quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A GRAÇA QUE NOS EMPAREDA - POR PAULO CILAS



REPOSTAGEM



Conta Philip Yancey que chegando a uma reunião de escritores cristãos um assunto já estava em debate: Qual a maior contribuição prática do Cristianismo ao mundo? Bem informalmente, os debatedores constatavam que benfeitorias sociais, educacionais, médicas e outras emocionais e espirituais também eram realizadas por muitas outras religiões no mundo. Ao responder, Yancey foi direto: A Graça!
De fato, todas as religiões apresentam algum tipo de salvação sempre baseada no auto-sacrifício, reencarnação, mérito e purgatório, etc...
Mas, triste mesmo é a constatação de que a Graça não é compreendida e por isso mesmo não vivida; e o pior, ela não é aceita no meio dos que dizem seguir seu Autor. Em alguns casos ela soa como uma ameaça à boa fé. Mas, por que? Porque a Graça não consegue ser entendida em sua plenitude?
Penso que, no confronto com a Lei, ela é muito mais contundente. Na Graça, não basta não matar, pois ela me revela o quanto sou mau em odiar. Ela me coloca em pé de igualdade com um assassino. E isto? Ah! Isto é injusto, ora. Então, ainda que meio sem querer, eu a renego.
E o mérito? Vivemos a era da concorrência, da mídia. Propagandas de escolas afirmam que nelas só estudam as melhores cabeças ou os que querem ter um futuro brilhante. E, no mercado, os melhores são logo escolhidos e usados. Na igreja humana quanto maior e luxuoso o prédio, quanto mais "visões e unções" e o maior número de seguidores, tem-se estabelecida a melhor, a mais, mais dentre todas.
Entretanto, a Graça joga tudo isto por terra. Nela estávamos todos encerrados debaixo da desobediência. Todos éramos, sem ela, miseráveis, pobres , cegos e nus. E sem ela permanecemos assim. Méritos, justiça própria, aparências, obras... Nada disso subsiste. Nada pode ser apresentado diante de Deus como coisa de valor. Pois tudo estava condenado.
Alguns, para não dizer muitos, alegam que quando se prega muito sobre Graça há uma corrida desenfreada para o pecado. O entendimento é que a pessoa se torna mais pecadora a partir da Graça. Muitas vezes, isto não é dito de forma clara, mas está camuflado no "modus operandis" eclesiástico. Mas vejam só! Pela Graça é a única maneira possível do homem ser salvo.
"O homem não é pecador porque peca. Ele peca por ser pecador".
Estou então emparedado pela Graça. Sendo o único instrumento de salvação, sua eficácia só se dá em meio a uma confissão genuína. Não aceita aparência, mas me expõe como verdadeiramente sou, quebrando minha altivez . Devo fazer o melhor sem esperar recompensa, pois se o fizer nem "servo inútil" serei. Torno-me só inútil.
Então, viver pelas várias leis criando novas fórmulas e regras disfarçadas de coisas de Deus é mais cômodo. A Graça constrange muito!

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

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