quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

SENHOR DE TUDO - PAULO CILAS


 No livro " Acima de tudo" Brennan Manning narra as muitas vezes em que Jesus "foi reduzido" às necessidades, maldades, anseios e caprichos humanos. Assim, foram criados:
    - O Jesus César - É a igreja embevecida com o poder, que posa ao lado de autoridades e acha que assim há maior relevância. Se vê influente por transitar nos bastidores do poder.
     - O Jesus Thomás de Torquemada - Inquisidor que matou e perseguiu milhares em nome de uma disciplina cristã. Quantos há que que em nome da fé desprezam o dom do amor.
      - O Jesus hippie - Revolucionário e anárquico. Quantas baboseiras também hoje em nome de uma liberdade vazia de conteúdo.
      - O Jesus yuppie- O cristianismo  de grife como testemunho da prosperidade do céu. Bens materiais e liturgias bem ajustadas, ora frias, ora extravagantes, representando "a glória de Deus".
  Acrescento ainda "O Jesus Sílvio Santos". Ele pegunta quem quer dinheiro? Abre as portas da esperança e oferece o baú da felicidade, porque o baú Dá fecidade.
   E assim desavisadamente ou não, vamos constituindo e moldando um cristo casamenteiro ou que salva casamentos. Um super nanny que educa nossos  filhos enquanto somos relapsos.
   A igreja desse cristo é apenas um  lugar legal para a família  ignorando que no passado e no presente, e ao redor de todo o mundo, crentes são perseguidos e mortos por se reunirem em nome de Jesus. Então, muitos, se vivessem nessa realidade, deixariam de ser e de ir à "igreja" por ela não ser mais um lugar "legal e seguro".
  Há ainda aqueles que transformam Jesus no personal stylist. Ele determina  ou inspira até bota de couro de píton.
  Contudo, ainda que tentem artificialmente moldar Jesus às mesquinharias humanas, Ele, O Senhor está acima de tudo e de todos.
  
 "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,
A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas;
Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.
Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho?
E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz:E todos os anjos de Deus o adorem.
E, quanto aos anjos, diz: Faz dos seus anjos espíritos, E de seus ministros labareda de fogo.
Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino.
Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu Com óleo de alegria mais do que a teus companheiros.
E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos.
Eles perecerão, mas tu permanecerás; E todos eles, como roupa, envelhecerão,
E como um manto os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, E os teus anos não acabarão.
E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés?
Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?" Hebreus 1:1-14


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

POR QUE AINDA VAMOS À IGREJA - JÚLIO ZAMPARETTI

Um Deus de promessas e serviço é o que todos procuramos. É isso que esperamos sentados e de mãos estendidas, pedindo que algo se nos dê, que alguma coisa aconteça. Mas será que realmente cremos em Deus? Não estaríamos depositando a fé, na verdade, numa espécie de Superman? Afinal, para que nos serve esse Deus?

Volto a me perguntar: por que ainda vamos à igreja? O que procuramos nela? 

A resposta que ouço não é a mesma que vejo. Porque os nossos lábios dizem que vamos à igreja “adorar ao Senhor”, ao passo que nossas atitudes mostram que vamos massagear nosso próprio ego, pois saímos de lá tão presunçosos e cheios de si, que tornamo-nos incapazes de nos identificarmos com os pecadores, pobres e miseráveis com quem Jesus se identificou, andou, serviu, conversou, sorriu, festejou, comeu e bebeu.

Nossos lábios dizem que vamos “encontrar a Deus”, mas nossas atitudes mostram que não podemos vê-lo, porque só vemos maldade e malícia em tudo o que nos rodeia. 

Nossos lábios dizem que queremos ser cidadãos dos céus, todavia nossas atitudes mostram que, cada vez mais, estamos acorrentadas às futilidades e riquezas terrenas, de maneira que fizemos delas a própria razão de nossa fé.

Nossos lábios dizem que queremos ser felizes, mas nossas atitudes mostram somente a infelicidade de apenas anestesiarmos nossas almas, já não sendo mais capazes de alcançar a felicidade de chorar com os que choram. 

Nossos lábios dizem que almejamos alcançar a misericórdia divina; no entanto, nossas atitudes mostram a impossibilidade disso, pois nos afastamos dela cada vez que a negamos a quem quer que dela necessite. E a despeito de tudo isso, ainda esperamos que Deus faça alguma coisa, que nossas orações mudem tudo e todos, mas nós mesmos não mudamos.

Deus não se fez um super-herói, se fez homem. Não fez por nós as coisas que devemos fazer, mas serviu sim de exemplo para que nós o seguíssemos, tomando nossa cruz e fazendo o que está à nossa mão para fazermos. Deus também não nos deu as respostas prontas. Como fez no passado, ainda hoje faz, nos leva a olharmos para o nosso interior e buscarmos as respostas no íntimo de nosso consciente, e depois disso, assumirmos as responsabilidades que venhamos a contrair através de nossas respostas e escolhas, principalmente quando, por conta delas, necessitarmos pedir perdão.

A igreja não existe para nos conduzir a um caminho de poder, mas sim para nos fazer entender nossas fraquezas e seguirmos a trilha da humildade e compaixão; não existe para nos fazer deuses, mas sim para nos tornar mais humanos, pois é justamente na nossa humanidade que Deus é revelado, e na nossa fraqueza sua força é manifestada. Afinal, assim como por uma humilde mulher nasceu o próprio Deus, assim também, em nossa pobre humanidade o Cristo é gerado. Ao que o anjo diz: “não temas receber Maria”, direi, então: não temas receber a humanidade do ser, não temas ser humano. A igreja não existe para aliviar a nossa consciência atulhada pelo nosso descaso com as causas ambientais e sociais, mas sim para nos comprometer com a luta por um mundo melhor, sem fome e mais justo. Se algo diferente disso existe - e lamentavelmente existe - com certeza não é igreja.

A igreja não existe para guardar a sua alma, mas sim para salvar o mundo.






Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...