terça-feira, 1 de abril de 2014

Uma teologia por trás da Teologia da Prosperidade

Uma "teologia terapêutica" que influencia muito mais cristãos do que imaginamos.

Uma teologia por trás da Teologia da Prosperidade
Rosalee  Velloso Ewell nasceu em São Paulo, foi professora de teologia em vários seminários do Brasil e dos Estados Unidos. Atualmente, é diretora executiva da Comissão Teológica da Aliança Evangélica Mundial e editora do Novo Testamento do Comentário Bíblico Contemporâneo Latino-Americano que será publicado em breve. Ela será um dos preletores da Consulta Teológica e Pastoral "Um Chamado à Humildade, à Integridade e à Simplicidade", promovida pelo Movimento Lausanne e a Aliança Evangélica Brasileira, de 3 a 5 de abril em Atibaia (SP).
Na breve entrevista a seguir, Rosalee falta sobre a teologia por trás da Teologia da Prosperidade: uma "teologia terapêutica" que influencia muito mais cristãos do que imaginamos.
Cara Rosalee, você poderia nos dizer, em poucas palavras, quem é você e destacar as áreas com as quais está mais envolvida?
Eu sou a Rosalee Velloso Ewell, nascida em São Paulo, filha de Ary e Carolina Velloso.Atualmente trabalho com a Aliança Evangélica Mundial, servindo como diretora executiva da Comissão Teológica da mesma. Já fui professora em seminários no Brasil e nos Estados Unidos e estou morando na Inglaterra enquanto meu marido completa seus estudos para o doutorado.
A Consulta vai falar sobre humildade, integridade e simplicidade. Isso poderia ser considerado uma resposta aos desafios que vieram com o crescimento da Teologia da Prosperidade, que está tão em voga em muitas de nossas igrejas hoje?
Sim, podemos analisar a teologia e os ensinamentos da prosperidade usando as lentes de "humildade, integridade e simplicidade", mas estes temas aplicam-se a todos nós. Isto é, eles são um desafio para cada cristão e para cada comunidade, não só porque questionam o próprio meio de vida no mundo contemporâneo, mas porque nos forçam a repensar como nossas vidas refletem ou não a ética de Cristo.
Você já teve que enfrentar as questões da Teologia da Prosperidade em seu ministério?
Sim, mas talvez não no sentido de estar de frente com um pastor ou líder famoso por sua teologia da prosperidade. O perigo que mais me preocupa é como esta teologia está disfarçada no meio evangélico e os danos que causa ao testemunho da igreja. Já vi muitas igrejas que no seu falar e pregar são contra a Teologia da Prosperidade, mas no seu modo de vida, no seu dia a dia, exibem um cristianismo "terapêutico", um Jesus que às vezes tem algo a dizer sobre coisas da família ou sobre a saúde, mas ignoramos o que ele diz sobre o dinheiro e as questões econômicas.
Como você vê o impacto da Teologia da Prosperidade na vida das igrejas e das pessoas em muitos países pobres, como vem acontecendo hoje?
Creio que esta teologia usa a pobreza de muitos para crescer e multiplicar-se, mas que não é um problema só de países pobres. Como já disse, a "teologia terapêutica" está em todos os lugares - ricos e pobres - e tem um impacto muito negativo no testemunho da igreja. Se os cristãos em lugares pobres aprendessem a viver de tal forma que mostrassem verdadeiramente as bençãos de Deus, se demonstrassem sinceramente o poder transformador de Cristo (inclusive na área financeira), acho que a teologia da prosperidade não sobreviveria. Mas como o testemunho de cristãos é tão fraco, as promessas e a esperança que a Teologia da Prosperidade oferece servem como um bálsamo, um remédio contra a pobreza e a tristeza.
Qual seria o seu apelo às igrejas jovens e que aumentam cada vez mais, como acontece aqui no Brasil?
Não caiam na armadilha da "teologia terapêutica", mas procurem oferecer uma esperança melhor, uma teologia melhor do que aquela oferecida pela Teologia da Prosperidade. Se cremos realmente que Jesus é Senhor, quais a implicações desta afirmação em termos de como vivemos em comunidade, como igreja, como pessoas que fazem parte de um só corpo?
Qual o legado de Lausanne 74?
Um dos principais legados do Congresso Lausanne 1974 foi ajudar a própria igreja a olhar para si mesma e fazer uma autocrítica, perguntando-se se estava realmente sendo fiel à Palavra de Deus e engajada na missão que o Senhor lhe havia deixado. Porém, talvez o legado mais marcante seja o fato de o Pacto de Lausanne ter estabelecido, de uma maneira clara e contundente, a importância do envolvimento do cristão com a sociedade que nos rodeia.

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