segunda-feira, 2 de agosto de 2010

SOU JOSÉ! - POR PAULO CILAS




Excetuando a grande declaração “EU SOU” ou “EU SOU O QUE SOU” do próprio Deus, vejo nas palavras de José sobre si mesmo a mais profunda e contundente afirmação que pode nos inspirar a sermos nós mesmos e não o que as ocorrências da vida querem nos transformar.
Começamos pelo sonho aparentemente frustrado de José. Aliás, deveríamos nos preocupar mais quando falarmos para muitos – “não desistam de seus sonhos”, como se tais fossem sempre se realizar logo ali na esquina, ou sempre se realizar movidos por palavras quem determinem assim. Pois bem, o que se seguiu ao sonho de José foi um pesadelo sem fim. Despertada a ira de seus irmãos quanto ao seu conteúdo, o sonho de José foi a senha para fatos dignos da violência dos dias de hoje. Longe da vista de seu pai, a tramoia tinha como primeira opção a morte de José. Depois, José tinha que se dar como felizardo em “apenas” ser vendido como escravo para, a seguir, ser exposto como mercadoria em terra estranha.
Depois, o que poderia ser visto como melhoria de vida tornou-se mais enfadonho e desanimador – se é que existia algum ânimo em ser escravo- quando se recusou aos apelos sexuais da esposa de seu chefe e essa o acusou exatamente do contrário. Estar preso com motivos já é ruim, inocentemente com certeza é muito pior. E, se antes o jovem sonhador já tivera sua liberdade cerceada como escravo, agora, na prisão dos prisioneiros do rei, a coisa se agravava de vez.
Mas, as afirmações “O Senhor era com José” se repetem em sua triste jornada. Isto quer dizer que a traição de seus irmãos não mudou quem ele era para Deus e muito menos quem era e continuava sendo Deus para José. A acusação injusta e maliciosa da mulher de Potifar não encheu seu coração de ódio. Parecia que nada e nem ninguém mudaria quem ele era.
SUCESSO!!! Essa coisa que enche de orgulho e os mais diversos tipos de vaidades os corações humanos, deformando-os a cada dia, também não invadiu a alma de José. Agora, grande no Egito, ele recebe seus irmãos sem que esses sequer desconfiassem que estivessem diante do irmão que lhes causou inveja e revolta. Prostrados! Eis como muitas vezes queremos ver “nossos adversários”. “-Que meus inimigos tenham vida longa para aplaudirem minha vitória,” diz certo ditado. Entretanto, não foi o que fez José, pois, fazendo sair a todos, ele abraça e dar-se a conhecer aos seus irmãos. Chorava tão copiosamente que era ouvido lá na casa de faraó.
E aí vem a declaração maior: EU SOU JOSÉ!! As marcas profundas da vida não o mudaram. Ele não se rendeu aos apelos da mágoa, do ódio, da desilusão em transformar ou transtornar quem ele era de fato.
José era “gente” como a gente. Quando um companheiro de prisão, a quem também interpretou um sonho no qual o mesmo seria libertado, logo foi pedindo para que não se esquecesse dele e intercedesse, pois era inocente. Fez o que qualquer um de nós faria, demonstrando ansiedade em ser livre. Contudo, muitos não fazem o que ele fez. Sua identidade estava íntegra. Ele não criou uma nova personagem, não ficou recalcado, não se tornou hipócrita seja no sentido usual ou no sentido original: não interpretava um papel. ELE ERA JOSÉ!!!

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