segunda-feira, 25 de novembro de 2013

ARMADILHAS - RICARDO BARBOSA DE SOUSA

Crescimento das igrejas: três armadilha

Os riscos dessa expansão são invisíveis, mas muito grandes.


 Para mim não é fácil escrever um artigo sobre os perigos do crescimento das igrejas. Primeiro, porque nunca fui pastor de uma igreja numerosa. Não sei o que isso significa. Segundo, porque a realidade que envolve o crescimento de uma igreja é sempre muito complexa. Espera-se que uma igreja saudável – que ensina a Palavra de Deus, evangeliza e faz discípulos de Cristo ¬– cresça numericamente.

Porém, a saúde e a fidelidade de uma igreja podem levá-la a crescer e ser relevante, bem como a sofrer e ser marginalizada. No entanto, como o crescimento e a visibilidade das igrejas despertam grande interesse e o status decorrente é muito sedutor – o que não acontece quando o que está em jogo é o sofrimento, a marginalidade e o martírio –, gostaria de refletir sobre os riscos, ou quem sabe, sobre os ídolos, que o crescimento numérico das igrejas pode apresentar.

A preocupação com o crescimento da igreja é legítima e necessária. Sempre foi. O desafio dessa expansão envolve afirmar a prioridade da missão, a centralidade do evangelho, a necessidade de falar para os de fora, bem como o esforço para ser relevante no contexto social e cultural, no estabelecimento de alvos objetivos, na importância de estratégias e no uso correto das ferramentas sociais e tecnológicas.

Embora esta preocupação com o crescimento seja percebida em toda a história cristã, as mudanças sociais das últimas décadas trouxeram novas realidades, que precisam ser analisadas criticamente. Há três décadas, a preocupação dos evangélicos era com a missão integral e a luta por transformação política e social. A preocupação hoje é com a igreja local, seu crescimento, e sua presença na sociedade. Antes o foco estava na esfera pública; agora, na esfera privada da vida comunitária. Antes a palavra de ordem era "revolução", hoje é "relevância".

A busca por uma igreja relevante abre portas para um novo mundo, trazendo novos desafios e possibilidades. Por outro lado, abre brechas para o risco de a igreja se comprometer, muitas vezes sem perceber, com o espírito desta era. Modernizar e inovar não são um problema em si. Porém, é preciso olhar criticamente para a forma como se faz a busca por relevância e de que maneira se lança mão dos recursos modernos de crescimento. É necessário discernir os riscos que tais ações representam para o futuro do cristianismo.

A expressão "crescimento" pode ser compreendida em termos quantitativos (número de membros, orçamento, projetos) e qualitativo (maturidade, caráter, profundidade). Ambos são importantes, e um não exclui, necessariamente, o outro. No entanto, o crescimento quantitativo nem sempre promove um crescimento qualitativo, mas sempre desperta um fascínio em função da visibilidade e do prestígio que uma grande igreja proporciona para seus líderes e membros. É aqui que enfrentamos um grave risco: o de se construir a casa (igreja) sobre a areia e não sobre a rocha, segundo a parábola de Jesus.

CARACTERÍSTICAS DAS IGREJAS QUE CRESCEM

As igrejas que mais crescem possuem, pelo menos, três características comuns: uso intenso de modernas ferramentas tecnológicas, forte liderança pessoal e uma poderosa marca institucional. É claro que existem outras características, mas quero me deter nestas três e refletir sobre os riscos que elas representam para o futuro da igreja.

A revolução tecnológica da segunda metade do século 20 e deste início de século 21 mudou o cenário religioso. A busca pela excelência funcional e por uma comunicação eficiente ocupa o topo das prioridades de muitas igrejas. Possuímos tecnologia para um bom planejamento estratégico, música de excelente qualidade, projetos de crescimento eficientes.

O problema é que a tecnologia tem o poder de substituir aquilo que Deus faz por aquilo que é feito pelo homem. Vivemos o risco de um perigo semelhante ao que Paulo percebeu na igreja de Éfeso, cujos crentes, segundo o apóstolo, tinham aparência de piedade e no entanto lhe negavam o poder. Ter uma boa música, não nos torna, necessariamente, adoradores. Um bom planejamento estratégico não tem o poder de transformar mentes e corações. Projetos eficientes não fazem de nós verdadeiros discípulos de Cristo.

Igreja bem estruturada não é sinônimo de comunhão. A crítica à Igreja de Laodicéia é de que ela era rica e abastada e não precisava de coisa alguma. Inclusive de Deus. A tecnologia vem se tornando um substituto para a fé. Mas essa eficiência não substitui o poder transformador do evangelho. Precisamos perguntar: é possível discernir o que Deus está fazendo? O primeiro risco que a igreja enfrenta hoje é o da negação de Deus. Não a negação de sua existência, mas do seu poder.

