurso e as Escrituras que não deixa de ser tão grave quanto o distanciamento entre a vida e a fé! Naquele que transcende e imana toda a criação,

terça-feira, 16 de outubro de 2012

TRINTA E DEZENOVE ANOS - PAULO CILAS

Dessa maneira anuncio minha nova idade. Uma tentativa de ludibriar os quarenta e nove anos que se aproximam. No Salmo 90, Moisés pede que Deus nos ensine a contar os nossos dias para alcançar um coração sábio. "Consideremos alguns elementos chaves nessa oração: Primeiro, somente Deus conhece quantos dias restam da nossa vida. A certeza da morte é inegável. Igualmente certo é o fato de que ninguém sabe em que dia ela virá. Deus, nosso Professor Supremo, conhecedor de todas as coisas, marca a carga horária na escola da vida. Ele é quem assina o diploma ou reprova os alunos". Mas, como se dá isso? Será que somente contando meus dias, sabendo dividir um ano em meses e meses em dias mostra que sou um sábio? Há algo mais. Algo que é muito maior do que somente contar o tempo passar. Contar os dias é saber o que fizemos com aqueles passados. O quanto fomos curados daqueles que nos feriram. O quanto aprendemos com aqueles que nos fizeram cair. O que aprendemos com as boas palavras ouvidas, as belas canções sentidas e com os bons exemplos dados por alguém. É isso! Contar os dias é saber exatamente onde estamos hoje, o que somos e o que seremos quando o amanhã chegar. Muitos têm somente existido amesquinhados pelas banalidades, egoísmos, traumas, invejas, frustrações. Viver é mais do que isso. Claro que os momentos duros são inegáveis, porém, há algo além do lamento, da dor, da tristeza e da perda. Viver é tirar sensibilidade da lágrima, serenidade da tristeza e firmeza ante os ventos contrários. Casimiro de Abreu declamou: “Que saudades da aurora da minha vida”! Aos “trinta e dezenove anos” não quero desperdiçar e nem deixar de lembrar os dias que vivi, desde os mais exultantes aos mais tenebrosos. Não quero abrir mão deles, e nem fugir. Quero aplicar ao hoje, ensinar com eles a mim mesmo e a quem eu puder lições de vida e da vida. Porque, dizem por aí, que o inteligente aprende com seus próprios erros, mas, o sábio aprende com os erros dos outros. Então, se eu contar os dias ruins, eles contribuirão para que alguém se torne sábio. E me lembrarei sempre dos dias bons! Assim como os dias maus, eles me formataram. E, até hoje me fazem sorrir ou liberar uma sonora gargalhada. Os meus dias me fazem ser quem sou.
Assim eu prossigo. Assim, prosseguimos todos. Uma senhora aos 80 anos disse: “se alguém passa um ano todo deitado inevitavelmente envelhecerá um ano, mas, não necessariamente crescerá mais um ano. Podemos, então, somente envelhecer com o passar dos dias, ou, crescer, contando- os e aprendendo com eles.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

LIVRO "CAMINHO DE JESUS E OS ATALHOS DA IGREJA - EUGENE PETERSON

SALMO 130:“ESPERO NO SENHOR COM TODO O MEU SER, E NA SUA PALAVRA PONHO A MINHA ESPERANÇA.” Para as pessoas que estão no caminho, a espera é uma imposição penosa. Estar no caminho significa que estamos nos dirigindo a um destino. Para um viajante ávido e resoluto, a espera pode ser recebida somente como uma interrupção, uma demora, correr, passear, guiar um carro, conduzir um cão, cavalgar, enfim, o que quer que seja que façamos no caminho é o que fazemos no caminho. Senão, por que estaríamos no caminho? Mas há momentos em que somos incapacitados de fazer nosso caminho no caminho. Uma perna quebrada, um acidente que nos deixa amarrotados numa vala, um atalho promissor que nos deixa irremediavelmente atolados num charco. É aí que esperamos. Não temos escolha. Não faz diferença quantos transeuntes animados nos dão acenos de encorajamento, torcendo para que cheguemos até o céu com palavras de ânimo e incentivo, vociferando conselhos, citando passagens da Escritura (“estejam preparados...”; “...toma a tua cruz e segue-me”; “ corre com perseverança...”). Mas não conseguimos. Estamos na extremidade da corda. Estamos com a água já cobrindo a cabeça. Oramos. Oramos porque não há nada que possamos fazer por nós mesmos, e não há nada que ninguém mais possa fazer por nós. Oramos “das profundezas”. “Das profundezas” abre o coração. “Profundezas” é um termo do vocabulário da geografia – vale, ravina, águas profundas, fosso, vala – que em geral é usado como metáfora: insondável, profundidade de corrupção, angústia, apostasia. Certamente há um referencia implícita ao pecado em todas essas profundezas. O pecado não é uma mancha superficial na alma ou no corpo; ele penetra até as profundezas. O pecado não responde a tratamentos cosméticos; ele exige uma operação na fundação de nossa vida. Mas é o seguinte: o pecado não nos desqualifica de estarmos no caminho. O pecado não nos expulsa de nosso lugar no caminho. Podemos estar parados, incapacitados, perdidos, deprimidos, zangados, confusos, aturdidos, mas ainda estamos no caminho: “Se tu, Soberano Senhor, registrasses os pecados, quem escaparia? Mas contigo está o perdão para que sejas temido” (v. 3-4). Outra maneira de expressar isso é “Se você, Deus, mantivesse um registro dos erros cometidos, que possibilidades nos restariam? Mas o que se percebe é que você tem o hábito de perdoar, e é por isso que você é adorado” (tradução portuguesa não oficial de A mensagem). Estando no caminho de Davi, somos tratados no caminho de Jesus; portanto, como diz Paulo, “agora já não há condenação” (Rm .1). Em suma, há muito mais coisas acontecendo no caminho do que simplesmente chegar a um destino. E há muito mais coisas acontecendo no caminho do que simplesmente aquilo que nós estamos fazendo. Há o que Deus está fazendo. Por essa razão, esperamos no Senhor. Paramos, seja por escolha, seja por circunstância, para podermos estar alertas, atentos e receptivos ao que Deus está agindo em nós e por meio de nós, nos outros e por meio dos outros, no caminho. Esperamos até que nossa alma e nosso corpo estejam no mesmo compasso. Esperar pelo Senhor é a maior parte do que fazemos no caminho, porque a maior parte do que acontece no caminho é o que Deus está fazendo, o que Deus está dizendo. Boa parte do tempo, incapacitados ou debilitados pelo pecado, não conseguimos fazer o que precisa ser feito, então esperamos em Deus para que ele o faça em nós. Muitas vezes, não sabemos o que fazer, então esperamos até compreender o que Deus ordena que façamos. A espera não é somente “esperar por aí” de forma indolente. Esperamos “pela manhã”, o que significa dizer que aguardamos com esperança. Esperamos enquanto sendo “regatados, curados, restaurados, perdoados”. Esperamos em Deus para fazer o que não somos capazes de fazer por nós mesmos “nas profundezas”. Quando foi ele que fez, estamos mais uma vez no caminho.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CHEGA DE JOGUINHOS RELIGIOSOS - BÍBLIA "A MENSAGEM" DE EUGENE PETERSON

