quarta-feira, 22 de abril de 2009

ENTRE DESERTOS E PALÁCIOS- POR RICARDO AGRESTE

É preciso concordar com Paulo quando diz que tudo podemos no Senhor.

Ao longo de minha caminhada cristã, não foram poucas as vezes em que me encontrei cercado por circunstâncias adversas. Em diversas ocasiões, carreguei dentro de mim um sentimento de que não conseguiria sair de uma determinada situação. Se não bastassem os problemas externos que me afligiam, meu ânimo se encontrava debilitado e sentimentos contraditórios me deixavam ainda mais confuso. Para completar o cenário caótico, em alguns destes momentos, um outro elemento intensificava ainda mais a crise: a sensação de que Deus não estava ouvindo minhas palavras ou olhando por mim.Apesar de ouvirmos muito pouco acerca da realidade destes momentos, ao longo da jornada de um cristão eles existem de fato. Descrevendo sua angústia em uma destas fases de sua caminhada cristã, João da Cruz chega a definir tal momento como sua “noite escura da alma”. Eu, particularmente, tenho optado por nomeá-lo simplesmente como deserto. O deserto, como espaço geográfico, é um lugar árido e de visual caracterizado pela desolação. Sua imagem transmite a todos a idéia de ausência de vida e iminência de morte. No entanto, é interessante notar que na espiritualidade bíblica o deserto não representa um lugar de perdição e destruição. Muito pelo contrário – nas páginas das Escrituras ele é retratado inúmeras vezes como um lugar onde pessoas são surpreendidas pela presença de Deus e por seu cuidado gracioso para com suas vidas. Neste sentido, o deserto pode se visto como um lugar para onde muita gente se desloca por força das circunstâncias, como aconteceu com Davi, ou voluntariamente, a fim de buscar a presença de Deus, como aconteceu com Jesus. Mas o deserto pode também ser momento existencial caracterizado pelas adversidades, decepções, enfermidades, crises e perdas; um tempo que não gostaríamos de atravessar, mas que, no futuro, nos dará plena consciência de sua importância na construção de nossas vidas. Há pessoas que acreditam que este tempo de deserto pode ser altamente perigoso para sua caminhada com Deus. Elas temem que, diante das pressões externas e lutas espirituais, possam vir a desanimar ou mesmo a se decepcionar com o Senhor, abandonando até mesmo a caminhada. No entanto, as histórias bíblicas nos mostram o contrário. No deserto, servos do Senhor são lapidados e ganham maior consciência do amor de Deus por suas vidas e de sua vocação na história. É ali que, ao invés de se perderem, foram encontrados pelo Pai. Na verdade, existe um espaço muito mais perigoso e nocivo para a genuína espiritualidade do que o deserto. É o que podemos chamar de palácio: o lugar onde experimentamos o poder e a fartura. No palácio, temos a sensação de que tudo está sob nosso controle. No palácio, nem mesmo precisamos de Deus, pois o pão nosso de cada dia está garantido pelas nossas próprias conquistas.Por isso mesmo, as histórias bíblicas e as biografias de homens e mulheres do passado nos revelam que, em sua grande maioria, o espaço em que pessoas mais frequentemente se perdem não é o deserto, mas o palácio. É quando vivem no palácio que abaixam a guarda, passam a confiar demais em si mesmas e se veem cercadas de oportunidades que não tinham antes. É no contexto do palácio que o dinheiro, o sexo e o poder se mostram mais sedutores, levando o ser humano à ruína.Creio que somos convidados a desenvolver nossa espiritualidade ao longo de uma caminhada que envolve tempos de desertos e tempos de palácios. Nos desertos, precisamos encontrar o caminho da confiança no caráter de Deus e da submissão aos seus desígnios, principalmente quando eles não são os da nossa vontade. Mas, nos palácios, precisamos exercitar a humildade de coração e a dependência do Senhor, reconhecendo que tudo o que temos e somos veio de suas mãos – e que as bênçãos não nos são privilégios, mas sim, responsabilidade. Isso porque ambos – tanto os palácios como os desertos – segredam armadilhas próprias. Enquanto desertos são lugares onde a amargura e a desconfiança nos assaltam, nos palácios somos constantemente envolvidos pela tentação de assumirmos o controle de nossas próprias vidas. É tendo em mente a consciência de que nossa espiritualidade é construída através de desertos e palácios que podemos compreender as palavras de Paulo em Filipenses 4.10-13: “Alegro-me grandemente no Senhor (...) pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece”. Aprender a cruzar desertos e a viver em palácios é uma tarefa árdua que requer uma vida inteira de muita oração e dependência de Deus. No entanto, é preciso concordar plenamente com o apóstolo quando diz que tudo podemos no Senhor. Só isso pode explicar o fato de que, apesar dos desertos e palácios, ainda estamos firmes – e, apesar de nossos tombos e deslizes, ainda continuamos no caminho.