Uma segunda característica comum é a forte liderança pessoal. A liderança forte, bem como a tecnologia, em si, não constitui um problema. O risco está naquilo que nem sempre é percebido. Se a tecnologia traz o risco de uma igreja sem Deus, a liderança forte traz o risco de uma igreja sem netos ou bisnetos. Hoje, o que mais atrai os fiéis a uma igreja, além de sua funcionalidade, é o carisma de seu líder.

Ao ser perguntado pela igreja que frequenta, a resposta mais comum é "a igreja de fulano de tal". Essa liderança confere uma posição de destaque ao membro desta igreja. A pergunta é: igrejas assim sobreviverão à uma segunda ou terceira geração? Sobreviverão depois que seus grandes líderes saírem de cena? Sabemos que algumas megaigrejas na América do Norte entraram em rápido declínio na segunda geração de líderes.

O velho problema da igreja de Corinto se repete: uns são de Paulo, outros de Apolo, outros de Pedro e alguns chegam a dizer que são de Cristo. O personalismo intensifica o narcisismo, que muda o objeto da adoração. Tanto na política como na igreja, a figura forte de um líder compromete o futuro. Vive-se um apogeu glorioso seguido por um rápido vazio e declínio.

A terceira característica é a forte marca institucional, que a torna atraente. Aqui vejo dois perigos. O primeiro diz respeito à busca por relevância. Porém, o que precisa ser relevante, a igreja (instituição) ou o evangelho de Cristo? É possível ser relevante e, ao mesmo tempo, comprometido com a verdade? Sem o evangelho e sem a verdade, qualquer esforço para ser relevante se mostrará, cedo ou tarde, totalmente irrelevante. A imagem que Paulo usa é a do tesouro em vasos de barro.

Não é o evangelho de Cristo que desperta o interesse de muitos para a igreja hoje, mas a própria igreja com seus métodos, programas, música e tecnologia. Isso não é necessariamente ruim. Nem sempre as pessoas serão atraídas pelos motivos mais nobres. O problema é que o vaso vai se transformando não só na porta de entrada, mas num fim em si mesmo. Quanto mais atenção se dá ao vaso, menor valor terá o evangelho.

O outro perigo é a perda da consciência de ser povo de Deus, Corpo de Jesus Cristo. Algumas igrejas que crescem rapidamente atraem uma quantidade considerável de cristãos frustrados com suas igrejas de origem, que ali chegam como a última alternativa institucional de sua jornada cristã. Envolvem-se com paixão, adquirindo uma forte identidade com aquele grupo em particular. O problema é que não são mais capazes de se verem como parte do povo de Deus em uma determinada região ou cidade, mas apenas como povo de Deus de uma igreja particular. É a negação do "povo de Deus" e a afirmação perigosa de uma elite religiosa superior.

CUIDADOS NO CRESCIMENTO

O desafio do movimento moderno de crescimento de igrejas requer alguns cuidados. O primeiro é o de preservar Deus como Deus na igreja. A tecnologia pode nos ajudar em muitas coisas, mas não transforma o coração e a mente caída do ser humano. Só seremos relevantes enquanto permanecermos envolvidos pelo que é eterno. Podemos usar os recursos modernos, mas precisamos nos assegurar que o que virá pela frente serão vidas transformadas pelo poder do evangelho de Jesus Cristo e não consumidores de programas e entretenimento religiosos.

O segundo cuidado é reconhecer a virtude da humildade. O testemunho de João Batista era: convém que ele cresça e que eu diminua. Este deve ser o espírito de qualquer líder. Jesus advertiu seus discípulos em relação ao risco do poder quando disse que entre os grandes e poderosos deste mundo, o maior manda nos menores. No entanto, disse ele, entre vocês não será assim. Quando a admiração por um líder diminui a devoção a Cristo, é sinal de que o espírito desta era já nos capturou.

O terceiro cuidado é compreender que fomos batizados num corpo. Somos o povo de propriedade exclusiva de Deus. Adoramos a Deus em uma comunidade local – grande ou pequena –, mas o Deus que adoramos fez uma aliança com seu povo do qual somos parte. O precioso tesouro foi confiado a um vaso de barro. Seja este vaso grande e inovador, ou pequeno e discreto, o que importa é o tesouro confiado a ele, sempre. Se a relevância pertencer ao vaso, o tesouro será negado à humanidade. É o Corpo de Cristo, todo ele, que revela a glória do cabeça da Igreja.