ISAÍAS 1
1- Visão de Isaías, filho de Amoz, teve a respeito de Judá na época dos reis de judá: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. 2-4- Céus e terra, vocês são o júri. Ouçam a causa que o Eterno está apresentando: “Tive filhos e os criei bem, mas eles se voltaram contra mim. O boi sabe quem é seu dono, o jumento conhece a mão que o alimenta, mas Israel não. Meu povo perdeu completamente o rumo. Que vergonha! Vivem fugindo do Eterno, enganados, cambaleando sob o peso da culpa. Bando de crápulas, gangue de baderneiros! Meu povo virou a cara para mim, o Eterno – deram as costas para o Santo de Israel: eles se foram e nem mesmo olharam para trás. 5-9- “Porque insisto em me importar com vocês, se vocês teimam em seguir os próprios caminhos? Vocês continuam batendo a cabeça contra o muro. Tudo em vocês é autodestruição. Da ponta dos pés até o alto da cabeça nada está bem: Machucaduras, escoriações, feridas abertas, não cuidadas, não lavadas, não tratadas. Sua terra está devastada, suas cidades foram queimadas. Seu país foi destruído pelos estrangeiros diante dos seus olhos, reduzido a entulho pelos bábaros. Sião está devastada, como uma cabana abandonada prestes a cair, como um barraco pichado e esquecido, como um navio afundando, abandonado pelos ratos. Se o Senhor dos Exércitos de Anjos não tivesse deixado alguns sobreviventes, estaríamos tão desolados como Sodoma, condenados como Gomorra. 10- “Ouçam minha Mensagem, vocês, líderes treinados em Sodoma. Recebam a revelação de Deus, vocês, povo formado em Gomorra, 11-12- “Por que esse frenesi de sacrifícios?” o Eterno está perguntando. “Não acham que já recebi minha porção de sacrifícios queimados, de carneiros gordos e bezerros rechonchudos? Não acham que já estou cheio de sangue de bois, de carneiros e de bodes? Quando vocês se apresentam a mim, quem deu a ideia de agir desse jeito, correndo pra cá e pra lá, fazendo isto e aquilo, essa agitação inútil no lugar do culto?” 13-17- “Chega de joguinhos religiosos!" Não suporto mais essa encenação: Conferências mensais, agenda sabática, estou encontros especiais, reuniões e mais reuniões – não aguento ouvir falar em reunião! Vocês me cansaram! Estou cansado de religião, de tanta religião, enquanto vocês continuam pecando. Quando fizerem a próxima oração coletiva, eu vou olhar para o outro lado. Não importa se oram alto, por muito tempo ou com frequência; eu não vou dar ouvidos. Sabem por quê? Porque vocês têm trucidado pessoas, e suas mãos estão cheias de sangue. Vão para casa e se lavem! Limpem essa sujeira toda. Esfreguem a vida até que saiam suas maldades, para que eu não seja mais obrigado a olhar para elas. Digam ‘não’ para o mal, aprendam a fazer o bem. Trabalhem pela justiça. Ajudem os oprimidos e marginalizados. Façam alguma coisa pelos sem-teto. Levantem a voz em favor dos indefesos”.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A MALDIÇÃO DO HOMEM MODERNO - A. W. TOZER

Os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a Palavra. Marcos 4:19 Existe uma maldição antiga que permanece conosco até hoje: a disposição da sociedade humana de ser completamente absorvida por um mundo sem Deus. Embora Jesus Cristo tenha vindo a este mundo, este é o pecado supremo dos incrédulos, o qual levou o homem a não sentir - nem sentirá - a presença dEle que permeia todas as coisas. O homem não pode ver a verdadeira Luz, tampouco pode ouvir a voz do Deus de amor e verdade. Temos nos tornado uma sociedade "profana" - completamente envolvida em nada mais do que os aspectos físico e material desta vida terrena. Homens e mulheres se gloriam do fato de que são capazes de viver em casas luxuosas, vestir roupas de estilistas famosos e dirigir os melhores carros que o dinheiro pode comprar - coisas que as gerações anteriores nunca puderam ter. Esta é a maldição que jaz sobre o homem moderno: ele é insensível, cego e surdo em sua prontidão de esquecer que existe um Deus. Aceitou a grande mentira e crença estranha de que o materialismo constitui a boa vida. Mas, querido amigo, você sabe que o seu grande pecado é este: a presença eterna de Deus, que alcança todas as coisas, está aqui, e você não pode senti-Lo de maneira alguma, nem O reconhece no menor grau? Você não está ciente de que existe uma grande e verdadeira Luz que resplandece intensamente e que você não pode vê-la? Você não tem ouvido, em sua consciência e mente, uma Voz amável sussurrando a respeito do valor e importância eterna de sua alma, mas, apesar disso, tem dito: "Não ouço nada?" Muitos homens imprudentes e inclinados ao secularismo respondem: "Bem, estou disposto a agarrar minhas chances". Que conversa tola de uma criatura frágil e mortal! Isto é tolice porque os homens não podem se dar ao luxo de agarrar as suas chances - quer sejam salvos e perdoados, quer sejam perdidos. Com certeza, esta é a grande maldição que jaz sobre a humanidade de nossos dias - os homens estão envolvidos de tal modo em seu mundo sem Deus, que recusam a Luz que agora brilha, a Voz que fala e a Presença que permeia e muda os corações. Por isso, os homens buscam dinheiro, fama, lucro, fortuna, entretenimento permanente ou apego aos prazeres. Buscam qualquer coisa que lhes removam a seriedade do viver e que os impeça de sentir que há uma Presença, que é o caminho, a verdade e a vida. Eu mesmo fui ignorante até aos 17 anos, quando ouvi, pela primeira vez, a pregação na rua e entrei numa igreja onde ouvi um homem citando uma passagem das Escrituras: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim... e achareis descanso para a vossa alma" (Mt 11. 28,29). Eu era realmente pouco melhor do que um pagão, mas, de repente, fiquei muito perturbado, pois comecei a sentir e reconhecer a graciosa presença de Deus. Ouvi a voz dEle em meu coração falando indistintamente. Discerni que havia uma Luz resplandecendo em minhas trevas. Novamente, andando pela rua, parei para ouvir um homem que pregava, em um cantinho, e dizia aos ouvintes: "Se vocês não sabem orar, vão para casa, ajoelhem-se e digam: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador". Isso foi exatamente o que eu fiz. E Deus prometeu perdoar e satisfazer qualquer pessoa que estiver com bastante fome espiritual e muito interessado, a ponto de clamar: "Senhor, salva-me!" Bem, Ele está aqui agora. A Palavra, o Senhor Jesus Cristo, se tornou carne e habitou entre nós; e ainda está entre nós, disposto e capaz de salvar. A única coisa que alguém precisa fazer é clamar com um coração humilde e necessitado: "ó Cordeiro de Deus, eu venho a Ti; eu venho a Ti!"

