sábado, 24 de dezembro de 2016

Um Reino que não tem fim - Paulo Cilas



É claro que quando comemorarmos o natal o que nos é a imagem da vem é festa, da alegria, da confraternização, da mensagem de paz, de união e muito mais. Mas o nascimento de Jesus aqui não foi um fim em si mesmo, isto é, ele não veio nascer aqui para somente trazer  a lembrança de tais coisas.Sabemos que o plano consistia não só na alegria do nascimento com anjos cantando "Glorias a Deus nas alturas", os magos trazendo presentes e a "estrela guia" . Mas, também, no que foi o momento crucial do porquê de seu nascimento: A morte, e morte de cruz. O filho nos dado, agora na cruz, é a maldição encarnada. Maldição de nossa queda, maldição de nosso pecado, maldição de nosso coração duro, maldição de  nossa maldade.

Como o próprio Jesus afirmara já próximo de sua morte: “a minh’alma está angustiada até a morte e o que direi? Eu vim para essa hora”.  Então fica claro que Jesus nasce para morrer e morre para instaurar definitivamente o seu reinado eterno após sua ressurreição.

Ao nascer aqui ele prega que o seu reino é chegado e está dentro de nós - era necessário instaurar as virtudes do Reino dentro de nós. Ao morrer sem mácula Ele garante esse mesmo reino agora exteriorizado e para sempre. Mas Ele não somente  morre como também  ressuscita.  E ao ressuscitar  nos garante que aqueles que estão nEle, que louvam seu nascimento e são  cientes de sua morte e ressurreição têm dentro de si  uma água viva que salta  para a eternidade por ele propiciada: “Na casa de meu pai há muitas moradas”.

Natal sem o entendimento da morte de Cristo, sua morte sem o entendimento da sua ressurreição e a sua ressurreição sem o entendimento de que nós também ressuscitaremos, perde todo o sentido. Mas o natal onde tudo isso é considerado a vida plena de Jesus e sua obra nos enlevam, pois temos a convicção de que somos cidadãos de um reino que não tem fim.

O que aconteceria se parássemos de comemorar o natal? por www.esbocandoideias.com


O que aconteceria se parássemos de comemorar o natal?
Nos últimos anos têm aumentado o número de inimigos do natal. Que os ímpios distorcem totalmente o sentido dele – e de muitas outras coisas nesse mundo – não é novidade, porém, nos últimos anos, um bom grupo de crentes resolveu também distorcer seu sentido e simplesmente desistir do natal, aboli-lo de suas vidas e até de suas igrejas. Os argumentos são vários: Jesus não nasceu dia 25 de dezembro, a árvore de natal, os presépios e o dia do natal têm origem pagã, a data se tornou comercial, a bíblia não manda comemorar o natal, etc., etc., etc.
Eles simplesmente resolveram desistir do natal baseados em argumentações diversas (e tenho que dizer absurdas). Até mesmo os reformadores, que em sua maioria eram a favor do natal, segundo eles, estavam errados! A hinologia cristã natalina também estaria equivocada e deveria ser abandonada… tudo que se construiu em torno do natal estaria errado, seria tudo satânico, demoníaco!
Resolvi, então, fazer um breve exercício, ouvir essas vozes contrárias e dar valor a elas, buscando compreender como seria o natal na sociedade sem que os crentes verdadeiros comemorassem o natal de Jesus Cristo. Vejamos como seria:

Se parássemos de comemorar o natal nada mudaria na sociedade de consumo, pois essa é a melhor data de vendas para o comércio. Pelo contrário, eles teriam ainda mais liberdade para implementar cada vez mais a visão mercadológica no natal, já que os defensores do verdadeiro natal não mais o defenderiam. Haveria muito mais espaço para essa visão errônea, que já vem sendo implementada há algum tempo.