Os riscos do crescimento são invisíveis, mas muito grandes. Construir uma casa sobre a areia sempre foi uma opção atraente e sedutora. Mas formar discípulos fiéis e obedientes de Jesus Cristo, ensiná-los a guardarem seus mandamentos e obedecê-los, integrá-los em uma comunidade de adoração e serviço sacrificial, sempre foi uma tarefa difícil, lenta e trabalhosa.

Porém, quando vierem as tempestades e os vendavais testando o valor da fé, esta igreja, edificada sobre a rocha, testemunhará a glória da verdade redentora de Jesus Cristo.


 Revista Cristianismo Hoje


terça-feira, 19 de novembro de 2013

OUTRO DESABAFO - ED RENÉ KIVITZ


A Arte do Como Fazer - Paulo Cilas

      

Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensara.   Mt 6.3,4
Esse texto traz o espírito de como fazer as coisas certas e boas:

-Quando você for fazer o bem não exija que os outros façam a mesma coisa. Simplesmente faça o que você propôs em seu coração fazer. Não perca tempo criticando o que não teve a mesma ideia sua.
-Se você evita vícios, lugares que pensa ser impróprios e algumas outras práticas, não resmungue contra aqueles que não têm o mesmo posicionamento seu; você correrá o risco de se achar muito melhor que os demais (soberba é o pecado nascido no coração de Satanás).
-Se você se dedicar à oração não passe a dizer que os outros não são espirituais; simplesmente ore. Ore em secreto por aqueles que precisam. Não faça alarde quanto aos seus jejuns e horas de joelhos. Não queira ser visto pelos outros. Deus não te levará em consideração!
-Há muitos que, por terem sido traumatizados ou alimentaram vícios, acabam por se tornar radicais quando as mesmas coisas se dão na vida de outros.  Deixam de ser testemunhas de Jesus para serem juízes de todo o mundo.
-Lembre-se: a tua história é a tua historia, os teus traumas são os teus traumas. E, principalmente,nunca é por força nem por violência. Dê tempo e seja misericordioso como você teve tempo de receber misericórdia e ir se tratando ao longo da lida.
 -Faça o bem a si mesmo e aos outros em vez de remoer as destemperanças que os outros nos provocam . Não deixe a raiva te consumir.
-Enxergue os que nos cercam com compaixão, ternura, amor. Dê ao mundo a chance de conhecer o AMOR, o amor de Jesus! Nada como um pouquinho de cada vez. Cada um de nós, mudando a nós mesmos. Modificando nossas ações. Enfim, aprendendo a viver e fazer o bem..


A Graça Impactante de Cristo - Brennan manning


Através do espantoso mistério da Encarnação, este mesmo Jesus está presente para aqueles que estão presos em meio a uma crise, para os que sofrem de enfermidades ou vícios debilitantes, para aqueles que vagueiam pelas florestas escuras da depressão do desespero e do medo aterrador. Com uma compaixão que não conhece fronteiras nem limites de resistência, Ele surpreende aqueles que estão presos pelo amor ao prazer, capturados pelo orgulho atroz ou consumidos pela ganância voraz apresentando-se  a eles em um relance de introspecção, revelando repentinamente que suas vidas são nada mais que um borrão sem sentido e caótico de energias mal direcionadas e pensamento defeituosos.
     O Salvador que nos liberta do medo do Pai e do desamor por nós mesmo, anima os derrotados através da descoberta dolorosa de que nossos esforços para nos desembaraçarmos das desordens de nossas vidas são contraditórios em si mesmos, pois a fonte dessas desordens é o nosso próprio ego arrogante. Bufar de raiva, brigar por migalhas e nos fatigarmos por tentar consertar a nós mesmos é um exercício inútil. Jesus espera que as tentativas cessem e em seguida envia um discípulo até à alma esgotada a fim de revelar-lhe o impactante significado da graça.
     O Teólogo Roberto Barron escreveu: “Ele é o Deus de coração partido que cura os corações partidos da humanidade. Jesus de Nazaré é a soma de todas as coisas pelas quais temos esperado desde o Éden”.
     Discursando sobre o extraordinário impacto da pessoa de Jesus na cultura e nas artes, Barron prossegue: “Jesus é retratado de forma amorosa pelos pintores Bizantinos, pelos artistas das catacumbas, pelos escultores da Idade Média, por Giotto, Leonardo, Michelângelo, Caravaggio, Rubens, Rembrandt, Manet, Picasso e Chagall. Sua sombra se projeta sobre as obras de Dostoievski, Hemingway, Melville, Eliot e Graham Greene. Sua cruz   ̶  é o símbolo dominante e mais reconhecido em todo o Ocidente. Jesus é absolutamente inevitável. Nossa linguagem, comportamento, atitude, perspectiva, aspirações, temores e sensibilidade moral, tudo foi indelevelmente marcado por Sua mente e coração”.



Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...