quarta-feira, 4 de julho de 2012

SÓ JESUS - PAULO CILAS

Há algum tempo postei “Deu tudo errado” onde discorria a trajetória dos homens da Bíblia e suas pisadas de bola, a nação de Israel que não foi o que deveria ter sido. Também mencionava as tragédias pessoais, familiares e sociais de "todo mundo". Tudo isso para apontar que “só Jesus deu certo”. Que fora de Jesus não há solução, não há perspectivas que se sustentem. Mas, por que insistimos em caminhos que Jesus não percorreria? Por que insistimos em doutrinas que não conseguiram salvar o homem? Por que submetemos “a fé” à maneira humana de exercê-la? Tento responder a mim mesmo que parte dos nossos equívocos se origina na sinceridade aliada à ignorância. Explico: Tomando Paulo como exemplo é fácil identificar como que o cumprimento ferrenho de leis e regras mais a total falta de conhecimento da pessoa de Jesus – seu sentimento, sua disposição em ser humilde e obediente até a cruz, seu amor perdoador, seu desprezo total às aparências religiosas entre tantas outras – nos levam a viver e agir dizendo que é em nome de Jesus, mas, totalmente fora de Jesus. E a solução é rogar ao Espírito – como o bebê roga pelo leite – que nos ensine, pois tudo está escrito de maneira surpreendente clara. Ou, ainda, que sejamos jogados ao chão, cegados em nós mesmos para enxergarmos enfim Jesus. Por outro lado, penso não estar sendo pessimista ao afirmar que uma grande parte, talvez, a maior (pelo menos esta é a sensação) não caminha com e em Jesus pelo mesmo motivo de sempre: Achar que pode instituir algo diferente e mais capaz do que a mensagem do próprio Mestre. Vejamos: Marketing e organização – É claro que precisamos divulgar desde O Evangelho até as programações de nossas igrejas e logo aceitamos o argumento de que se fosse hoje Jesus e os discípulos lançariam mão das diversas mídias disponíveis. O problema é que, argumento aceito, os que vão dominando as tais mídias se rendem por motivos carnais e malignos – soberba resume bem - ao espírito da propaganda desse mundo que para vender um produto só conta vantagens sobre ele (nesse caso não é mais Jesus “o produto” e, sim, suas respectivas organizações) para agradar a clientela e fidelizar consumidores.Ouça a música “O Evangelho” do Grupo Logos que, aliás, foi proibida de tocar num programa “evangélico” de uma emissora “evangélica”. Há ainda o domínio da “cultura nociva” sobre o evangelho. Friso nocivo porque já houve e ainda há o triste entendimento que pregar a palavra é impor costumes regionais sobre outros – como os judeus queriam fazer com os gentios, os muçulmanos radicais fazem hoje à semelhança do catolicismo nas colônias subjugadas e dos “evangélicos” atuais que se acham “os reis da cocada preta”. Nota: “Eu ouvi a seguinte explicação certa vez que me parece razoável: Quando a família real chegou ao Brasil, eles experimentaram muitas das iguarias locais, e dentre elas, a cocada preta tornou-se um dos quitutes preferidos na corte e era bastante disputado, de forma que o rei tinha o direito de se servir primeiro da cocada preta, daí a expressão jocosa "rei da cocada preta". A expressão denota um indivíduo convencido e pretensiosa, que se crê muito e não é nada.” Mas, o quero dizer aqui é da subserviência do “evangelho” ao “modus vivendi e operandi” de determinados povos. Do hemisfério norte (principalmente USA) vem o conceito capitalista e business eclesiástico, ou seja, a igreja é conduzida como empresa com metas, estratégias, méritos e recompensa venal – haja vista o fato de alguns expoentes desse modelo estarem sendo investigados por autoridades americanas por levarem vida nababesca com dinheiro não tributado de igrejas. Ainda há casos de igreja – catedral de cristal de famoso pregador da “prosperidade”, por exemplo- abrindo falência e tendo seu precioso templo indo a leilão. Pelas nossas paragens assistir um programa de uma mega- igreja em que se afirmava categoricamente que o jumentinho que Jesus montou era a BMW da época (sem comentários). Sem contar a fala de um histriônico e “repaginado” pregador afirmando que quem oferta e dizima só por amor e fidelidade é trouxa, pois, quem semeia laranja não faz por amor e fidelidades e, sim, para colher muitas laranjas e ganhar dinheiro. A viúva pobre elogiada por Jesus torna-se trouxa na versão do “pregador de Jesus”. Há ainda a imposição de um misticismo sincrético sobre o culto cristão – que deveria ser em Espírito, em verdade e racional. Todavia, certo “fetichismo espiritual” tomou conta de muitas “igrejas” e de seus cultos, que mencionam aos jorros os nomes de Jesus, do Pai e do Espírito, mas, na verdade se gloriam mesmo nas “visões, nos atos proféticos e em suas conquistas de espaço e influências e, também, nos seus “papas ídolos”. E a igreja brasileira parece que juntou o pior das duas culturas acima (se é que existe melhor). Pior, segundo a SÃ DOUTRINA, porque, segundo quem as impõe e quem as obedece cegamente – “muitos segundo as suas concupiscências constituirão doutores sobre si mesmos”- é a melhor das fusões. Fazendo sempre menção do “mundo espiritual”, desafios de semeaduras, tomada de posse, restituições, amarrações de satanás dentre tantas outras coisas, o que se quer mesmo são as benesses trazidas pelo “vil metal”. Simplificando: busca-se o “espiritual” como trampolim para o material. E isso é facilmente constatado no estilo de vida dos “principais e sacerdotes”. Se no passado alargavam os filactérios, as franjas das vestes finas, hoje, são os carrões e mansões e também a vestes caras que dão o tom das conquistas e da autoridade “espirituais”. Meu Deus! A história da igreja está repleta de erros causados pelos desvios dos ensinamentos mais elementares do Senhor. “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui”. Ou ainda:” De que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma”! Ai a igreja vai e se deixa seduzir pelo governo terreno e torna-se Oficial do Estado com direito as todas tramóias pelo poder político e econômico. “Ninguém sabe o dia e a hora”! E quantos já não marcaram a data da volta de Jesus? Há casos de cidades sendo fundadas ou conquistadas à força para serem palco de sua volta. Recomendo “Caminhada cristã na história”- Alderi Souza de Matos – para mais detalhes. Em todos os setores e de todos os lugares vêm o discursos de que os tempos são outros e as estratégias precisam ser outras também. Concordo, entretanto, sem jamais mudar, adaptar e tão pouco distorcer as palavras e O espírito imutável “Das Boas Novas”. Só Jesus!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

ESPIRITUALIDADE EGOLÁTRICA - CARLOS QUEIROZ

Na espiritualidade ególatra, o sacerdote se confunde com a divindade. A egolatria não é o simples cuidado do indivíduo consigo mesmo. Cuidar de si mesmo, afinal, é uma virtude. Quando praticamos o cuidado conosco mesmos, aprendemos a amar mais as pessoas. A egolatria não é também um sentimento de egoísmo. O indivíduo egoísta tem a expectativa de que todas as coisas e pessoas estejam em torno de seus interesses. Sem dúvida, isso é pecado; mas não é, ainda, um culto ao ego. Isso porque, enquanto o egoísta deseja que todas as coisas existam para atender seus interesses, o ególatra acredita que tem o poder para mover todas as coisas e pessoas em torno de si. A principal marca do ególatra é a cobiça, às vezes demonstrada por atitudes extremas. Tal sentimento foi muito bem exemplificado na proposta do diabo a Cristo: “Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares.” A egolatria é mais danosa do que a idolatria. E existe, lamentavelmente, uma espiritualidade ególatra, aquela que é caracterizada pela prática religiosa cujas celebrações e liturgias favorecem a promoção de personalidades. Na idolatria, a divindade é inanimada; o ídolo não controla a situação. Já na egolatria, o ego-deus tem boca e fala; tem nariz e cheira; tem pés e anda. Ele tem uma inteligência cheia de artimanhas; em geral, possui carisma e cativa as massas. O ego-deus consegue passar a ideia de que foi o único dotado para uma missão especial – assim, possuiria poderes especiais, como uma capacidade mística de desvendar os mistérios escondidos no além e trazer revelações sobrenaturais. Nas instituições caracterizadas pela egolatria, há a necessidade de intermediários entre os devotos e o divino. Por essa razão, os cargos e papéis espirituais são uma espécie de concessão do ego-deus a esses intermediários, sob a condição de trocas simbólicas e materiais. Diante de um ego-deus, todos os seguidores obedecem, sem o mínimo de discernimento. Qualquer atitude crítica é denunciada como rebeldia intolerável. A egolatria é marcada pela necessidade de promoção pessoal, vanglória e arrogância. Os ególatras necessitam de títulos que os façam diferentes. Em se tratando da vocação pessoal, os dons e ministérios não representam habilidades para servir às pessoas; eles são, isso sim, títulos particulares, espécie de insígnias ostentadas como demonstração de poder e domínio. Nos ambientes marcados pela egolatria, títulos que, em si mesmos, em nada credenciam seus detentores como sobre-humanos – como pastor, padre, bispo, apóstolo –, assumem um significado de divinização de indivíduos em seus feudos religiosos e redes de submissão ao seu controle. Na espiritualidade ególatra, o sacerdote se confunde com a divindade. O agente mágico e a divindade fundem-se numa só personalidade. Mas o ego-deus é materialista, possessivo, vingativo; seu discurso não glorifica ao único Deus, Senhor dos céus e da terra, mas favorece a própria dominação, estimula a vassalagem dos seguidores e legitima a dinâmica do poder. A legítima pregação bíblica é substituída por um discurso caracterizado por frases-feitas e palavras de ordem supostamente capazes de mover a mão divina, decretar a bênção e promover bem estar físico e material aos adeptos – normalmente, em troca dos chamados sacrifícios, quase sempre realizados através do dinheiro. Se, numa determinada comunidade, as pessoas estão dando mais ênfase à experiência espiritual que isola, discrimina os de fora e põe os supostamente espiritualizados em pedestais, é bem provável que estejamos diante da espiritualidade egolátrica, e não do modelo proposto por Jesus Cristo. No Evangelho de Cristo, o que é aparentemente oculto é revelado aos pequeninos do seu Reino. As boas novas “escondidas” em Deus, de fato, estavam sempre presentes; todavia, os seres humanos sofisticados não compreenderam a singeleza dessa mensagem: a de que aos pobres e aos pequeninos é que foram reveladas as boas novas a respeito do Reino de Deus (Lucas 10.18-19). As “revelações” recebidas pelos poderosos dos empreendimentos religiosos não dizem respeito à mesma revelação anunciada pelo Filho de Deus aos pobres e pequeninos. É muito importante que saibamos discernir entre a espiritualidade revelada por Jesus de Nazaré e aquela praticada nas ambiências egolátricas da cristandade brasileira.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

