sexta-feira, 31 de julho de 2009
O SENHOR DO LADO DE FORA - POR PAULO CILAS
Há algum tempo fiquei curioso quanto à expressão "voz do que clama do deserto" referente a João Batista. De súbito, me ocorreu que não era ele, João, que clamava. Ele era tão somente a voz de quem clamava. E quem clamava? Deus!!!Fora da cidade, fora do templo clamava, pois não havia "lugar para Sua Presença" com os Caifás e Anás religiosos e corruptos dominando os cultos, alimentando hipocrisias.Mais tarde, encontramos uma cena triste e, muitas vezes, disfarçada, dada à nossa interpretação errada da passagem bíblica (pelo menos, minha interpretação errada, que via ali um convite ao pecador não crente para que o mesmo aceitasse a Jesus). Refiro-me à cena descrita por João, apóstolo, na carta de Jesus endereçada aos de Laodicéia: "eis que estou à porta e bato. Aquele que ouvir minha voz e abrir a porta Eu entrarei..."! Ora, a situação não é outra se não Jesus, O Senhor da Igreja, pedindo para entrar na igreja. E é fácil perceber porque Ele está do lado de fora. Leia e veja em Ap. 3: 14-20 que a igreja estava morna, causando ânsia de vômito e, agarrada às suas riquezas e capacidades, não percebia o quão miserável era.O Senhor fora do templo, O Senhor fora da igreja! Será que temos a certeza de que o Reino está dentro de nós?Nota. Ouvindo Ariovaldo Ramos tive melhor compreensão sobre o tema.
GRAÇA QUE NOS EMPAREDA - POR PAULO CILAS
Conta Philip Yancey que, chegando a uma reunião de escritores cristãos, um assunto já estava em debate: Qual a maior contribuição prática do Cristianismo ao mundo? Bem informalmente, os debatedores constatavam que benfeitorias sociais, educacionais, médicas e outras emocionais e espirituais também eram realizadas por muitas outras religiões no mundo. Ao responder, Yancey foi direto: A Graça!De fato, todas as religiões apresentam algum tipo de salvação sempre baseada no auto-sacrifício, reencarnação, mérito e purgatório, etc...Mas, triste mesmo é a constatação de que a Graça não é compreendida e por isso mesmo não vivida; e o pior, ela não é aceita no meio dos que dizem seguir seu Autor. Em alguns casos ela soa como uma ameaça à boa fé. Mas, por que? Porque a Graça não consegue ser entendida em sua plenitude?Penso que, no confronto com a Lei, ela é muito mais contundente. Na Graça, não basta não matar, pois ela me revela o quanto sou mau em odiar. Ela me coloca em pé de igualdade com um assassino. E isto? Ah! Isto é injusto, ora. Então, ainda que meio sem querer, eu a renego.E o mérito? Vivemos a era da concorrência, da mídia. Propagandas de escolas afirmam que nelas só estudam as melhores cabeças ou os que querem ter um futuro brilhante. E, no mercado, os melhores são logo escolhidos e usados. Na igreja humana quanto maior e luxuoso o prédio, quanto mais "visões e unções" e o maior número de seguidores, tem-se estabelecida a melhor, a mais, mais dentre todas.Entretanto, a Graça joga tudo isto por terra. Nela estávamos todos encerrados debaixo da desobediência. Todos éramos, sem ela, miseráveis, pobres , cegos e nus. E sem ela permanecemos assim. Méritos, justiça própria, aparências, obras... Nada disso subsiste. Nada pode ser apresentado diante de Deus como coisa de valor. Pois tudo estava condenado.Alguns, para não dizer muitos, alegam que quando se prega muito sobre Graça há uma corrida desenfreada para o pecado. O entendimento é que a pessoa se torna mais pecadora a partir da Graça. Muitas vezes, isto não é dito de forma clara, mas está camuflado no "modus operandis" eclesiástico. Mas vejam só! Pela Graça é a única maneira possível do homem ser salvo."O homem não é pecador porque peca. Ele peca por ser pecador".Estou então emparedado pela Graça. Sendo o único instrumento de salvação, sua eficácia só se dá em meio a uma confissão genuína. Não aceita aparência, mas me expõe como verdadeiramente sou, quebrando minha altivez . Devo fazer o melhor sem esperar recompensa, pois se o fizer nem "servo inútil" serei. Torno-me só inútil.Então, viver pelas várias leis criando novas fórmulas e regras disfarçadas de coisas de Deus é mais cômodo. A Graça constrange muito!