Se parássemos de comemorar o natal o papai Noel continuaria a ser o símbolo de amor e bondade do mundo natalino mundano e reinaria cada vez mais soberano como um grande símbolo do natal da sociedade e se transformaria no maior de todos os símbolos do natal.
Se parássemos de comemorar o natal os presépios seriam retirados, as igrejas não cantariam mais seus hinos falando sobre o verdadeiro sentido do natal, o nascimento do Salvador, Jesus Cristo. Os corais não mais declarariam em uníssono sobre a mais bela demonstração de amor de Deus pela humanidade. As músicas que reinariam seriam aquelas compostas para glorificar a visão da sociedade sobre o natal.
Se parássemos de comemorar o natal teríamos uma grande oportunidade a menos de declarar às pessoas a obra salvífica de Jesus, que foi plenamente implementada na concretização de seu nascimento. Perderíamos uma grande data de evangelismo, de mostrar ao mundo a boa nova de grande alegria.
Se parássemos de comemorar o natal cederíamos mais uma data para que o mundo tomasse posse dela e a usasse para a glória do deus deste século como lhe aprouver.
Se parássemos de comemorar o natal ficaríamos com um vazio em nosso ano de comemorações cristãs, pois um dos pés do tripé de comemorações da obra salvadora de Cristo (nascimento, morte e ressurreição) seria simplesmente retirado. Somente comemoraríamos sua morte e ressurreição na páscoa – mas não sei também até quando, pois a páscoa segue o mesmo caminho do natal e logo será também satanizada.
Se parássemos de comemorar o natal…

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

SENHOR DE TUDO - PAULO CILAS



 No livro " Acima de tudo" Brennan Manning narra as muitas vezes em que Jesus "foi reduzido" às necessidades, maldades, anseios e caprichos humanos. Assim, foram criados:
    - O Jesus César - É a igreja embevecida com o poder, que posa ao lado de autoridades e acha que assim há maior relevância. Se vê influente por transitar nos bastidores do poder.
     - O Jesus Thomás de Torquemada - Inquisidor que matou e perseguiu milhares em nome de uma disciplina cristã. Quantos há que que em nome da fé desprezam o dom do amor.
      - O Jesus hippie - Revolucionário e anárquico. Quantas baboseiras também hoje em nome de uma liberdade vazia de conteúdo.
      - O Jesus yuppie- O cristianismo  de grife como testemunho da prosperidade do céu. Bens materiais e liturgias bem ajustadas, ora frias, ora extravagantes, representando "a glória de Deus".
  Acrescento ainda "O Jesus Sílvio Santos". Ele pegunta quem quer dinheiro? Abre as portas da esperança e oferece o baú da felicidade, porque o baú Dá felicidade.
   E assim desavisadamente ou não, vamos constituindo e moldando um cristo casamenteiro ou que salva casamentos. Um super nanny que educa nossos  filhos enquanto somos relapsos.
   A igreja desse cristo é apenas um  lugar legal para a família  ignorando que no passado e no presente, e ao redor de todo o mundo, crentes são perseguidos e mortos por se reunirem em nome de Jesus. Então, muitos, se vivessem nessa realidade, deixariam de ser e de ir à "igreja" por ela não ser mais um lugar "legal e seguro".
  Há ainda aqueles que transformam Jesus no personal stylist. Ele determina  ou inspira até bota de couro de píton.
  Contudo, ainda que tentem artificialmente moldar Jesus às mesquinharias humanas Ele, O Senhor, está acima de tudo e de todos.
  
 "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,
A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas;
Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.
Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho?
E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz:E todos os anjos de Deus o adorem.
E, quanto aos anjos, diz: Faz dos seus anjos espíritos, E de seus ministros labareda de fogo.
Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino.
Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu Com óleo de alegria mais do que a teus companheiros.
E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos.
Eles perecerão, mas tu permanecerás; E todos eles, como roupa, envelhecerão,
E como um manto os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, E os teus anos não acabarão.
E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés?
Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?" Hebreus 1:1-14

sábado, 12 de novembro de 2016

Pondo fim à farra dos Lobos - Hermes C. Fernandes






Paulo jamais experimentara uma despedida como aquela. Os irmãos efésios simplesmente não admitiam sua partida. Embora tenha passado apenas dois anos ali, sua dedicação em tempo integral criou um forte laço de amor entre eles.

Sua consciência estava tranquila, pois em suas próprias palavras, nada que útil fosse, deixou de anunciar e ensinar "publicamente e nas casas" (At.20:20). Repare nisso: todo o ministério de Paulo junto aos efésios se dava num ambiente aberto, sem segredos, sem mistério. Era nesse ambiente aberto que Paulo lhes anunciara todo o conselho de Deus (v.27). Ele jamais deixara nada para uma ocasião especial, pois sabia que a qualquer momento Deus o requisitaria para outro lugar, e por isso, queria estar inocente do sangue daquela gente.