CENAS DE VIAGEM - PAULO CILAS

Aprende-se com tudo. E uma viagem longa então nem se fala; e da última, relato quatro acontecimentos interessantes. (1) Como que com tão pouco fazemos algo grande. Mantemos um trabalho social com crianças em agrovila em Alcântara - Maranhão. O dinheiro mandado é pouco e não nos exige muito esforço, contudo, é recebido com alegria e gratidão. Mas, mais que a alegria pela manutenção do projeto -que inclui alimentação e reforço escolar- é a alegria com que somos recebidos. Eu e Izaias - diácono e amigo- sentimos isso de perto. Um pouquinho de tempo mais uma dose de atenção são capazes de suscitar sorrisos e amizades. Meu Deus! Como temos perdido o hábito dos gestos simples, da doação pura. No final somos nós mesmos os ajudados. É paradoxal: esvaziamos-nos e ficamos cheios! (2) Fazendo diferença. Quando voltamos à São Luis começando o regresso fomos devolver o carro que alugamos - quando viajamos em dois podemos rachar despesas e ai até alugar carro é possível- e as atendentes não conseguiam encerrar a conta por causa de "sistema lento". “Enquanto isso conversávamos entre nós assuntos variados mantendo o bom humor e sempre com citações “da verdade” fugindo dos chavões crentes”. O que quero dizer é que é possível, e recomendado, falar da verdade sem parecermos gente estranha, superior e que põe nas palavras e frases viciadas sua perspectiva de vida cristã. Bom, mas eis que de repente a moça mais velha naturalmente disse: "Quem dera se todos fossem assim como vocês! Ora, eu sei que tenho os meus dias difíceis, mas, sei também que mesmo neles posso demonstrar a razão da minha fé. Ainda que vacile momentaneamente. 3)Classe D. Antes de tudo um aviso aos viajantes: se estiverem em viagem com conexão em Brasília orem para que não aconteça na quinta-feira. Olha, vou contar uma coisa absurda. Tinha comprado minha passagem com mais de mês de antecedência e eis que na hora do embarque um aviso se fez ouvir: "faremos a chamada por ordem de letras. Se não foi isso foi algo parecido. Só sei que desconfiado olhei o canhoto do bilhete recém tirado no "chequin"; não deu outra: classe D. Os Deputados federais e Senadores de fato não trabalham na sexta e todos tinham tomado de assalto o meu vôo que faria escala em São Paulo. Os representantes do povo estão acima do povo com privilégios já por demais conhecidos. O mais triste é perceber que este mesmo mal assola a igreja. As palavras de Pedro 1 Pe. 5 são ignoradas e os líderes religiosos também arrogaram para si privilé- gios e ganhos dominando sobre todos. Corremos sérios riscos de sermos D em "Brasília" e na igreja. (4) Tolos contraditórios. Os sinais do egoísmo, do hedonismo estão por toda parte, mas, o que chama mais a atenção é que cada vez mais fechados dentro de nós, com graves dificuldades para a confissão de pecados, aceitação de deficiências e limitações, nos expomos desbragadamente nas redes sociais e aos celulares. Ainda no aeroporto, esperando por longas horas na sala de embarque uma figura me chamou a atenção. Minto, chamou a atenção de muita gente. Baixinho e com alguma diferença no tamanho das pernas que o fazia dar uma pequena ... é, como vou dizer? Sim, ele rebolava enquanto andava. Entretanto, não era isso que o destacava. Tal fato só OTIMIZAVA sua conversa ao celular em tom altíssimo sobre assuntos de trabalho, domésticos e tudo com direito a palavras cavernosas. E, pior ainda. Ele dava voltas e mais voltas em torno das cadeiras lotadas do salão. O chato é que ele passava por mim falando um assunto e na próxima volta já "tava" em outra parte ou assunto diferente.Quase que passei a segui-lo para saber como terminava tudo. Percebi que somos pródigos em expor nossa tolice e banalidade, embora, escondamos cada vez mais quem somos de fato. É, aprende-se muito a qualquer momento. Em viagem então!!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O PECADO NA ERA PÓS- CRISTÃ - ARIOVALDO RAMOS

Num desses dias, alguém me perguntou como se deve proceder quando em pecado. Respondi o óbvio: arrepender-se. A pessoa contestou dizendo que o pecador também é vítima e precisa ser entendido como tal. Essa me parece ser a discussão dos dias correntes: pecador ou vítima? A Bíblia reconhece que qualquer pessoa pode ser vítima do pecado de alguém ou mesmo da conjuntura social, ou da estrutura politico-econômico-social, porém, não entende que isso possa justificar qualquer ato pecaminoso. Para a Bíblia todo ser humano é sujeito da e na história, principalmente, de sua história. Todos são pessoalmente responsáveis, ainda que possa haver atenuantes ou agravantes. Para a Escritura Sagrada o que se pede do pecador é que se arrependa, isto é, que assuma o seu erro e a sua responsabilidade. Arrepender-se é aceitar a punição da lei. Um pecador arrependido é aquele que admite merecer a punição que a Lei de Deus prescreve para ele. Que, em última instância, é a morte: “A alma que pecar, morrerá” (Ez 18.4). O Novo Testamento, entretanto, nos ensina que todo o pecador que se arrepender, isto é, todo o que admitir e confessar o seu pecado será por Deus perdoado, como ensina o apóstolo João (1 Jo 1.9). E, por ser perdoado por Deus, deve ser perdoado pelo ser humano a quem ofendeu. Entretanto, o pecador não tem como exigir o ser perdoado. O pecador pede perdão, mas, não o exige; pelo simples fato de que perdão não é um direito do pecador, é uma benesse do ofendido. Porque perdão é graça. É verdade que o cristão não tem como não perdoar (Mt 6.12). Contudo, essa é uma questão entre a vítima e Deus. Além disso, o pecador não tem o direito de reclamar do sofrimento de que foi acometido como consequência de seus atos - no relacionamento ofensor e ofendido (isso não justifica o ofendido, caso sua reação seja pecaminosa). É a lei da semeadura: “Semeia-se vento, colhe-se tempestade” (Os 8.7). E é preciso que se diga que, por pior que seja o sofrimento que o pecado venha a provocar sobre o pecador, ainda é menor do que o Inferno ao qual ele fez jus. Todo o que confessa o seu pecado será perdoado e restaurado por Deus (1 Jo 1.9). Porém, confessar é assumir a responsabilidade e admitir a justiça da punição pelo que fez. Ainda que a punição não virá pelo fato de já ter sido sofrida por Cristo. Nesta época tal reflexão está se tornando impensável: porque vivemos numa era de vítimas. Hoje, não importa o erro que a pessoa cometa, ela é sempre vítima: seja da sociedade, seja da história, seja da economia, seja da política, seja das instituições, seja da família. Ninguém é culpado. Logo, como alguém disse: é uma época em que ninguém assume a responsabilidade, nem adia prazeres e nem se presta a sacrifícios. Essa época é pós-cristã não porque não se fale mais de Deus (pelo contrário, provavelmente, poucas vezes na história se falou tanto de Deus), mas, porque não se fala e nem mais se admite a realidade do pecado. Esta é uma era onde não há mais pecadores, só há enfermos. É o auge do humanismo: o pressuposto de que o ser humano é intrinsecamente bom venceu; e, ora, gente intrinsecamente boa não peca, adoece. E doentes são vítimas. O que ainda não se percebeu nesta presente época é que doentes não podem ser perdoados. Só pecadores podem ser perdoados. Logo, só pecadores podem ser restaurados; só pecadores podem ser tornados puros de toda a injustiça que cometeram. O que será dos que estão prontos para assumir que estão enfermos, mas, jamais que são pecadores? A probabilidade maior é a de continuar pecando cada vez mais e pior, contraindo, aí sim, uma doença para a qual não há cura: a voracidade de ser aceito de qualquer jeito, por julgar ter o direito de ser de jeito qualquer. Essa enfermidade coloca a pessoa a deriva dos mais grotescos apetites, tornando-a escrava dos instintos, que se tornarão cada vez mais irresistíveis. É a escravidão do pecado (Jo 8.34). E disso só se escapa quando, finalmente, a todos os pulmões o pecador confessa: “Minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa”.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