sábado, 4 de abril de 2009

ESPIRITUALIDADE PELOS MOTIVOS ERRADOS - POR EUGENE PETERSON

Eugene Peterson tem uma vida inteira de livros publicada antes de A mensagem. E poderia-se argumentar que foram suas obras que levaram, pelo menos em parte, à renovação espiritual de pastores e leigos que ocorre hoje. Em livros como Um pastor segundo o coração de Deus, Corra com os cavalos, O pastor contemplativo e O pastor desnecessário, ele expôs a superficialidade do cristianismo e apresentou alternativas que estimulam e revigoram.Significativo notar, então, que Peterson voltou a escrever sobre a vida cristã em A maldição do Cristo genérico, publicado no Brasil pela Mundo Cristão. Esse livro é o primeiro de uma série planejada para cinco volumes, onde ele reunirá, de forma sistemática, temas que vêm abordando há cerca de 30 anos – formação espiritual, a Bíblia, liderança, a Igreja, pastorado e orientação espiritual.O primeiro volume é uma obra-prima sobre teologia espiritual que combina análise cultural e exposição bíblica incisivas com uma visão abrangente e atrativa da vida cristã.Toda a obra de Peterson resultou de seu pastorado, especialmente na Igreja Presbiteriana Christ Our King, que fica em Bel Air, subúrbio de Baltimore, no estado de Maryland, Estados Unidos. Ele fundou a igreja, que tinha cerca de 500 membros 29 anos depois, quando deixou o pastorado. De lá, ele foi para o Seminário Teológico Pittsburgh e depois para a Regent College, em Vancouver, no Canadá. Hoje está “aposentado” e vive em seu estado natal, Montana, porém continua pastor de coração, e se preocupa profundamente com a vida cristã nas igrejas locais.Quando Peterson estava concluindo A maldição do Cristo genérico, Mark Galli, editor-chefe da Christianity Today, conversou com ele sobre temas que surgiram por causa do livro e também por causa da vida de Peterson.CHRISTIANITY TODAY - Que aspecto da espiritualidade causa mais interpretações erradas?Eugene Peterson - Pensar que a espiritualidade é uma forma especializada de cristianismo, alguma coisa da qual se deve possuir um pouco, é um pensamento elitista. Motivações erradas levam a pensar assim. Outras pessoas ficam desanimadas com a idéia: Não sou espiritual. Prefiro futebol, festas ou meu trabalho. Na verdade, eu tento evitar a palavra.Muitos pensam que espiritualidade envolve intimidade emocional com Deus.Trata-se de uma visão ingênua. Espiritualidade é a vida cristã. Seguir Jesus. Não é nada mais do que fazemos há dois mil anos – ir à igreja, receber os Sacramentos, ser batizados, aprender a orar e ler a Bíblia da maneira correta. Nada além dos atos comuns.A promessa de intimidade é certa e errada. Existe intimidade com Deus, que é igual a qualquer outra. Faz parte da essência da vida. No casamento, não se sente a intimidade na maior parte do tempo, nem com amigos. Ela não é fundamentalmente uma emoção mística. é uma forma de vida, aberta, sincera e com certa transparência.A tradição mística não aponta em outro sentido?Uma de minhas histórias prediletas é sobre Teresa de ávila. Ela estava na cozinha, comendo um frango assado. Pegou-o com as duas mãos e começou a morder, devorando-o. Uma das freiras entrou e ficou chocada ao ver a cena. Teresa então falou: “Quando como frango, eu como frango; quando oro, eu oro.”Se você ler a vida dos santos, verá que foram pessoas bem comuns. Há momentos de enlevo e êxtase, um a cada dez anos. E eram inesperados. Eles não faziam nada. Precisamos acabar com a ilusão das pessoas quanto à vida cristã. Ela é maravilhosa, mas não no sentido que muitas pessoas gostariam que fosse.Os evangélicos, porém, dizem que podem ter um “relacionamento pessoal com Deus”. Isso sugere um determinado tipo de intimidade espiritual?Essas palavras perderam o sentido correto em nossa sociedade. Se intimidade significar ser aberto, sincero, autêntico, sem véus, sem atitude de defesa, sem negação de quem eu sou, então tudo bem. Mas, em nossa cultura a intimidade costuma ter conotação sexual, com algum tipo de conclusão. As pessoas buscam intimidade porque desejam mais da vida. Raramente vemos a noção de sacrifício, doação e vulnerabilidade. São essas as duas formas diferentes de intimidade. E a palavra em geral tem a ver com receber alguma coisa da outra pessoa. Isso, de fato, estraga