Agora, ele tinha que convencê-los de que era "compelido pelo Espírito" que ia para Jerusalém, mesmo sabendo que o que o esperava eram prisões e tribulações. Mas tudo bem! Afinal de contas, Paulo não tinha sua vida por preciosa, desde cumprisse com alegria o ministério que recebera do Senhor, dando testemunho da graça de Deus.

Chegara a hora da despedida! Nunca mais aquele povo o veria novamente.

Olhando para os que ficariam responsáveis pelo rebanho, Paulo diz: "Olhai por vós, e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue" (v.28).

A coisa é séria! Cuidar do rebanho de Deus é a melhor declaração de amor que podemos fazer a Ele. Por isso, quando Pedro respondia que amava ao Senhor, Jesus lhe dizia: Apascenta minhas ovelhas!

O rebanho não é meu, não é da igreja A, B ou C. O rebanho é do Senhor, e foi comprado com o sangue de Deus! Se escandalizou com esta expressão, volte a ler o texto e verifique se não é isso que diz ali: Sangue de Deus.

Naquele momento de impasse, Paulo embarga a voz, engole
seco, e diz:

"Sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho" (v.29).

Se ele pudesse, certamente ficaria por ali mesmo, para afugentar esses lobos cruéis, que certamente já espreitavam o rebanho, esperando apenas pela sua saída.

A crueldade é a primeira característica desses lobos. Por isso, eles não poupam o rebanho. Não se satisfazendo só com a lã, querem também sua carne, seu sangue, sua alma.

Esses lobos não viriam de fora, mas emergiriam de dentro do próprio rebanho, falando coisas perversas com uma única finalidade: "atrair os discípulos após si" (v.30). Não eram lobos vira-latas, mas lobos com pedigree.

Em vez de atrair as pessoas a Cristo, preferem atraí-las a si, com
seu carisma, com sua atenção, com seu amor fingido, com palavras elogiosas e falsas. Pena que as pessoas sejam tão
propensas a acreditar nesses lobos.

Escrevendo a Tito, Paulo os apresenta como "insubordinados, faladores vãos, e enganadores" (1:10). O que fazer com eles? Deixá-los à vontade para que se sirvam das ovelhinhas de Jesus? Definitivamente, não!"É preciso tapar-lhes a boca, porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância" (v.11).

Já que não dá pra evitar a aproximação desses lobos cruéis, vamos colocar focinheiras neles, para que não devorem as ovelhas de Deus.

Vamos mostrar para esses lobos, que a igreja de Cristo não lhes servirá mais de playground. Chega de se divertirem às custas do rebanho de Deus. Vamos colocá-los para jejuar. Se quiserem se alimentar, terão que mudar seu cardápio. Ovelhas, não mais!

E para tapar-lhes a boca, temos que denunciá-los, expor suas intenções, revelar suas estratégias. Não podemos nos calar, pois isso seria fatal.

Em outras passagens, Paulo se refere a esses maus obreiros como cães. Eu diria mais: cães raivosos. Quando não matam a ovelha, transmitem-lhe raiva.

A gravidade da situação era tamanha, que Paulo conclama os efésios a se lembrarem que durante três anos ele não cessou de admoestá-los com lágrimas noite e dia.

Não brinque com coisa séria! Famílias inteiras têm sido devoradas por esses lobos vorazes.

Que nossa admoestação seja, ao mesmo tempo, um cajado para resgatar as ovelhas que já estiverem na boca desses lobos, e uma vara impiedosa para colocá-los pra correr.

Um último aviso para você, lobo cara-de-pau: Desista das ovelhas do Senhor! Se quiser, fique de longe babando, mas não se atreva a se aproximar, caso contrário, você experimentará a fúria do Bom Pastor.

Está dito!

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Voltaire e o Umbigo Santo - LEVI BRONZEADO

O leitor desavisado que olhar de relance o título dessa postagem vai com certeza pensar que se trata de mais uma bizarrice do malfadado evangelho da superstição e da prosperidade que cresce em nosso meio numa dimensão geométrica, e que faz a festa dos blogs de “humor cristão”. Que nada, esses relatos foram escritos por Voltaire, a três séculos e meio (1762). Não há como negar verossimilhanças das narrativas desse filósofo e crítico do cristianismo com o que acontece hoje sob o pano de fundo da Igreja de Deus. Voltaire em seu “Tratado de Tolerância” ― Editora Martins Fontes (página 116) diz algo dolorosamente atual, no capítulo XX (Da Utilidade de Manter o Povo na Superstição):


“Quando os homens não têm noções corretas da divindade, as ideias falsas as substituem, assim como nos tempos difíceis trafica-se com moeda ruim quando não se tem a boa. O pagão deixa de cometer um crime, com medo de ser punido pelos falsos deuses; o malabar teme ser punido por seu pagode. Onde quer que haja uma sociedade estabelecida, uma religião é necessária: as leis protegem contra os crimes conhecidos, e a religião contra os crimes secretos”.