PASTOREIA AS MINHAS OVELHAS - MARCELO GOMES

Publicado em 22.02.2008 Amantes cuidam. Protegem. Interessam-se pelo bem-estar da pessoa amada. Interessam-se por tudo que lhe diga respeito ou interesse. São voluntariosos e têm prazer em servir. Se vêem o outro feliz, ficam felizes também. Se o vêem sofrer, sofrem. Amantes não medem esforços para satisfazer as necessidades daqueles a quem querem bem. Jesus perguntou a Pedro: “Tu me amas?”. Já havia lidado com as imperfeições de Pedro. Sabia de sua impulsividade, sua raiva, sua soberba. Já havia profetizado sua negação. Não tinha qualquer fantasia a seu respeito e tampouco o idealizava. Não queria saber se jamais erraria de novo ou se poderia corresponder às expectativas. Só perguntou se o amava. Pedro respondeu “sim”. Lembrou que o Mestre sabia de todas as coisas e, por isso, sabia que o amava. Só poderia mesmo ser um ato da onisciência; não havia nas ações recentes do velho pescador qualquer evidência convincente dessa verdade. Não o amava porque fazia por provar, mas porque podia ser visto por dentro, pelo próprio Jesus. “Pastoreia as minhas ovelhas” – Jesus ordenou a Pedro. Amantes cuidam. Pedro, na condição de amante, com suas imperfeições e dificuldades, estava convidado ao único posto que um amante pode ocupar, ainda que seja limitado: o lugar de um pastor. Porque pastores não são aqueles que possuem títulos e cargos. Muito menos aqueles cujo interesse consiste em provar a si mesmos. Pastores são amantes, interessados no bem do amado. O bem é o rebanho. Não é às ovelhas que amam. Amam Àquele que as ama infinitamente. Amam-nas por Sua causa. Consideram o preço que pagou por elas e não podem negligenciar seus interesses. Sabem o quanto Lhe são importantes. Por amor, pastoreiam-nas. Não por qualquer outra razão. Se falham, ao Seu perdão recorrem com a confiança dos amantes. Se têm sucesso, à sua graça atribuem todo o bem fazer. São amantes, nada mais. O amor a Cristo é a força motivadora dos crentes para o pastoreio mútuo. Envolve serviço, dedicação e, às vezes, até recursos. Não é fácil. Fácil é encontrar quem queira ser pastoreado, socorrido, atendido em suas necessidades. Para desejar que me pastoreiem, basta amor próprio; para desejar pastorear alguém, é preciso que ame a Cristo acima de todas as coisas. “Cristãos, vós me amais?” – pergunta, hoje, o mesmo Jesus. “Pastoreiem minhas ovelhas”. O Senhor está à procura de amantes, homens e mulheres transformados, crentes cheios do Espírito de Amor, pessoas interessadas em servir ao Deus de suas vidas no cuidado daqueles que lhe são caros. Mas quem cuidará deles? Quem lhes atenderá quando estiverem cansados ou desanimados? O Amado os pastoreará. É o supremo Pastor. Cuidará de suas necessidades porque é o Amado e o amante. Ou esquecemos de que O amamos porque Ele nos amou primeiro? Sabe o que precisamos e suprirá nossos corações. Na maioria das vezes, enviará outros amantes, pessoas comuns e dedicadas, ombreadas conosco nesse ministério de cuidado. Daremos graças por suas vidas. Descobriremos o quanto é importante continuar. Na bênção!!! Tudo Pelo Reino

sexta-feira, 13 de abril de 2012

DESCULPE-ME, MAS SOU UM MERO PASTOR - FELIPE COSTA NO "MERO CRISTIANISMO"




…porque eu não vou mudar a minha voz para que você sinta segurança, achando que tenho alguma autoridade, quando eu falar;

…porque eu não vou pensar por você para facilitar sua jornada espiritual;

…porque eu não vou falar mais alto do que você precisa para ouvir;

…porque eu não vou lhe ensinar a determinar ou dar ordens ao Pai, como um filho mimado o faz;

…porque eu não lhe dizer que você é um vencedor quando o a sua espiritualidade está falida;

…porque eu não vou lhe ensinar a temer a Deus mais do que a amá-lo;

…porque eu não lhe direi que você é especial simplesmente por estar frequentando uma Igreja;

…porque eu não alimentarei o seu ego pregando somente as coisas que você gosta de ouvir;

…porque eu não lhe ensinarei a ser próspero a qualquer custo enquanto o mundo morre de fome;

…porque eu não lhe ensinarei a mover as mãos de Deus através de uma oferta sacrificial;

…porque eu não lhe direi que Deus me revelou algo que não está no texto, somente para fazer a mensagem melhor para você;

…porque eu não lhe direi que você não pode beber, se tatuar, ouvir músicas que não tocam na Igreja somente para facilitar o meu pastoreio;

…porque eu não vou lhe ensinar que a igreja de quatro paredes é a casa de Deus;

…porque eu não vou lhe ensinar que se você entregar o dízimo sua responsabilidade com os necessitados estará cumprida;

…porque eu não vou transformar a reunião do culto numa rave para que você fique atraído pelo ambiente;

…porque eu não vou lhe ensinar a marchar por Jesus, enquanto Ele quer que marchemos pelo próximo;

…porque eu não lhe darei uma lista do que pode ou do que não pode para você farisaicamente siga um mandamento no lugar de um Deus;

…porque eu não lhe ensinarei que há um Diabo maior do que a Bíblia conta somente para você poder colocar em alguém a sua culpa;

…porque eu não lhe ocultarei os meus erros para você pensar que é liderado por alguém melhor que você;

…porque eu não vou falar em nenhuma outra língua além da que você consegue compreender;

…porque eu não lhe tratarei melhor por causa do carro que você anda, da roupa que você veste ou do dinheiro que você põe no gazofilácio.

Dentre muitas outras coisas que poderia dizer: fique certo: sou um péssimo pastor.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

CREIO NA RESSURREIÇÃO DO CORPO - ED RENÉ KIVITZ



Os cristãos do primeiro século escandalizaram o mundo afirmando que Deus se fez carne, padeceu e morreu no corpo, e no corpo ressuscitou. O Credo Apostólico ecoou no mundo antigo e reverbera até hoje: Creio na ressurreição do corpo, o que acarreta uma absoluta revolução na vida desde aqui e para a eternidade. A respeito disso, Paulo Brabo comenta a obra de Alan F. Segal, Life After Death, que discorre sobre a geografia e a história da vida após a morte na cultura ocidental, e também a respeito da radical diferença entre o pensamento grego e o pensamento judaico-cristão.

Os gregos acreditavam que a essência do ser humano é a alma. O corpo é uma prisão, disse Platão. Acreditavam que o corpo era perecível e efêmero, diferente da alma, imperecível e eterna.

Mas a Bíblia Sagrada ensina diferente. Os primeiros cristãos sabiam que o corpo seria preservado para a vida eterna, pois não somente a alma, mas também o corpo é parte essencial do que somos.

Os gregos falavam da vida eterna em termos de imortalidade da alma; os judeus e os primeiros cristãos falavam da vida eterna em termos de ressurreição do corpo, comenta Paulo Brabo. O ser humano é indissociável do corpo. Não é correto dizer que temos um corpo, pois na verdade, somos um corpo. A morte física não é, portanto, a oportunidade de nos livrarmos da prisão do corpo, pois é na ressurreição que é redimido e encontra finalmente sua plenitude. Paulo, apóstolo, ensina que, na ressurreição do corpo, o que é mortal é revestido de imortalidade, e o que é corruptível é revestido de incorruptibilidade. A esperança cristã é claríssima: a morte não implica a reencarnação, nem tampouco a dissolução do corpo (e do espírito e da alma) no todo etéreo imaterial. A morte não é a última palavra, pois vivemos na esperança da ressurreição: Se esperamos em Cristo apenas nesta vida, somos os mais miseráveis dos homens, disse o apóstolo Paulo.

Não deve causar espanto, portanto, o fato de Jesus ter dado tanta importância ao corpo. Seus milagres se concentraram na restauração do corpo. Isso pode ser entendido de duas maneiras. Primeiro como denúncia profética da condição humana que resulta da rejeição a Deus. As curas de Jesus são de fato uma dramatização exterior da restauração da identidade humana. A sabedoria judaica diz que a idolatria é um caminho de desumanização: os ídolos têm boca, mas não falam; olhos, mas não vêem; pés, mas não andam. O poeta bíblico diz que todos os que adoram ídolos acabam se tornando iguais a eles, isto é, desumanizados, coisificados, sem vida. Paulo, apóstolo, diz que o que nos confere identidade humana é o sopro divino, e que, uma vez que trocamos a glória do Criador pela glória das criaturas – ídolos, perdemos nossa identidade humana. Quando Jesus cura um cego, um homem mudo, um aleijado ou um leproso, está não apenas mostrando o que nos tornamos, como também e principalmente mostrando o que podemos e devemos nos tornar quando redimidos e reconciliados com Deus.