Postado por Pr. Paulo Cilas às 06:06
sexta-feira, 24 de julho de 2009
MACHADO QUE SE PERDE, VIDA QUE RESSURGE - POR PAULO CILAS
A narrativa de 2 reis 6: 1-7 poderia ser vista tão somente como mais um milagre de Deus através de um servo seu. Contudo, as páginas do texto sagrado, ao retratar a trajetória humana, expõem aspectos dos mais agudos e fundamentais aos mais comezinhos e diários. E em todos, absolutamente todos, temos ensinamentos riquíssimos.
Pois bem, encontramos nesta passagem uma situação comum a todos nós: querer melhorar de vida, a maneira de viver. "O lugar que moramos é pequeno demais, permita que façamos uma casa maior". Os filhos dos profetas – aprendizes do ofício profético – queriam tão somente uma casa mais confortável, quem sabe com maior privacidade. Enfim, algo muito prosaico. Mas, ao cortar uma árvore, o machado de um deles caiu nas águas do Jordão. Ferramenta cara e rara naqueles tempos, tal perda fez com que o moço empalidecesse de susto, pois, na verdade, o machado não lhe pertencia.
E agora? A ação a seguir é de uma simplicidade fenomenal. Eliseu toma um pequeno pedaço de pau, um galho talvez, e, perguntando ao moço em aflição qual o lugar exato onde caíra o machado, ali o lançou e o machado veio à tona. “Estenda a mão e pegue-o", foi a ordem seguinte.
Algumas vezes, perdemos o machado também. Nos nossos sonhos e anseios, necessidades prementes ou secundárias, nos vazios e cansaços, sentimos que nossa vida parou. Ou a continuação dela se dá sob o signo da desesperança, da falta de perspectiva. Ou ainda, a vida continua, mas estimulada por valores e ética empobrecidos. Não vivemos, por hora só existimos.
Perdemos a alma. A nossa alma vivente caiu no rio.
E a solução é: primeiro, identificar o lugar exato da queda. E isto não é fácil, dada nossa dificuldade de encarar as dores e decepções vividas, e, mais dificuldade ainda, quando somos os causadores de nossas tragédias. Reconhecer erros sem culpar outros é tarefa penosa demais para nós.
Conseguindo identificar o lugar da queda, o segundo passo é estender a mão para pegar o machado – alma, vida. E, nesta hora, podemos estar desanimados demais, descrentes mais ainda. Pior, passamos a nos alimentar da nossa miséria. Envergados diante dos descaminhos, esperamos que o machado não somente bóie, mas que também venha voando para nossas mãos.
Mas, o milagre parou no momento em que as águas devolveram a ferramenta. Coube ao moço estender a mão e a tomar.
Da mesma forma, o Senhor age conosco. Fornece-nos, miraculosamente, o instrumento perdido e, a partir daí, é conosco, pois não adianta ter alma e não querer a vida, ter a vida e não querer construir, não querer melhorar. Principalmente querer melhorar como gente.
Tomemos a nossa ferramenta nas mãos porque Deus, em Jesus Cristo, a fez ressurgir das profundezas e nos possibilitou ter vida, e vida em abundância.
Pois bem, encontramos nesta passagem uma situação comum a todos nós: querer melhorar de vida, a maneira de viver. "O lugar que moramos é pequeno demais, permita que façamos uma casa maior". Os filhos dos profetas – aprendizes do ofício profético – queriam tão somente uma casa mais confortável, quem sabe com maior privacidade. Enfim, algo muito prosaico. Mas, ao cortar uma árvore, o machado de um deles caiu nas águas do Jordão. Ferramenta cara e rara naqueles tempos, tal perda fez com que o moço empalidecesse de susto, pois, na verdade, o machado não lhe pertencia.
E agora? A ação a seguir é de uma simplicidade fenomenal. Eliseu toma um pequeno pedaço de pau, um galho talvez, e, perguntando ao moço em aflição qual o lugar exato onde caíra o machado, ali o lançou e o machado veio à tona. “Estenda a mão e pegue-o", foi a ordem seguinte.
Algumas vezes, perdemos o machado também. Nos nossos sonhos e anseios, necessidades prementes ou secundárias, nos vazios e cansaços, sentimos que nossa vida parou. Ou a continuação dela se dá sob o signo da desesperança, da falta de perspectiva. Ou ainda, a vida continua, mas estimulada por valores e ética empobrecidos. Não vivemos, por hora só existimos.
Perdemos a alma. A nossa alma vivente caiu no rio.
E a solução é: primeiro, identificar o lugar exato da queda. E isto não é fácil, dada nossa dificuldade de encarar as dores e decepções vividas, e, mais dificuldade ainda, quando somos os causadores de nossas tragédias. Reconhecer erros sem culpar outros é tarefa penosa demais para nós.
Conseguindo identificar o lugar da queda, o segundo passo é estender a mão para pegar o machado – alma, vida. E, nesta hora, podemos estar desanimados demais, descrentes mais ainda. Pior, passamos a nos alimentar da nossa miséria. Envergados diante dos descaminhos, esperamos que o machado não somente bóie, mas que também venha voando para nossas mãos.
