Estava no ônibus quando vi aquele menino. “Pobre”- a sua
vestimenta assim revelava - sozinho olhava pela janela como que admirando tudo
lá fora. Pequeno - não mais que 10 anos de idade- talvez não fosse a primeira
vez que andava sozinho de ônibus, mas, com certeza a maneira com que olhava e
reparava tudo lá fora, era como se fosse. Chinelinho velho e surrado, pés sujos
revelavam com certeza realidades distintas: A dele e a das pessoas, das lojas e
dos objetos que observava.
Sentado no meu canto não conseguia parar de fitar
demoradamente aquele menino e aí me lembrei de um livro onde o autor falava
sobre passar mensagens “positivas” para outras pessoas e citava um exemplo: Que
de um vagão do trem parado na estação observava uma menina e falava palavras
abençoadoras pra ela e, quase que imediatamente, da plataforma a menina lhe
sorriu.
Voltando ao meu ônibus, chegou meu ponto. Desci, parei e
parado fiquei. Olhava direta e insistentemente aquele menino e de súbito vivi a
experiência do livro. Ele olhou para mim e eu abri um largo sorriso para ele e,
imediatamente, ele correspondeu com sorriso generoso. Eu não sei quanto a ele,
mas, quanto a mim me fez um bem muito grande.
O Apóstolo Paulo diz para Timóteo ser exemplo na Palavra, no
trato e no amor.
Precisamos tomar tais palavras para nós, pois, pequenos
gestos cordiais, singelos sorrisos amáveis, generosidade pontual, um olhar
afetuoso -que também sorrir sem precisar dos lábios- enfim, todas estas coisas
são sinônimas de tudo que temos recebido ou julgamos ter recebido de Deus.
Podemos nos relacionar de maneira produtiva na igreja, usando nossas
programações e eventos, contudo, nada substituirá o afeto, que inspirado no
coração tocado pelas mãos de Deus, encurta distâncias, unta as feridas com
bálsamos lenitivos além de oferecer abrigo e misericórdia.
Não sei se vou conseguir mudar as vidas de pessoas, sua
sorte, seu destino. Se quer sei o que aconteceu com aquele menino que me
deparei há quase 20 anos. Eu só sei que naquele breve momento de uma tarde em
que meu pensamento estava voltado para resolver “as coisas da vida”, eu fiz um
menino sorrir.