As curas físicas operadas por Jesus apontam também para o fato de que a redenção é essencialmente o resgate da plena identidade humana, o que necessariamente implica a redenção também do corpo. Isso não significa, como entendiam os gregos, que, ao realizar curas físicas, Jesus se rebaixou aos cuidados do corpo. Muito ao contrário, ao curar o corpo Jesus aponta exatamente a elevação do corpo como imprescindível constituinte da verdadeira, ou integral, identidade do que se pode chamar humano.

Não é pouco, portanto, celebrar a Páscoa como festa da ressurreição. Os cristãos, em todos os tempos, afirmam algo singular: cremos que Deus se fez carne; cremos que padeceu, morreu e ressuscitou em carne; cremos na ressurreição do corpo.

Celebrar a Páscoa como ressurreição de Jesus é afirmar a vida em sua plenitude e o ser humano em sua totalidade. Celebrar a Páscoa como ressurreição é afirmar o corpo como sagrado. Celebrar a Páscoa como ressurreição é afirmar a esperança da vida eterna!

fonte: Blog do Ed René Kivitz

segunda-feira, 5 de março de 2012

FAÇAMOS NOSSO NOME CÉLEBRE - PAULO CILAS




O que passo a discorrer é assunto recorrente no que escrevo e falo. Por vezes me sinto irritantemente repetitivo, contudo, como não voltar àquele tema que é o princípio de toda ruína humana e angelical. A soberba e todos os seus sinônimos: vaidade, orgulho, etc. Tenho como certo que todo pecado nosso traz conseqüências tristes e mais ou menos danosas. Mas, a soberba desde a sua origem no coração do “anjo de luz” tem conseqüência para a eternidade. E, por ser tão calamitosa deveria ser evitada com todas as nossas forças. Deveríamos estar em guarda, em alerta máximo.

Sutil, ou escancaradamente, fato é que ela sempre se aloja em nosso meio. Ela simplesmente ignora “a bacia e a toalha de Jesus”.

Em mim e em minha volta é fácil ver e lembrar suas manifestações: Acabara de voltar para a Igreja – depois de quase três anos fora – uma pequena comunidade reunida numa sala alugada que chamaríamos erroneamente de humilde. Pois bem, povo alegre, renovado e pentecostal. Vigílias na praia, na chuva, na fazenda e até numa casinha de sapê. Manhãs de oração até que... Foi encontrado pecado em nós. Uma frase se fez ouvir: “Nossa Igreja é a Igreja que o Senhor tem levantado nesses dias!”. Pronto, no meu coração juvenil aquilo soava como licença para passar em frente aos templos de outras comunidades e desqualificá-las chamando-as de cemitério, geladeiras e adjetivos igualmente depreciativos.
E no meio de nossa denominação, então? Por termos uma juventude atuante éramos motivos de comentários – o pessoal de Vitória “tai”, que benção!
Em pouco tempo nossos cultos, em nome de uma espiritualidade e santidade que passam a existir e agir mais pela força do homem do que pela sua entrega a Deus tornaram-se longos e desconexos. Ficamos loucos sob o pretexto de que Deus vai falar, vai agir, vai revelar. Logo, logo entramos na “Lógica do Formigueiro” (ver artigo postado aqui). Nossos barulhos não faziam diferença no mundo exterior. Depois,inevitavelmente, vieram rupturas e gente ferida. Facções com novas verdades do evangelho. Líderes em nome de Jesus sempre começam novas “igrejas” com aqueles que o seguiram e outros chamados para uma “nova visão”. Vi, no Rio, o surgimento das “ditas comunidades”. Sim, por que alguém disse que “igreja” ou “denominação” é coisa do homem ou do diabo, ou dos dois juntos, e que, a libertação plena estava agora nas comunidades. Jovens, principalmente, corriam para as várias que se multiplicavam com grande fervor. “Este é o povo que o Senhor tem levantado”! E lá vamos nós de novo.
É incrível como nos esquecemos que somos doentes e que temos como única virtude o aceitar isso e receber o médico e seu tratamento. E , assim, passamos rapidamente a uma postura orgulhosa como se fôssemos superiores a quem quer que seja.

Assistimos na TV e lemos nos jornais um problema de desvio de dinheiro envolvendo uma grande denominação. Perguntado sobre o que achava, respondi o que para mim é bem óbvio: A pequena igreja inicial de Jesus, com doze membros, tinha um discípulo com problemas severos com dinheiro. E o líder era Jesus, hein! Sinceramente, para mim, isso não me surpreende. Agora, acrescentei , é uma ótima oportunidade para que essa denominação – que não gosta de ser chamada assim, pois dominação é coisa de homem, ou do diabo – perceber que não é melhor, maior, mais exclusiva, mais “obra” que outros grupos. É tão somente constituída por homens tão miseráveis como o apóstolo Paulo que assim auto se denominava.
Ouvi dizer que um pastor, que está tendo um crescimento espantoso através de um determinado método, e que adquirira um terreno muito grande para um novo templo, teria dito: “Quem passar pela rodovia onde o novo templo será erguido, não terá a atenção chamada só pelo templo católico há muito já edificado ali”. Não duvido da fé desse pastor – se é que ele disse isso mesmo. Mas, o enredo é o mesmo. Quem duvidaria do querubim ungido? O sinete da perfeição?
Ao ler os livros de história, em muitos momentos a igreja está envolvida. E sempre, não de vez em quando, que buscou grandeza, se complicou. Homens foram engrandecidos por outros homens e só. Cruzados, navegadores queriam conquistar Jerusalém para Jesus voltar. E eles propiciariam isso. Outros, seguindo visões, fundaram cidades também preparando lugar para o Senhor. Todos, absolutamente, todos diziam fazer a obra do Senhor. Todos, absolutamente todos, diziam fazer tudo para honra e glória do Senhor. Mas, desses, nenhum se diminuía como João Batista.
Na construção da torre de Babel o homem, em franca desobediência,só queria enaltecer seu nome.
Já na “igreja” acrescentamos: "É para a Glória do Senhor"... Mas, que nosso nome seja célebre.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

AS BEM-AVENTURANÇAS DOS PASTORES "IDIOTAS" - GEREMIAS DO COUTO



Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", quando fordes xingados com este epíteto simplesmente por acreditardes no que disse Jesus: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem, e onde os ladrões minam e roubam" (Mateus 6.9). Tal ato insano, ao invés de vos maldizer, mostra que ainda estais firmes na verdade.

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", que não sucumbistes aos "encantos" da teologia da prosperidade por compreender que "os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína" (1 Timóteo 6.9). Não vos entristeçais, nem penseis que estais sozinhos. Há muitos outros "idiotas" convosco, inclusive o apóstolo Paulo.

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", por não vos curvardes aos arautos que vos maltratam em virtude de crerdes que aos ricos deste mundo a Palavra de Deus ordena: "Não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas" (1 Timóteo 6.7). Tal maldição é, na verdade, um reconhecimento de que pondes a vossa confiança não nas riquezas desta vida, mas na abundância que vos é dada para a glória de Deus.

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", que resistis aos apelos dos que vos querem enredar com o brilho do ouro que perece, porque vós bem sabeis que é vosso dever continuardes a ensinar às suas ovelhas "que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis" (1 Timóteo 6.18). Saibais que outros "pastores idiotas" iguais a vós foram já recebidos na glória e aguardam o precioso galardão.

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", porque não perdestes a visão da semeadura e, por isso mesmo, sabeis que não se ganham almas com o glamour das riquezas humanas, mas com a sementeira do evangelho. Sem esquecerdes da advertência da parábola do semeador, que diz: "Os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera" (Mateus 13.22).

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", por não perfilardes o triunfalismo da pregação humanista, centrada no homem, que enriquece a quem prega e defrauda a quem ouve. Ainda que vos pareça estardes "fora do modelo contemporâneo", alegrai-vos porque continuais apegados ao modelo bíblico, que diz: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo" (Gálatas 6.14).

Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", que embora injuriados pela vossa pregação "arcaica", ainda carregais no bolso do vosso coração a credencial de servo do Altíssimo, enquanto alguns já a trocaram pelas credenciais de semideus, arrogante e soberbo e usam-na ao sabor das circunstâncias para se locupletarem em cima da lã de suas ovelhas.