Mas, o milagre parou no momento em que as águas devolveram a ferramenta. Coube ao moço estender a mão e a tomar.
Da mesma forma, o Senhor age conosco. Fornece-nos, miraculosamente, o instrumento perdido e, a partir daí, é conosco, pois não adianta ter alma e não querer a vida, ter a vida e não querer construir, não querer melhorar. Principalmente querer melhorar como gente.
Tomemos a nossa ferramenta nas mãos porque Deus, em Jesus Cristo, a fez ressurgir das profundezas e nos possibilitou ter vida, e vida em abundância.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
A CRUZ DE CRISTO E A ESPIRITUALIDADE CRISTÃ - POR RICARDO BARBOSA
Tenho, nos últimos anos, refletido sobre a espiritualidade cristã. Minha preocupação está voltada para a apatia espiritual, a falta de integridade e coerência entre nossas convicções e a vida, a distância entre a teologia e a oração, e o chamado de Cristo para amar a Deus com a mente e o coração. Embora este tema tenha tomado outros rumos e provocado outros interesses, nem sempre fundamentados na Bíblia ou na longa tradição cristã, ele segue sendo um grande desafio para os cristãos do século 21. Para manter o foco numa espiritualidade cristã e bíblica, é preciso reconhecer a centralidade da cruz. A cruz de Cristo foi única no sentido de que representou uma escolha, um caminho que Jesus decidiu trilhar: o caminho da obediência ao Pai. A espiritualidade cristã requer obediência. Sabemos que no tempo de Jesus existiram muitas outras cruzes e muitos que foram crucificados nelas; alguns culpados, outros martirizados. No entanto, nenhuma delas pode ser comparada com a cruz de nosso Senhor em virtude daquilo que ela representou.Podemos considerar que a cruz de Cristo começa a ser carregada no episódio da tentação. Ali, o diabo propõe um caminho para Jesus ser o Messias. Um caminho que representou uma forma tentadora de ser o Messias. Transformar pedras em pães, saltar do alto do templo e ser amparado por anjos, e receber a autoridade política e financeira sobre os reinos e as nações. Se Jesus aceitasse a oferta do diabo, rapidamente teria uma multidão de admiradores, de gente faminta encontrando pão nas ruas e estradas, encantada com seu poder sobre os anjos e os seres celestiais e com seu governo mundial estabelecendo as novas regras políticas e econômicas. Seria o caminho mais rápido para implantar seu reino entre os homens.Porém, o caminho de Deus não era este. O reino que ele oferece precisa nascer primeiro dentro de cada um. As mudanças não acontecem de cima para baixo nem de fora para dentro. É um reino que vem como uma pequena semente e leva tempo para crescer. Não é imposto, é aceito. Não se estabelece pela força do poder, mas pelo coração e mente transformados. O rei deste reino não permanece assentado no seu trono, mas desce e se torna um servo. A cruz de Jesus não significou apenas o sofrimento final do seu ministério público. Ela representou uma escolha que o acompanhou por toda a sua vida e que culminou em seu sofrimento e morte. Quando Jesus nos chama para segui-lo, ele afirma que, se não tomarmos nossa cruz, não será possível ser seu discípulo. A razão para isto é clara. Se o caminho dele é o caminho do servo obediente, o nosso não pode ser diferente. Por isto, precisamos tomar nossa cruz, e ela deve representar também nossa escolha, que é a mesma que ele fez -- uma escolha pela renúncia e pela obediência ao Pai.O apóstolo Paulo entende o chamado de Jesus para tomar a cruz e segui-lo quando afirma: “Eu estou crucificado para o mundo e o mundo está crucificado para mim”. O caminho do mundo ensina: “Ame seus amigos e seja indiferente com os outros”. O caminho de Jesus diz: “Ame os inimigos e ore por eles”. No caminho do mundo ser o maior e o melhor é o mais importante. No caminho de Jesus o melhor é ser o menor e o servo de todos. Podemos achar que o caminho de Cristo é muito difícil, que amar os inimigos, orar pelos caluniadores, ser manso num mundo competitivo, humilde numa sociedade ambiciosa, não é só difícil -- é impossível. Concordo, por isto o chamado é para tomar a cruz. A cruz significa renúncia, sofrimento e morte.As opções estão diante de nós diariamente. Todos os dias somos levados ao monte da tentação. Todos os dias o diabo nos oferece suas ofertas e seu caminho, e Deus, pela sua palavra, nos revela seu caminho. Todos os dias temos de fazer nossas escolhas. Tomar nossa cruz é aceitar o caminho de Cristo, e neste caminho experimentamos uma espiritualidade verdadeira.
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