“A superstição filha da religião subjugou por muito tempo a terra inteira. Os senhores feudais faziam acreditar os seus vassalos que São Genou curava a gota e que Santa Clara curava os olhos enfermos. As crianças acreditavam em lobisomem e os adultos no cordão de São Francisco. O número de relíquias era incontável. [...] Sabe-se que quando o bispo de Noailles mandou retirar e lançar no fogo a suposta relíquia do umbigo de Jesus, toda a cidade Chalôns moveu-lhe um processo; mas ele teve coragem e devoção, e acabou convencendo os habitantes da região de que era possível adorar Jesus Cristo em espírito e em verdade sem ter seu umbigo na Igreja. Deixou-se de acreditar que bastava a oração dos trinta dias à Virgem Maria para obter tudo o que se queria para pecar impunemente. Enfim a burguesia começou a suspeitar que não era Santa Genoveva quem trazia ou parava a chuva. Os monges ficaram espantados de que seus santos não fizessem mais milagres; e, se os escritores da ‘Vida de São Francisco Xavier’ voltassem ao mundo, não ousariam escrever que este santo ressuscitou nove mortos, que foi visto ao mesmo tempo no mar e em terra, e que, tendo seu crucifixo caído no mar, um caranguejo o veio trazê-lo de volta”.

Mas o sarcástico, ambivalente e inteligente, Voltaire, adoça a língua ferina, bem no final do seu ensaio. Em consonância com os ditados populares ― “uma na ferradura e outra no cravo” (que aqui eu inverti a sua ordem), e o velho adágio “Morde e assopra”, ele termina sua fala com duas emblemáticas interrogações, talvez dirigidas a ele mesmo; inquirições que podem (por que não?) ser endereçadas a nós também?:

“Mas de todas as superstições, a mais perigosa não é a de odiar o próximo por suas opiniões? E não é evidente que seria ainda mais sensato adorar o santo umbigo, o santo prepúcio, o leite e o manto da Virgem Maria, do que detestar e perseguir seu irmão?”

O umbigo e o prepúcio, para quem não sabe ainda, foram os pedaços mais procurados e venerados do mártir do Gólgota ―, objeto de disputas cristãs tanto na França de Voltaire, quanto na Itália e na Alemanha do século XVIII. Numa sábia decisão, o papa Clemente V mandou picotar o “umbigo de Jesus” em três partes, para satisfazer os cristãos de Constantinopla, de S. José do Latrão e da França. Mas houve quem batesse o pé reivindicando um umbigo inteiro.

Ah meu caro “herege”, Voltaire! Se você soubesse que passados três séculos e meio desse imbróglio umbilical/prepucial de sua era, a disputa pelo espólio de Cristo continua mais viva do que nunca entre as facções cristãs: Uma tem até um canal de TV para mostrar um Cristo fatiado ao gosto do freguês.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

As tentações da Missão Integral - Antônio Carlos Costa







1. Ignorar o chamado à evangelização do mundo.

Obsessão com a injustiça social em detrimento da preocupação com a injustiça pessoal. A primeira, inviabiliza a relação do homem com o seu semelhante. A segunda, inviabiliza a relação do homem com o seu Criador.

2. Perder de vista o fato de que o pobre é pecador.

A pobreza não é virtude. Não torna o ser humano imune ao pecado. Responsabilidade diminuída não é o mesmo que responsabilidade eliminada.

3. Relativizar o aspecto privado da ética cristã.

Vivi muito essa tentação. Você chega de uma favela na qual dez foram executados. Descobre na cidade esquema de corrupção que sangra os cofres públicos e impede verba pública de chegar às áreas carentes. Percebe o lado hediondo do sistema econômico. Toma conhecimento das relações de poder. A vontade é de circunscrever o pecado a apenas esse tipo de maldade monumental.

