Nestes dias de tanta turbulência política em nosso país, acredito que a parábola da figueira contada por Jesus (Lucas 13.1-9) pode nos ensinar uma preciosa lição.
Jesus conta que um homem tinha uma figueira, foi procurar fruto nela, não achou, e mandou cortá-la. O agricultor pediu um ano para cuidar dela e, se no futuro, a figueira continuasse sem fruto, então poderia cortar. Jesus conta esta parábola no momento em que disseram a ele que Pilatos assassinara alguns galileus, enquanto eles faziam os sacrifícios exigidos pela Lei no Templo do Senhor. Jesus responde a isso, afirmando que esses galileus não eram mais pecadores do que os outros por terem sofrido desta forma, tampouco os dezoito que morreram quando caíram sobre eles a Torre de Siloé eram mais pecadores do que os outros habitantes de Jerusalém.
O que tem a ver o assassinato dos galileus, os dezoito que morreram na Torre de Siloé, o fato de serem mais pecadores ou não do que os outros que viveram e a parábola da figueira infrutífera? E o que isso tem a ver com o Brasil de hoje?
Precisamos voltar um pouquinho no texto. No capítulo 12 de Lucas, Jesus traz uma série de advertências e motivações, tais como: cuidado com o fermento dos fariseus; não tenham medo dos que matam o corpo, tenham medo daquele que pode matar o corpo e depois lançar no inferno; esta noite pedirão sua alma; não se preocupem quanto ao que comer e vestir, busquem o Reino de Deus e todas essas coisas lhes serão acrescentadas; façam tesouros no céu; estejam preparados, porque o Filho do homem virá; hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu, como não interpretar o tempo presente?
Neste contexto de olhar para eternidade, de pensar no juízo de Deus, de céu e inferno, de entender que esta vida é passageira e de que existe uma eternidade que pode ser vivida com ou longe de Deus, alguns chegam para Jesus e contam que Pilatos misturou o sangue de alguns galileus com os sacrifícios deles. Jesus parece que não dá a mínima para este acontecimento e diz que essas pessoas não eram as mais pecadoras por terem sofrido desta maneira, e o mais interessante, ele diz que se eles não se arrependerem, todos eles seriam destruídos!
Pilatos é uma autoridade romana, prefeito da Judeia, juiz que condena Jesus à morte, e que mata os galileus que estavam no templo oferecendo sacrifícios. Os dezoito que morreram ao cair a Torre de Siloé eram funcionários do governo romano que estavam construindo essa torre, possivelmente, com dinheiro desviado do templo. Josefo, o grande historiador judeu do primeiro século, relata que Pilatos teria se apropriado dos tesouros do templo para construir esta torre que servia para o abastecimento de água da cidade. Então são duas questões claramente políticas, mas Jesus, neste momento, não emite nenhuma palavra de condenação a Pilatos, ao governo romano, à corrupção. O que Jesus faz é chamar os próprios judeus ao arrependimento. Se não, todos perecereis! Essa resposta de Jesus é intrigante. Esperava-se que Jesus reagisse com uma denúncia violenta contra os dominadores romanos. Mas, o que Jesus faz é um apelo para que os judeus se arrependam!
Pensando neste texto, em referência ao que vivemos hoje no Brasil, neste difícil momento político que estamos vivendo, acredito que precisamos falar menos, acusar menos qualquer que seja o partido e falar mais contra o próprio povo de Deus (2 Co 7.14). Precisamos de profetas que tenham a coragem de quando chegarem pessoas falando mal, acusando o Brasil de estar assim por causa de A, B ou C, que tenham a coragem de confrontar o pecado dessas próprias pessoas e de conclamar para que elas próprias se arrependam. As pessoas chegam para Jesus e dizem que o problema está no governo, está em Pilatos, está com os romanos. Elas não ouvem todas as advertências e ensinamentos de Lucas 12. Tiram o foco de si mesmas e se justificam acusando Pilatos pelo grande mal que ele fez. Mas Jesus diz que elas precisam olhar para dentro de si e encontrar frutos nelas mesmos!
A preciosa lição de Jesus para nós é que precisamos olhar para os nossos pecados ou para dentro de nós mesmos para ver em quê ou onde precisamos nos arrepender. O profeta em 2 Crônicas 7.14 diz: "se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra". A solução para nosso país acontecerá quando o povo de Deus se humilhar, orar, se arrepender! Precisamos ser honestos, pois sabemos que há muita corrupção em nossas denominações, igrejas e em nossa própria vida! Esse é o principal problema de nosso país!
Jesus nos alerta para que antes que acusemos alguém ou coloquemos a responsabilidade pelo sofrimento em algum poder político, devemos nós mesmos nos arrepender! Se queremos ter um Brasil melhor, mais justo, mais santo, com menos desigualdade social, que comecemos por nós mesmos, por nossas igrejas e denominações! Nós somos a figueira e precisamos frutificar. Que Deus traga salvação a nós, nos limpando, alimentando nossa alma, e que em breve, Ele encontre muitos frutos em nós!
• Maurício Jaccoud da Costa é pastor e missionário da Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo atuando na evangelização de universitários pelo Movimento Estudantil Alfa e Ômega. Doutorando em Teologia pela PUC-Rio.
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