quarta-feira, 13 de junho de 2012

CENAS DE VIAGEM - PAULO CILAS

Aprende-se com tudo. E uma viagem longa então nem se fala; e da última, relato quatro acontecimentos interessantes. (1) Como que com tão pouco fazemos algo grande. Mantemos um trabalho social com crianças em agrovila em Alcântara - Maranhão. O dinheiro mandado é pouco e não nos exige muito esforço, contudo, é recebido com alegria e gratidão. Mas, mais que a alegria pela manutenção do projeto -que inclui alimentação e reforço escolar- é a alegria com que somos recebidos. Eu e Izaias - diácono e amigo- sentimos isso de perto. Um pouquinho de tempo mais uma dose de atenção são capazes de suscitar sorrisos e amizades. Meu Deus! Como temos perdido o hábito dos gestos simples, da doação pura. No final somos nós mesmos os ajudados. É paradoxal: esvaziamos-nos e ficamos cheios! (2) Fazendo diferença. Quando voltamos à São Luis começando o regresso fomos devolver o carro que alugamos - quando viajamos em dois podemos rachar despesas e ai até alugar carro é possível- e as atendentes não conseguiam encerrar a conta por causa de "sistema lento". “Enquanto isso conversávamos entre nós assuntos variados mantendo o bom humor e sempre com citações “da verdade” fugindo dos chavões crentes”. O que quero dizer é que é possível, e recomendado, falar da verdade sem parecermos gente estranha, superior e que põe nas palavras e frases viciadas sua perspectiva de vida cristã. Bom, mas eis que de repente a moça mais velha naturalmente disse: "Quem dera se todos fossem assim como vocês! Ora, eu sei que tenho os meus dias difíceis, mas, sei também que mesmo neles posso demonstrar a razão da minha fé. Ainda que vacile momentaneamente. 3)Classe D. Antes de tudo um aviso aos viajantes: se estiverem em viagem com conexão em Brasília orem para que não aconteça na quinta-feira. Olha, vou contar uma coisa absurda. Tinha comprado minha passagem com mais de mês de antecedência e eis que na hora do embarque um aviso se fez ouvir: "faremos a chamada por ordem de letras. Se não foi isso foi algo parecido. Só sei que desconfiado olhei o canhoto do bilhete recém tirado no "chequin"; não deu outra: classe D. Os Deputados federais e Senadores de fato não trabalham na sexta e todos tinham tomado de assalto o meu vôo que faria escala em São Paulo. Os representantes do povo estão acima do povo com privilégios já por demais conhecidos. O mais triste é perceber que este mesmo mal assola a igreja. As palavras de Pedro 1 Pe. 5 são ignoradas e os líderes religiosos também arrogaram para si privilé- gios e ganhos dominando sobre todos. Corremos sérios riscos de sermos D em "Brasília" e na igreja. (4) Tolos contraditórios. Os sinais do egoísmo, do hedonismo estão por toda parte, mas, o que chama mais a atenção é que cada vez mais fechados dentro de nós, com graves dificuldades para a confissão de pecados, aceitação de deficiências e limitações, nos expomos desbragadamente nas redes sociais e aos celulares. Ainda no aeroporto, esperando por longas horas na sala de embarque uma figura me chamou a atenção. Minto, chamou a atenção de muita gente. Baixinho e com alguma diferença no tamanho das pernas que o fazia dar uma pequena ... é, como vou dizer? Sim, ele rebolava enquanto andava. Entretanto, não era isso que o destacava. Tal fato só OTIMIZAVA sua conversa ao celular em tom altíssimo sobre assuntos de trabalho, domésticos e tudo com direito a palavras cavernosas. E, pior ainda. Ele dava voltas e mais voltas em torno das cadeiras lotadas do salão. O chato é que ele passava por mim falando um assunto e na próxima volta já "tava" em outra parte ou assunto diferente.Quase que passei a segui-lo para saber como terminava tudo. Percebi que somos pródigos em expor nossa tolice e banalidade, embora, escondamos cada vez mais quem somos de fato. É, aprende-se muito a qualquer momento. Em viagem então!!

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...