4. Tornar-se marxista.

O marxismo é uma religião secular profundamente atraente para o militante da missão integral. Por falar muito em injustiça social, pode levar o cristão sincero a não perceber que o que prescreve como solução aos males do capitalismo não é tão bom quanto à crítica que faz às injustiças do capitalismo. Nunca devemos nos esquecer do fato que o marxismo vê Cristo, moral cristã, céu, Bíblia, igreja, culto, como frutos de relações econômicas sem nenhum fundamento na realidade dos fatos. Jogo de poder puro. Os detentores do poder usando a religião para justificar a opressão do trabalhador. Marx se enganou. Weber o corrigiu. A pregação do evangelho acompanhada de ensino sólido, que mostre as implicações político-sociais do cristianismo, pode liberar energia capaz de levar cristãos verdadeiros a lutarem tanto contra totalitarismo de direita, quanto contra totalitarismo de esquerda. E isso a partir da mais alta motivação possível: a glória de Deus.

5. Pregar de modo soberbo e amargo.

Viver a insultar quem pensa de modo diferente, julgar que quem não vê a vida em termos de luta de classe trabalha para o sistema de exploração do pobre, desmerecer o trabalho de crentes fiéis que ainda não entenderam os pressupostos teológicos da missão integral. Cuspirem no próprio prato, pois muitos foram levados a Cristo por pregadores que nada sabiam sobre missão integral.

6. Pastorear igreja que não cresce e não se perturbar com isso.

Chegar à conclusão que a igreja não aumenta em número porque sua mensagem representa verdadeiro golpe nas ambições da burguesia, quando na verdade a igreja deixou de batizar pessoas pelo fato de o pregador não anunciar mais o evangelho, deixando de conclamar a igreja a levar as boas novas aos que não sabem para aonde vão depois da morte.

7. Usar o púlpito para falar desmedidamente sobre política.

Tornar-se monotemático. Mandar no culto de domingo mensagem para a classe governante. Falar sobre o que pouco conhece. Deixar de pregar expositivamente. Permitir que a pregação seja mais pautada pelo jornal do que pela Bíblia.

8. Acreditar que pelo fato de pregar sobre o pobre está servindo ao pobre.

Dar voz a quem não conhece. Falar sobre pobreza sem estar na favela. Pregar mensagem que nem o pobre entende. Deixar o pobre só, nas ocasiões em que ficar do lado dele representa risco de vida.

9. Envolver-se com política partidária.

Essa é uma coisa que o membro da igreja pode fazer. Mas, como fica a vida de um pregador que usa da sua influência para levar pessoas a aderirem ao seu partido político numa igreja na qual pessoas das mais diferentes linhas ideológicas congregam? Como evitar que seu compromisso com a justiça não seja contaminado pela sua preferência partidária?

10. Ser mais versado em ciência política do que em teologia sistemática.

A igreja espera ter como pastor um pregador bom de Bíblia. Capaz de fazer leitura sobre as demais disciplinas do pensamento a partir do enquadramento intelectual da boa teologia sistemática, que tem a teologia bíblica como fundamento. Se a sua paixão é ciência política e não a exposição das Escrituras, largue o púlpito, pois nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Abaixem suas armas e coloquem-se em seus joelhos - Vinícius Musselman Pimentel



Artigo (11)
O texto abaixo foi extraído do blog Always Ready. O texto falou muito comigo e mudou muita coisa em mim. Minha esperança em traduzi-lo é que Deus possa usá-lo para falar com mais blogueiros. Após lê-lo tirei basicamente duas conclusões:
1) Só irei escrever algo a respeito de alguma pessoa específica se tiver orado por ela e buscado conversar com ela particularmente antes.
2) Preciso parar de gastar tanto tempo blogando e gastar mais tempo com Deus. Envergonho-me de pensar que posso passar horas escrevendo artigos para o blog ou fazendo vídeos para minha página no YouTube e não consiga gastar nem metade disso em comunhão com Deus.
Deus tenha misericórdia de todos nós.