Bem-aventurados sóis vós, "pastores idiotas", que, enquanto alguns voam os céus do mundo em modernos jatinhos, trafegam as grandes avenidas em luzentes automóveis e se deleitam nos mármores de grandes mansões, o vosso prazer é estar junto das ovelhas, alegrardes com elas e, se preciso for, dar por elas a vossa própria vida. Não vos esqueçais que outros "idiotas" iguais a vós se encontram já no Reino do Pai.


Bem-aventurados sois vós, "pastores idiotas", que preferis o "prejuízo" da coerência, da fidelidade a toda prova aos princípios imutáveis da Palavra de Deus, do que sucumbirdes - ainda que tentados - às lentilhas que se vos oferecem para amenizar eventuais necessidades imediatas. Mais vale o pão dormido da consciência tranquila do que os banquetes da consciência aprisionada.


Bem-aventurado sois vós, "pastores idiotas", pelo modo como sois tratados por amor do nome do Senhor e por não vos enredardes pelo brilho passageiro da glória humana. Não sois melhores por isso, mas também não sois piores. Todavia, enchei o vosso coração de alegria porque o vosso nome faz parte da galeria dos heróis da fé que professam somente a Cristo e têm Deus como o bem maior da vida. Tende como lema o que Paulo ensinou: "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos" (Filipenses 4.4).

Assina um "idiota" como todos vós.


No blog do autor. Divulgação Genizah

UMA IGREJA VERDADEIRAMENTE PRÓSPERA -Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 13, Nr. 49, Jan-Mar 2012.

Que parâmetros podem ser utilizados para que uma igreja seja avaliada como próspera nos moldes bíblicos, e não pela teologia da prosperidade?

É uma igreja equilibrada. Uma igreja próspera não pende nem para pregar a teologia da prosperidade nem a teologia da miséria. É uma congregação que sabe motivar seus membros a trabalharem, a confiarem em Deus e a contribuírem para que todos tenham o necessário para sua subsistência. O equilíbrio dessa igreja faz com que ela entenda que pobreza não é sinal de maldição de Deus, nem que a riqueza é necessariamente um sinal da bênção de Deus (muitos ricos, crentes, burlam o fisco com declarações falsas e ainda contam esses fatos como vitórias que Deus lhes concedeu. Esquecem-se do A César o que é de César...).

É uma igreja aberta às necessidades de seus membros. "Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre" (Mt 26.11). Jesus não desfez dos pobres, e deixou claro que eles sempre existiriam. Uma igreja próspera não despreza aqueles que tem poucos recursos em detrimento dos que tem muito: "se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores" (Tg 2.9). Uma igreja próspera é consciente de que não pode desprezar seus pobres, e que deve assistilos, como o fizeram a Igreja em Jerusalém (nos dias dos apóstolos, as viúvas dos gregos reclamaram que estavam sendo preteridas na distribuição dos recursos ofertados, e nesse momento foi instituído o diaconato, a fim de que houvesse equilíbrio na distribuição dos recursos) e as igrejas dos macedônios (uma comunidade de igrejas compostas de pessoas predominantemente pobres, e que precisavam de ajuda financeira, mas que por terem se dado primeiramente ao Senhor, abriram mão do pouco que tinham para cooperar com os crentes em Jerusalém - 2 Co 8).

É uma igreja que não se esquece de partilhar seus recursos para a obra de Deus. Muito se pode fazer por meio de ofertas missionárias e outras manifestações de generosidade para com a obra de Deus. Há igrejas em nossos dias que pagam altas somas de dinheiro para que um artista venha ao templo, cante três músicas e vá embora sem permanecer ou participar do culto. Curiosamente falando, raramente essas igrejas demonstram o mesmo grau de generosidade para financiar um curso teológico para um obreiro que deseja se capacitar, e raramente enviam ofertas missionárias a obreiros que estão em tempo integral evangelizando e pregando o evangelho. Uma igreja próspera investe no Reino, na divulgação do evangelho e na preparação de obreiros que servirão a Senhor.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

TEM EVANGÉLICO QUE DÁ MEDO - MARCELO LEMOS


Tem evangélico que dá medo...

Hoje encontrei uma matéria triste no Genizah. Na verdade, dado o objetivo do site, sempre há algo triste para se ler. Talvez isso cause desconforto entre alguns, já que fazer apologia para dentro do Corpo, ou seja, denunciar os erros dos próprios evangélicos, sempre causa alguma dor. Dizer a um evangélico que ele errou é como lhe falar mal da mãe, pois parece que nos sentimos dotados de algum tipo de infabilidade quase papal. Mas, tenho uma matéria bem especifica em mente. Genizah publicou uma foto medonha, na qual um grupo de adolescentes evangélicos aparece zombando de um presépio. Essa foto, que parece tão piedosa em seu intento, me fala de ignorância, intolerância e presunção.

Já leu a matéria?

Primeiro a presunção. No céu não haverá apenas cristãos, me parece que na mentalidade dos evangélicos as ruas celestiais serão povoadas apenas pelos evangélicos e, em muitos casos, por evangélicos denominacionais. Não basta ser cristão, é preciso ser evangélico; porém, ser apenas evangélico não é suficiente, para ter mais chances, é necessário ser evangélico de certo tipo. Qual tipo? Alguns parecem imaginar que o céu será dos assembleianos, dos batistas, outros que será exclusivo para os reformados... Essa mentalidade denominacionalista é perversa. Em primeiro lugar perverte o cristianismo. Em segundo lugar nos torna monstros. O personagem principal do livro Os Fantoches de Deus, de Morris West, chega à conclusão de que era demasiadamente duro ao julgar os outros cristãos, e mais propenso à caridade quando se deparava com erros em sua “família religiosa” (ele, no caso, um católico romano piedoso). É um risco que corremos, de achar que nossa tradição nos faz melhores que os outros, e assim confundimos as nossas tradições com a essência mesma do Cristianismo. Pode até ser que nossas tradições denominacionais sejam melhores, mais adequadas, ou até mesmo mais bíblicas. Porém, isso não nos faz melhores que nossos semelhantes. Não importa o quanto nossa tradição é bela, ou bíblica, continuamos sendo pecadores carentes da Graça de Deus, como todos os demais. Somos salvos pelas nossas tradições (pentecostalismo, credobatismo, salmodia exclusiva, etc), ou pela fé em Nosso Senhor Jesus Cristo?

Depois vem a ignorância e a intolerância. Essas duas andam quase sempre juntas. E, juntas, podem levar ao fanatismo. Para mim, um fanático é alguém cego, exceto para ver suas próprias qualidades, ou as qualidades de sua ideologia, sejam elas reais ou imaginadas. Por outro lado, o fanático é incapaz de ver os seus próprios erros, sempre arrumando alguma desculpa piedosa para seus deslizes e abusos (que certos evangélicos famosos não me deixem mentir, risos).

Recentemente tenho dedicado boa parte do meu pouco tempo ‘livre’ para colocar na rede uma TV online, que denominamos Basileia Tv. ‘Basileia’ é um nome muito apropriado, pois no grego significa “o reino”. O objetivo do nosso ministério é promover o reino, seja através da nossa pregação, evangelismo, ou no que fazemos na internet. Sendo um calvinista, alguém já questionou como eu poderia transmitir musicas de ‘pentecostal’, ou mesmo com algumas letras ‘arminianas’? Ou ainda pior: sendo um evangélico, como eu posso ter colocado na grade musical um ou duas musicas ‘católicas’? Minha resposta é bem simples, e não espero que todos concordem comigo: o Reino de Deus não pertence aos calvinistas, reformados e evangélicos. O Reino de Deus pertence aos cristãos. Em outras palavras, antes de ser calvinista, antes de ser anglicano, antes de ser reformado, sou um Cristão; antes das minhas tradições pessoais, Cristo! Evidentemente eu me guio por certos limites, mas isso não me faz cego para aquilo que há de belo nas outras tradições cristãs, mesmo que eu não concorde inteiramente com elas.