tudo.Usar a linguagem da cultura para interpretar o evangelho é muito perigoso. Nosso vocabulário precisa ser apurado e testado pela revelação, pela Bíblia. Nosso vocabulário e sintaxe são excelentes, e devemos começar a dar atenção a eles, porque a forma como pegamos as palavras sem atenção, para cativar os incrédulos, não é muito boa.A palavra espiritualidade foi deturpada, mesmo nos meios cristãos – isso tem alguma relação com o movimento da Nova Era?A Nova Era é antiga. Está por aí há muito tempo. é um desvio pobre – acho que temos de usar a palavra – para chegar à espiritualidade. O movimento foge do que é comum, cotidiano, físico, material. é uma forma de gnosticismo com um apelo imenso, porque se trata de espiritualidade que não tem nada a ver com lavar pratos, trocar fraldas ou ir trabalhar. Não há muita integração com profissão, gente, pecado, problemas, inconvenientes.Fui pastor a maior parte de minha vida, durante uns 45 anos. Amo ser pastor. Mas, para falar a verdade, as pessoas que mais me incomodam são as que chegam e perguntam: “Pastor, o que tenho que fazer para ser espiritual?” Esqueça esse negócio de ser espiritual. Que tal amar seu marido? Isso é um bom começo. Mas ninguém quer ouvir isso. Ninguém quer pensar em aprender a amar os filhos e aceitá-los do jeito que são.Meu nome não deveria, nunca, estar ligado à espiritualidade.Mas, em geral, está.Sei disso. E há alguns anos assumi essa posição embaraçosa de professor de “teologia espiritual” na Regent College. Agora, o que fazer?Você faz a espiritualidade parecer muito mundana.Não quero sugerir que quem segue Jesus não se diverte, não tem alegria, nem exuberância, nem êxtase. Acontece que não somos o que os consumidores pensam que somos. Quando anunciamos o evangelho nos termos dos valores do mundo, mentimos, porque se trata de uma nova vida. Envolve seguir Jesus, envolve a cruz. Inclui morte, um sacrifício aceito. Abrimos mão de nossa vida.O Evangelho de Marcos é bem claro quanto a isso. Na primeira metade do livro, Jesus mostra como as pessoas devem viver. Cura todos. Então, bem no meio, ele muda. Começa a mostrar como morrer: “Agora que vocês têm vida, vou mostrar como abrir mão dela.” Essa é toda a vida espiritual. Aprender a morrer. E, enquanto aprendemos a morrer, começamos a perder todas as ilusões, começamos a ser capazes de desfrutar de intimidade e amor verdadeiros.Isso envolve um tipo de passividade aprendida, já que nossa forma básica de relacionamento é receber e submeter em vez de dar, ganhar e fazer. Não somos muito bons nisso. Somos treinados para ser positivos, pegar, aplicar, consumir, desempenhar.Arrependimento, morrer para si mesmo, submissão – nada disso é muito atraente para levar as pessoas à fé.Penso que no minuto em que você coloca a questão dessa forma você arruma um problema, porque vemos o mundo consumista, onde tudo se torna um produto que dá alguma coisa. Não precisamos de nada mais. Nada melhor. Buscamos a vida. Estamos aprendendo a viver.Creio que as pessoas estão cansadas da postura consumista, embora estejam viciadas nela. Todavia, se apresentarmos o evangelho em termos de benefícios, colocaremos as pessoas no caminho da decepção. Estaremos mentindo.A Bíblia não foi escrita assim. Nem foi dessa maneira que Jesus andou entre nós. Paulo não pregou nada disso. Onde arrumamos essas idéias? Temos um manual. Temos as Escrituras que, na maior parte do tempo, dizem: “Vocês estão no caminho errado. Voltem. A cultura está envenenando vocês.”Você já percebeu que praticamente toda a cultura de Baal, em Canaã, se reproduz na cultura das igrejas? A religião de Baal busca fazer a pessoa se sentir bem. O culto a ele é uma imersão total no que você vai conseguir receber. E, claro, é um sucesso incrível. Os sacerdotes de Baal reuniam multidões vinte vezes maiores do que o número dos seguidores de Yahweh. Havia sexo, excitação, música, êxtase, dança. “Pessoal, aqui tem garotas! Estátuas, garotas e festas.” Era tudo maravilhoso. E o que os hebreus tinham a oferecer? A Palavra. O que é a Palavra? Bem, os hebreus pelo menos também tinham festas!Ainda assim, o maior atrativo, ou benefício, da fé cristã é a salvação, certo? “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo.” Não podemos usar isso legitimamente para atrair ouvintes?