1. Ignorar o chamado à evangelização do mundo.
Obsessão com a injustiça social em detrimento da preocupação com a injustiça pessoal. A primeira, inviabiliza a relação do homem com o seu semelhante. A segunda, inviabiliza a relação do homem com o seu Criador.
2. Perder de vista o fato de que o pobre é pecador.
A pobreza não é virtude. Não torna o ser humano imune ao pecado. Responsabilidade diminuída não é o mesmo que responsabilidade eliminada.
3. Relativizar o aspecto privado da ética cristã.
Vivi muito essa tentação. Você chega de uma favela na qual dez foram executados. Descobre na cidade esquema de corrupção que sangra os cofres públicos e impede verba pública de chegar às áreas carentes. Percebe o lado hediondo do sistema econômico. Toma conhecimento das relações de poder. A vontade é de circunscrever o pecado a apenas esse tipo de maldade monumental.
4. Tornar-se marxista.
O marxismo é uma religião secular profundamente atraente para o militante da missão integral. Por falar muito em injustiça social, pode levar o cristão sincero a não perceber que o que prescreve como solução aos males do capitalismo não é tão bom quanto à crítica que faz às injustiças do capitalismo. Nunca devemos nos esquecer do fato que o marxismo vê Cristo, moral cristã, céu, Bíblia, igreja, culto, como frutos de relações econômicas sem nenhum fundamento na realidade dos fatos. Jogo de poder puro. Os detentores do poder usando a religião para justificar a opressão do trabalhador. Marx se enganou. Weber o corrigiu. A pregação do evangelho acompanhada de ensino sólido, que mostre as implicações político-sociais do cristianismo, pode liberar energia capaz de levar cristãos verdadeiros a lutarem tanto contra totalitarismo de direita, quanto contra totalitarismo de esquerda. E isso a partir da mais alta motivação possível: a glória de Deus.
5. Pregar de modo soberbo e amargo.
Viver a insultar quem pensa de modo diferente, julgar que quem não vê a vida em termos de luta de classe trabalha para o sistema de exploração do pobre, desmerecer o trabalho de crentes fiéis que ainda não entenderam os pressupostos teológicos da missão integral. Cuspirem no próprio prato, pois muitos foram levados a Cristo por pregadores que nada sabiam sobre missão integral.
6. Pastorear igreja que não cresce e não se perturbar com isso.
Chegar à conclusão que a igreja não aumenta em número porque sua mensagem representa verdadeiro golpe nas ambições da burguesia, quando na verdade a igreja deixou de batizar pessoas pelo fato de o pregador não anunciar mais o evangelho, deixando de conclamar a igreja a levar as boas novas aos que não sabem para aonde vão depois da morte.
7. Usar o púlpito para falar desmedidamente sobre política.
Tornar-se monotemático. Mandar no culto de domingo mensagem para a classe governante. Falar sobre o que pouco conhece. Deixar de pregar expositivamente. Permitir que a pregação seja mais pautada pelo jornal do que pela Bíblia.
8. Acreditar que pelo fato de pregar sobre o pobre está servindo ao pobre.
Dar voz a quem não conhece. Falar sobre pobreza sem estar na favela. Pregar mensagem que nem o pobre entende. Deixar o pobre só, nas ocasiões em que ficar do lado dele representa risco de vida.
9. Envolver-se com política partidária.
Essa é uma coisa que o membro da igreja pode fazer. Mas, como fica a vida de um pregador que usa da sua influência para levar pessoas a aderirem ao seu partido político numa igreja na qual pessoas das mais diferentes linhas ideológicas congregam? Como evitar que seu compromisso com a justiça não seja contaminado pela sua preferência partidária?
10. Ser mais versado em ciência política do que em teologia sistemática.
A igreja espera ter como pastor um pregador bom de Bíblia. Capaz de fazer leitura sobre as demais disciplinas do pensamento a partir do enquadramento intelectual da boa teologia sistemática, que tem a teologia bíblica como fundamento. Se a sua paixão é ciência política e não a exposição das Escrituras, largue o púlpito, pois nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.