segunda-feira, 19 de novembro de 2012

OS DOIS LUGARES DE DEUS - PAULO CILAS

Is 57.15 “Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.” Nada do que façamos: templos, músicas, instrumentos, reuniões, programas, nada, absolutamente nada, chega aos pés do que o Senhor já tem. Um lugar Alto e Sublime! Está escrito que nesse lugar há um rio de águas cristalinas cujas correntes alegram a cidade de Deus, o Santuário das moradas do Altíssimo (Sl 46.4). Na parte final do livro de Jó O Senhor pergunta onde estava Jó quando as estrelas da alva cantavam alegremente e todos os filhos de Deus rejubilavam? Que coral humano por mais competente que fosse substituiria isto? Então a conclusão óbvia é que por mais que o homem se esforce não conseguirá fazer nada que Deus já não tenha em maior e em melhor tamanho. Deus continua morando no seu Alto e Sublime lugar, a grandeza do homem não o impressiona, pois Ele sequer habita em templo feito por mãos humanas At.7:48. Porém há possibilidade de uma segunda moradia de Deus. É como se Deus saísse do seu lugar, da Sua moradia e fosse para outro ambiente. Este lugar é o coração quebrantado do homem humilde. Eis o segundo lugar de Deus. Quando Jesus vem anunciar a salvação Ele estabelece a teologia da toalha e da bacia isto é, do servir, do maior como o menor. Ele prega não a guerra, o combate e a força, mas, sim, a graça e a misericórdia, o perdão e a simplicidade das crianças. Para nós, como igreja, sermos essa segunda moradia de Deus precisamos entender plenamente isso. E entender isso não tem sido fácil, haja vista o complexo de superioridade que tem tomado conta da Igreja que tem sido “chamada” de Cristo. Os brados de vitória, conquistas, domínios e suntuosidades de templos e pessoas têm tomado lugar da modéstia dos joelhos dobrados. Muitas vezes há muitos risos e poucas lágrimas, muitas determinações e poucas convicções, muitos lideres e poucos servos, muitos maiores e poucos menores. É o homem tentando fazer algo grande ignorando que jamais chegará ao que Deus já tenha. Ouço do Pr. Ed René Kivitz uma frase: “A igreja não é de cetros e espadas e sim de bacias e toalhas”! Precisamos dar ouvidos ao que Jesus disse a Pedro: Guarda a tua espada porque se eu quisesse viriam 12 legiões de anjos. Portando você quer que Deus deixe o seu trono e venha até você? Ofereça então um ótimo lugar, que será sempre o coração quebrantado, abatido (contrito) daquele que somente espera no Senhor.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

DEUS NÃO É SOBRENATURAL - ZÉ BRUNO

Olhai as aves do céu… Eu não gosto do uso da palavra sobrenatural em relação a Deus. Não é que eu não goste por mero capricho, mas por três motivos: Deus não é sobrenatural; o mau uso desta palavra acaba criando frustrados ou cínicos; e seu uso cega-nos para a “naturalidade” de Deus e de seu modus operandi. Um ser ou um evento é sobrenatural quando não provém da natureza, logo sua explicação não se submete as leis naturais. Se a criação fosse entendida apenas como uma criação natural, o adjetivo seria correto, todavia Paulo, apóstolo, nos diz que a criação é composta tanto de elementos naturais quanto de sobrenaturais: Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.[1] A criação não é formada apenas por aquilo que podemos ver ou conhecer, mas também por um mundo invisível, com seres e lugares invisíveis, criados antes dos humanos e do mundo, que podem ser bons ou maus e assim como os seres humanos, são criações de Deus. Dizer que Deus é sobrenatural é desconsiderar no uso desta palavra que o Criador está também acima do sobrenatural. Sendo assim, melhor seria fazermos coro com a teologia cristã que cunhou a palavra transcendência como atributo divino, mas não inventou a roda, apenas codificou neste termo parte daquilo que as Escrituras já diziam acerca da divindade em relação a sua criação. Transcendência é um atributo divino que diz que a divindade está acima da sua criação, quer natural quer sobrenatural, e assim não se confunde com ela. Em seu livro Vivendo com Propósitos, Ed René Kivitz nos oferece uma explicação mais refinada: A transcendência trata do Deus Totalmente Outro, como se referem os teólogos, aquele que “habita em luz inacessível”… Deus está no mundo, mas não é o mundo. Deus abrange o todo, mas é mais do que o todo. Deus está aqui e além. Por uma razão simples, Deus é, e não pode ser contido pelo que está.[2] Outro motivo que me faz não gostar do uso da palavra sobrenatural em relação a Deus é que os discursos popularizados nos jargões, canções e preleções fomentam uma expectativa que só poderá ser satisfeita com o “sobrenatural” e assim tem gerado uma geração de crente frustrados ou cínicos. Frustrados porque suas expectativas não são atendidas e cínicos porque quando frustrados, ignoram isto e continuam na mesma. A última razão é derivada da segunda, pois por falarmos como pensamos, expressões do tipo “receba o sobrenatural de Deus”, “vivendo no sobrenatural de Deus” e outras correlatas criam uma imagem limitada da divindade, dando a percepção de que o Altíssimo só age de maneira sobrenatural, logo a cura do câncer de forma sobrenatural é facilmente atribuída a Deus, todavia a cura do mesmo câncer através da ciência médica não é vista como uma ‘cura divina’. Esta visão parcial do modus operandi divino nos rouba a graça da vida, pois deixamos de ver Deus na natureza e é ela quem nos revela o seu poder: Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis[3] A presença de Deus na criação é o atributo da imanência, o qual nos permite vê-Lo nela. Se a transcendência torna Deus distante e inacessível, é a imanência que O faz permear o mundo e torna-O perceptível. Conforme se expressou Paulo: Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de tudo (transcendência), por tudo e em tudo (imanência)[4] No demais, que possamos ser mais reflexivos e que avaliemos sempre nossos discursos e linguagens pelo crivo do evangelho, afinal os discursos de qualquer natureza têm muito a nos revelar acerca daqueles que os proferem e com relação aquilo que alguns evangélicos brasileiros andam cantando, pregando e escrevendo, percebe-se um distanciamento entre o discurso e as Escrituras que não deixa de ser tão grave quanto o distanciamento entre a vida e a fé! Naquele que transcende e imana toda a criação,

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...