Por falar em presépio, no Natal passado, eu passei muitos minutos contemplando um maravilhoso presépio que foi montado em frente à Catedral da Sé, em São Paulo. Era um presépio maravilhoso, não só pelo tamanho, mas pelo material de que foi feito: papel reciclado. Ali, no coração de São Paulo, onde todos os dias a gente se depara com prostitutas, drogados, trombadinhas, e os ‘shows’ mais bizarros, por alguns dias, quase todos os olhares voltaram-se para a mensagem da Graça. Não me importa se aquele cenário da Graça foi montado por um católico romano, admirei o simples fato de ele estar ali, e de estar comovendo as pessoas. No entanto, boa parte dos evangélicos com os quais convivo, não apenas pareciam desejar que o tal presépio fosse consumido pelas chamas da Ira de Deus, como também desdenhavam aberta e publicamente da própria celebração do Natal! São em momentos assim que, apesar de saber que não há nada de errado com o termo, faço questão de dizer que “não sou evangélico”.

Entretanto, esse tipo de mentalidade bairrista não existe apenas em círculos pentecostais ou neo-pentecostais. Vejo isso por todos os lados. Dias desses, num debate teológico numa rede social, me surpreendi quando um “reformado” escreveu para um líder anglicano: “Cara, primeiro você vai tirar esse ídolo do seu perfil, arrepender-se de sua idolatria, para só depois eu conversar com você!”. Vejam, o “reformado” recusa-se a responder aos argumentos do outro, pelo simples fato de que este usava em seu perfil uma representação de Cristo usando um computador da Apple! A imagem, apenas uma representação artística e bem humorada, foi automaticamente identificada pelo outro como “ídolo” e “idolatria”! Isso é pura e simples cegueira! O fariseu sequer se deu ao trabalho de pesquisar o que é um “ídolo”, e muito menos o que caracteriza “idolatria”. Ele apenas viu uma representação de Cristo, e uma ira fanática o impeliu a gritar: Ídolo! Idolatria!

Eu gostaria de escrever tantas coisas a vocês! Termino com duas observações: não defendo aquilo que muitos chamam de “ecumenismo”, no sentido de unir todas as Igrejas, e deixando de lado a apologética, e a defesa da fé. Não se trata disso. Não quer dizer que eu não ‘brigue’ com católicos romanos, ou com arminiamos, sobre este ou aquele ponto de vista teológico. Que quer dizer então? Apenas isso: que apesar de nossas diferenças, a Salvação é pela Graça de Deus, ela é um dom imerecido, o que torna impossível sermos salvos por nossas opiniões e tradições! E tão importante quanto isso é dedicarmos algum tempo a conhecer melhor a história da Igreja, e a nossa surpreendente variedade e diversidade.

Parece-me estranho ver alguns pentecostais imaginando que o Cristianismo nasceu em Azuza Street, e alguns outros pensarem que isso de seu em Genebra... Amigos, nossa religião nasceu no primeiro presépio da História, com personagens de carne e osso, num casebre humilde em Belém. Hoje, quando vejo um presépio, com Jose, Jesus, os Magos e a Virgem, não sou tomado por qualquer impulso idolatra! Apenas olho e penso: Graça Maravilhosa, porque o Verbo se fez carne, e fez morada entre nós!



Marcelo Lemos, editor do Olhar Reformado, líder da Comunidade Anglicana Carisma, e colaborador do Genizah.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

PEIXES GRANDES E PEQUENOS - ED RENÉ KIVITZ

Na esteira do pensamento paralelo de Dostoiévski, que afirma que, se Deus não existe, tudo é permitido, podemos dizer também que a pluralidade de deuses conspira contra a unidade do ser. A ausência de Deus tira do universo e da humanidade seu fundamento moral. Caso tudo quanto exista seja apenas e tão somente a matéria, a substância originária e permanente de toda a realidade, podemos viver como os peixes grandes que devoram os peixes pequenos.

Quem deseja tomar a natureza como padrão para a organização social não tem razões para dar de comer a quem tem fome. O popular já expressou sua sabedoria egoísta: quanto menos somos, melhor passamos. Deixem morrer os pobres, que desapareçam as populações da periferia do mundo, assim teremos mais água, mais petróleo, mais condições de sustentabilidade para o mundo, diminuído o número de seu maior predador, a saber, o bicho homem.

Apenas a nocão de Deus como ser moral oferece à humanidade o fundamento da solidariedade indiscriminada. Essa é uma das grandezas do relato bíblico da criação: em Adão, todos os seres humanos são um, pois sobre todos repousa a dignidade divina. Jesus ensinou que assim como todas as moedas são identificadas pela imagem de César, também todos os seres humanos são identificados pela imago Dei.

O fundamento ético do universo e da humanidade repousa no amor, expressão do ser divino que a tudo dá origem. Isso implica necessariamente a compreensão de que a correlação que liga o homem a seu semelhante se realiza na compreensão de uma correlação superior, a que liga o homem a Deus e Deus ao homem, cuja síntese se revela no Cristo, Deus feito homem, único mediador entre Deus e o homens.

Essas são algumas razões porque, assim como a negação de Deus, a pluralidade de deuses inviabiliza a unidade do ser. Sendo verdadeiro que a relação do homem com Deus se manifesta na relação do homem com seu próximo, é imprescindível a pergunta a respeito do caráter desse Deus, que normatiza a relação entre os homens.

Muitos deuses, muitas éticas. Muitas éticas equivale a éticas em conflito em busca de hegemonia. Como os deuses não brigam entre si, brigam seus representantes (ou se preferir, os deuses brigam entre si através de seus pretensos representantes). O monoteísmo cristão, que afirma a unidade de três pessoas numa única divindade, diz que Deus é amor, a comunhão harmônica e perfeita do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Qualquer Deus vestido com roupas diversas do amor é um ídolo, um falso Deus, um demônio. A dedução óbvia é que muitos deuses são artifícios para o surgimento de um único e outro deus que pretende rivalizar com o Deus vivo e verdadeiro. Esse outro deus atende pelo nome de ego humano, que, no caminho inverso do amor, mergulha para dentro de si na pretensão estúpida de afirmar a si mesmo como fundamento do universo e centro do mundo. A idolatria e a descrença, isto é, a afirmação de muitos deuses e a afirmação de Deus nenhum, são duas faces de uma mesma moeda: a absolutização do ego humano.

Uma vez que somente na relação com seu semelhante – com quem é um – o ser humano se realiza, e que somente Deus oferece o fundamento para a unidade da humanidade, toda negação do amor, que equivale ao afastamento do outro, equivale também à desintegração do ser. Em termos concretos, Deus nenhum e muitos deuses são uma e a mesma coisa.

domingo, 22 de janeiro de 2012

REVOLUÇÃO CULTURAL - POR ED RENE KIVITZ

Acabo de ouvir Zigmunt Bauman por 30 minutos, em entrevista concedida a Sílio Boccanera, para o Programa Milêmio, da GloboNews.

Dos interessantes comentários a respeito do que Bauman chama de “revolução cultural”, tive alguns insights. Na verdade, dois. E ambos parafraseando o “penso, logo existo” de Descartes. Vivemos dias de “devo, logo existo”.

Bauman disse que na sociedade capitalista quem não consome, não existe. Deixamos para trás a caderneta de poupança: “consiga o dinheiro e compre o que que quiser”, e migramos para o cartão de crédito: “compre o que quiser e depois consiga o dinheiro para pagar”.

O resultado dessa mudança de paradigma de consumo é a dívida. Mudou o ditado. Antes se dizia “quem não deve, não teme”, hoje se diz “quem não deve, não existe”, pois quem não deve não interessa aos donos do crédito. E quem não interessa aos donos do crédito está alijado da sociedade.

Além de “devo, logo existo”, vivemos dias de “sou visto, logo existo”. Essa é a versão imposta pela tirania das redes sociais. Quem não tem twitter, blog, facebook está fora do horizonte de convívio social, cada vez mais virtual. A vida on-line substituiu a vida off-line. Vai crescendo o número de pessoas que deixam de existir assim que fecham seus computadores e desligam seus smartphones.

Aliás, o mundo vai se enchendo de gente que jamais fecha o computador ou desliga o smartphone. Apavoradas com a possibilidades de não serem vistas, isto é, não receber comentários e recados no facebook, e não ver sua coluna de mentions do twitter crescer, as pessoas temem deixar de existir.

E Bauman conclui como somente os sábios: “não tenho capacidade nem conhecimento para avaliar o que isso significa nem como vai ser o futuro”. A entrevista se encerra com Bauman encolhendo os ombros e virando os beiços como quem diz “e agora, José?”.

fonte: Blog do Ed René Kivitz

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...