Converte-nos a ti, SENHOR, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes. [Lm 5: 21; ACF]
Postado na Igreja por Samuel Laurence Guzmán em 25 de agosto de 2008.
Eu estou zangado. Mais do que isso, estou profundamente entristecido. Por quê? Estou cansado do pecado que está tomando lugar em nome de Deus, no mundo virtual da “blogosfera”. Toda essa coisa me lembra uma briga de jardim de infância. Em nome do combate pela verdade, os cristãos estão literalmente mordendo e devorando uns aos outros de modo excessivamente pecaminoso. Blogs são criados para apontar erros, levando outros a criarem mais blogs para apontar os erros dos primeiros blogs. Lutar pela verdade se transformou em algo que está mais perto de uma luta livre. Cristãos estão literalmente gastando horas e horas por dia na frente da tela de seus computadores trocando disparos e socos. Em tudo isto, Deus tem sido esquecido, e a maravilhosa, vivificadora e felicitadora mensagem do Evangelho, o que realmente vale a pena defender, foi perdido na guerra.
Irmãos e irmãs, creio firmemente que Deus não está satisfeito com a grande maioria do que é publicado em blogs em nome dEle. Por quê? Porque não há humildade na escrita, e muito pouco sentido de nossa própria fragilidade e susceptibilidade ao pecado (Isaías 66: 1-2). Não há qualquer sentimento de tristeza pelo pecado, antes, há uma facilidade pecaminosa, quase uma alegria, em apontar o erro dos outros. Todo mundo quer ser um profeta, eles simplesmente não querem conhecer a Deus. Todo mundo quer ser um Paul Washer, eles simplesmente não querem gastar horas e horas estudando a Palavra de Deus, buscando a face de Deus em oração, e crescer, em conformidade a Ele como Paul Washer o faz. Com certeza é divertido encher o ar com palavras afiadas contra o pecado, mas ninguém quer enfrentar o pecado em seu próprio coração. Todo mundo quer ser um profeta, eles simplesmente não querem perder tempo em conhecer a Deus. Afinal de contas, condenar o pecado e defender a verdade é muito mais divertido.
Qual é o resultado disto? Temos um monte de profetas de hobby. Os profetas do Antigo Testamento eram homens de Deus que podiam ouvir a voz dEle. Eles muitas vezes choravam pelo peso da sua missão, mas foi dada por Deus, e eles não poderiam fazer nada além de falar (Jeremias 23: 9-10). Sim, a carga de falar contra o pecado é pesada. É pesada para você? Ou é divertido? Os antigos profetas estavam tristes com o pecado de seus ouvintes e da dureza de seus corações e literalmente choraram diante de suas cegueiras e do julgamento que estava por vir. Quando foi a última vez que você chorou a respeito da rebelião e do pecado de alguém que você estava escrevendo? Ouso dizer, para muitos de nós, nunca.
O mais doloroso de todos, Deus tem sido abandonado em favor da defesa da Palavra dEle. Em nosso zelo para defender a verdade, temos esquecido Aquele que deveríamos estar amando acima de tudo. Nós O honramos com nossa escrita, mas eu receio que muitas vezes os nossos corações estejam longe dEle. Como eu sei disto? Embora eu não possa ver corações, posso ver os frutos (a boca fala do que o coração está cheio), e não se parecem com santidade.
Deus não precisa de nossos blogs. Quão estúpido somos se estamos pensando que nossos blogs são essenciais para a vida da Igreja e do eterno propósito de Deus. Deus definitivamente não precisa de nós, mas Ele deseja nosso amor e nossa devoção. Você O ama? Você quer conhecê-lO? Pensar em Deus traz alegria e felicidade para você? Ou você tem mais satisfação manejando a espada plástica do seu teclado?
Se você está lendo este artigo e pensando em alguém que precisa de arrependimento, você está tanto perdendo e confirmando meu ponto. O meu ponto é: olhe para o seu próprio coração. Examine-se.
Se você é um blogueiro que verdadeiramente ama o Senhor e deseja agradá-lo, eu enfaticamente sugiro que você dê um passo para trás e examine o seu coração. Desligue o computador e se coloque em seus joelhos. Gaste o tempo que você iria dedicar blogando para seguir firme a Deus. Em seguida, saia e ministre a pessoas verdadeiras, de carne e sangue. Seja Cristo para ser alguém que está sofrendo ou na necessidade. Receio que, se algo não mudar, vamos simplesmente descer ainda mais em disputas e difamações, o que acabará levando a completa inutilidade e irrelevância para o reino de Deus. Termino com as palavras do Senhor em Apocalipse 2:
“Estas são as palavras daquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro. . Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos mas não são, e descobriu que eles eram impostores. Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido.
Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do lugar dele. Mas há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas dos nicolaítas , como eu também as odeio.
Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.”



