Tempos mercuriais
Digão
Recentemente a cantora baiana Daniela Mercury revelou sua nova parceira de vida. Ela, que já havia sido casada anteriormente com homens e teve filhos com eles, resolveu experimentar o outro lado. Daniela, que já andava esquecida como cantora de axé perdendo sua visibilidade para Ivete Sangalo e Cláudia Leitte, agora é alçada ao patamar de diva apenas por sua escolha afetiva.
Há alguns anos atrás um cidadão também baiano ganhou fama por assumir sua homossexualidade em rede nacional em um freak show em que amebas siliconadas e plânctons bombados demonstram toda a futilidade que se tornou padrão de vida de muita gente. Chegando a ganhar o grande prêmio do BBB, Jean Wyllys foi se refestelar trabalhando como redator no programa da Ana Maria Braga, e ganhou a eleição para deputado federal graças ao voto de legenda.
Marco Feliciano é um sujeito obscuro, de teologia bizonha, que fez fama graças aos congressos dos Gideões em Camboriú, SC. Achando que polêmica, grosseria e ignorância bíblica são sinônimos de intrepidez profética, também chegou à Câmara dos Deputados com mais de 200.000 votos, quase vinte vezes mais que sua nêmesis Jean Wyllys.
Quis o destino que essas três pessoas tivessem seus caminhos cruzados na história recente do Brasil. Creio que é bobagem dizer que Feliciano não me representa. É lógico, afinal não votei nele! Tampouco Wyllys me representa pois abomino sua postura de “professor de Deus”, sem ter nenhum estofo para tal. Por fim, a cantora Daniela Mercury não me diz nada a respeito. Não gosto de sua música, não gosto de seu estilo, e me entristeço com o fato de, para voltar à mídia, ela o faça expondo sua intimidade, já que sua música é totalmente descartável.
Não tenho problemas com pessoas homossexuais. Entendo que vivemos em um Estado onde cada pessoa é responsável por suas atitudes e escolhas. Não posso impor minha postura de vida para outras pessoas. Mas também não permito meu pensamento ser cerceado pela patrulha politicamente correta e hipocritamente incoerente que se instalou no país. Se uma pessoa deseja se casar com outra do mesmo sexo, é problema dela, não meu. Isso não muda o fato de eu querer viver minha vida amparado nos princípios do Reino explicitados na Palavra e encarnados em Cristo, mesmo sendo tais princípios cada vez mais negados por aqueles que se dizem cristãos. Essa negativa do Reino é a razão de vozes raivosas contra cristãos genuínos que sofrem, de maneira cristã, as dores do Reino, como os missionários José Dilson e Zeneide, no Senegal. Essa distância se deve não só à postura feliciana dos Malafaias, mas também se deve à nossa postura obscura, que se escandaliza com o comportamento alheio, em vez de transbordar o Evangelho em nossas vidas para alcançar essas pessoas. Nosso patrulhamento moral, com nossos “isso é pecado, aquilo também” é uma das geradoras desse espírito belicoso de nossos tempos.
Jean Wyllys, com toda a sua limitação argumentativa, tem aparecido. Marco Feliciano, com sua arrogância peculiar, tem aparecido. Daniela Mercury, que se descobriu lésbica, tem aparecido. E Cristo, tem aparecido em nossas vidas?