quinta-feira, 9 de junho de 2016

DESONESTIDADE E AUTOENGANO - Ricardo Barbosa



Integridade, honestidade e transparência são virtudes que exigimos nos outros, mas nem sempre estamos dispostos a oferecê-las. Esperamos que os políticos, colegas de trabalho e cônjuges sejam íntegros, honestos e transparentes, mas nos recusamos a fazer o mesmo. Vivemos como um viciado que aprendeu a negar seu vicio; temos nos iludido por tanto tempo a nosso respeito que a desonestidade e o autoengano se tornaram uma forma necessária de sobrevivência.
Os riscos que se encontram por trás do desejo sincero de ser verdadeiro, transparente, íntegro e autêntico são inúmeros. Talvez o maior deles seja o medo terrível da desaprovação e da rejeição. Por isso, escondemos nossos sentimentos, mascaramos nossas emoções, negamos nossos desejos e optamos pela superficialidade. Como resultado deste longo processo em que aprendemos a representar os papéis adequados à aceitação dos outros, tornamo-nos aquilo que não somos.
Sustentar um falso ser não é tarefa fácil. O falso ser está sempre adorando e servindo  àquilo que alimenta seus desejos egoístas e autocentrados por meio da idolatria da possessão, posição e aceitação. Estes ídolos atuam como feitores e nós, mais cedo que imaginamos, tornamo-nos seus escravos. Somos emocionalmente dependentes, aprendemos desde cedo a usar os outros, incluindo Deus. Tornamo-nos manipuladores porque tudo precisa acontecer dentro dos termos que nossas carências determinam.
Jesus disse que “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Nossa cultura entende a liberdade em termos de “liberdade para” e não de “liberdade de”. Queremos ser livres para fazer o quer quisermos, ir aonde quisermos, como também falar o que bem quisermos. Por essa razão, é comum confundir honestidade e transparência com dizer o que se pensa e fazer o quer se tem vontade, porém não se trata disso. Há uma grande diferença entre ser “livre para” e ser “livre de”. A Verdade nos liberta de nós mesmos, de nossos medos e inseguranças, de nossas necessidades de impressionar e agradar. Ela nos liberta da desonestidade, do autoengano e da ilusão de ser o que não somos.
Jesus veio para nos salvar de nosso pecado. Ele é a Verdade que perdoa, reconcilia e re-cria. Descobrir nosso verdadeiro ser requer de nós, antes de tudo, a redescoberta da graça salvadora de Jesus. Por outro lado, requer também a humildade necessária para reconhecermos o engano do falso ser. O processo é lento e, muitas vezes, doloroso. Precisamos orar como Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”.
Enquanto o orgulho não der lugar à submissão sincera, permaneceremos cheios de nós, usando pessoas e Deus para obter vantagens e protegendo nosso falso ser daqueles que não dançam de acordo com nossa música. O resultado é um mundo cheio de seres falsos lutando para sobreviver sem a dependência radical de Deus.
Sabemos que isso não funciona. Só Deus conhece nosso coração. Só Ele pode sondar as profundezas de nossa alma. Só Ele nos ama com um amor fiel e eterno. Quando reconhecemos que somos amados por Ele, perdoados por sua graça, feitos novas criaturas e participantes de sua natureza divina, abrimo-nos para dar lugar ao verdadeiro ser, redimido e transformado em Cristo, não é fácil, mas é este o caminho. É possível ser honesto, íntegro e transparente, mas isso só em Cristo. “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis  livres”.

terça-feira, 24 de maio de 2016

A Parábola da Figueira e a nossa crise atual - Maurício Jaccoud da Costa em Ultimato

Nestes dias de tanta turbulência política em nosso país, acredito que a parábola da figueira contada por Jesus (Lucas 13.1-9) pode nos ensinar uma preciosa lição.

Jesus conta que um homem tinha uma figueira, foi procurar fruto nela, não achou, e mandou cortá-la. O agricultor pediu um ano para cuidar dela e, se no futuro, a figueira continuasse sem fruto, então poderia cortar. Jesus conta esta parábola no momento em que disseram a ele que Pilatos assassinara alguns galileus, enquanto eles faziam os sacrifícios exigidos pela Lei no Templo do Senhor. Jesus responde a isso, afirmando que esses galileus não eram mais pecadores do que os outros por terem sofrido desta forma, tampouco os dezoito que morreram quando caíram sobre eles a Torre de Siloé eram mais pecadores do que os outros habitantes de Jerusalém. 

O que tem a ver o assassinato dos galileus, os dezoito que morreram na Torre de Siloé, o fato de serem mais pecadores ou não do que os outros que viveram e a parábola da figueira infrutífera? E o que isso tem a ver com o Brasil de hoje? 

Precisamos voltar um pouquinho no texto. No capítulo 12 de Lucas, Jesus traz uma série de advertências e motivações, tais como: cuidado com o fermento dos fariseus; não tenham medo dos que matam o corpo, tenham medo daquele que pode matar o corpo e depois lançar no inferno; esta noite pedirão sua alma; não se preocupem quanto ao que comer e vestir, busquem o Reino de Deus e todas essas coisas lhes serão acrescentadas; façam tesouros no céu; estejam preparados, porque o Filho do homem virá; hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu, como não interpretar o tempo presente? 

Neste contexto de olhar para eternidade, de pensar no juízo de Deus, de céu e inferno, de entender que esta vida é passageira e de que existe uma eternidade que pode ser vivida com ou longe de Deus, alguns chegam para Jesus e contam que Pilatos misturou o sangue de alguns galileus com os sacrifícios deles. Jesus parece que não dá a mínima para este acontecimento e diz que essas pessoas não eram as mais pecadoras por terem sofrido desta maneira, e o mais interessante, ele diz que se eles não se arrependerem, todos eles seriam destruídos!

Pilatos é uma autoridade romana, prefeito da Judeia, juiz que condena Jesus à morte, e que mata os galileus que estavam no templo oferecendo sacrifícios. Os dezoito que morreram ao cair a Torre de Siloé eram funcionários do governo romano que estavam construindo essa torre, possivelmente, com dinheiro desviado do templo. Josefo, o grande historiador judeu do primeiro século, relata que Pilatos teria se apropriado dos tesouros do templo para construir esta torre que servia para o abastecimento de água da cidade. Então são duas questões claramente políticas, mas Jesus, neste momento, não emite nenhuma palavra de condenação a Pilatos, ao governo romano, à corrupção. O que Jesus faz é chamar os próprios judeus ao arrependimento. Se não, todos perecereis! Essa resposta de Jesus é intrigante. Esperava-se que Jesus reagisse com uma denúncia violenta contra os dominadores romanos. Mas, o que Jesus faz é um apelo para que os judeus se arrependam!

Pensando neste texto, em referência ao que vivemos hoje no Brasil, neste difícil momento político que estamos vivendo, acredito que precisamos falar menos, acusar menos qualquer que seja o partido e falar mais contra o próprio povo de Deus (2 Co 7.14). Precisamos de profetas que tenham a coragem de quando chegarem pessoas falando mal, acusando o Brasil de estar assim por causa de A, B ou C, que tenham a coragem de confrontar o pecado dessas próprias pessoas e de conclamar para que elas próprias se arrependam. As pessoas chegam para Jesus e dizem que o problema está no governo, está em Pilatos, está com os romanos. Elas não ouvem todas as advertências e ensinamentos de Lucas 12. Tiram o foco de si mesmas e se justificam acusando Pilatos pelo grande mal que ele fez. Mas Jesus diz que elas precisam olhar para dentro de si e encontrar frutos nelas mesmos! 

A preciosa lição de Jesus para nós é que precisamos olhar para os nossos pecados ou para dentro de nós mesmos para ver em quê ou onde precisamos nos arrepender. O profeta em 2 Crônicas 7.14 diz: "se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra". A solução para nosso país acontecerá quando o povo de Deus se humilhar, orar, se arrepender! Precisamos ser honestos, pois sabemos que há muita corrupção em nossas denominações, igrejas e em nossa própria vida! Esse é o principal problema de nosso país! 

Jesus nos alerta para que antes que acusemos alguém ou coloquemos a responsabilidade pelo sofrimento em algum poder político, devemos nós mesmos nos arrepender! Se queremos ter um Brasil melhor, mais justo, mais santo, com menos desigualdade social, que comecemos por nós mesmos, por nossas igrejas e denominações! Nós somos a figueira e precisamos frutificar. Que Deus traga salvação a nós, nos limpando, alimentando nossa alma, e que em breve, Ele encontre muitos frutos em nós!

  Maurício Jaccoud da Costa é pastor e missionário da Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo atuando na evangelização de universitários pelo Movimento Estudantil Alfa e Ômega. Doutorando em Teologia pela PUC-Rio.

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