É a palavra mais sublime que temos – salvação, ser salvo. Somos resgatados de um estilo de vida em que não existe ressurreição. Somos salvos de nós mesmos. Uma definição de vida espiritual é que a pessoa fica tão cansada e saturada de si mesma que procura alguma coisa melhor, ou seja, seguir Jesus.Mas, no momento em que começamos a proclamar a fé em termos de seus benefícios, não fazemos nada além de intensificar o problema do ego. “Com Cristo, você vai ficar melhor, mais forte, mais atraente, vai até ter alguma satisfação.” Isso não passa de mais egoísmo. O que queremos é que as pessoas fiquem entediadas com elas mesmas e passem a olhar para Jesus.Todos conhecemos certo tipo de pessoa espiritual: maravilhosa, ama o Senhor, ora e lê a Bíblia o tempo todo. No entanto, só pensa nela mesma. Não é altruísta. Está sempre no centro de tudo que faz. “Como posso melhorar meu testemunho? Como posso aperfeiçoar o que estou fazendo? Que solução melhor posso encontrar para o problema dessa pessoa?” Tudo eu, eu, eu, sob um disfarce espiritual que não deixa perceber o egoísmo, porque as palavras espirituais nos desarmam.Então, como devemos visualizar a vida cristã?No domingo passado, na igreja, o casal que estava na nossa frente tinha duas crianças bagunceiras. Dois bancos mais trás havia outro casal, com duas crianças também bagunceiras, fazendo bastante barulho. A maioria da congregação é formada por pessoas mais velhas. é gente estabelecida, que já criou os filhos há muito tempo. Então, o culto não foi muito agradável; não foi um momento de adoração muito gostoso. Depois, porém, vi alguns dos idosos abraçando a mãe, tocando nas crianças, sendo simpáticos. Eles poderiam ter ficado irritados.Agora, por que as famílias vão a uma igreja como aquela, já que podem ir a outras que têm atividades especiais para as crianças, ar condicionado e tudo mais? Bem, elas vão ali porque são luteranas. Não se importam de ter momentos desagradáveis! São luteranas norueguesas!E essa mesma igreja recebeu, há pouco tempo, uma jovem com um bebê e um filho de três anos. As crianças foram batizadas há algumas semanas. Mas não tinha nenhum homem com a jovem. Ela nunca foi casada, as crianças têm pais diferentes. Ela apareceu na igreja e pediu para batizar os filhos. Ela é cristã e quer seguir a vida cristã. Um casal da igreja apadrinhou as crianças. Três ou quatro casais da igreja tentam se aproximar da jovem todos os domingos.Agora, onde está a “alegria” nessa igreja? São noruegueses sérios! Mas há muita alegria. Há vida abundante, mas não da forma que a pessoa que não é cristã entende vida abundante. Acredito que há muito mais coisas acontecendo em igrejas como essa; elas são totalmente contraculturais. Estão repletas de alegria, fidelidade, obediência e cuidado. Mas, com toda certeza, não se percebe isso lendo sobre o crescimento da igreja.E muitos cristãos olhariam para essa igreja e diriam que está morta, que não passa de uma expressão de fé institucionalizada.Existe outra igreja além da institucional? Não existe igreja sem problemas, porque há pecado nela. Mas não existe outro lugar para ser cristão além da Igreja. Há pecado no banco e no mercado. Não consigo entender essa crítica ingênua à instituição. Não entendo mesmo.Frederik von Hugel disse que a instituição da Igreja é como a casca das árvores. Não há vida nela. é madeira morta. Porém, protege a vida que está dentro da árvore. Com isso, a árvore cresce cada vez mais. Se removermos a casca, poderá adoecer, desidratar-se e morrer.Então, sim, a igreja está morta, mas protege alguma coisa viva. E quando se tenta ter uma igreja sem casca, ela não dura muito. Desaparece, fica doente, tende a contrair todo tipo de enfermidade, heresia e narcisismo.Quando escrevo, tenho a esperança de recuperar o senso de realidade da congregação – o que ela é. é um dom do Espírito Santo. Por que teimamos em idealizar aquilo que o Espírito Santo não idealiza? Não há, na Bíblia, nenhuma idealização da Igreja. De lá para cá temos dois mil anos de história. Por que demoramos tanto para entender?Depois da Reforma, entretanto, defendemos a idéia de que a Igreja pode ser reformada.Isso ainda não aconteceu. Sempre defendo reformas, mas pensar que podemos ter uma igreja totalmente reformada não passa de tolice.Acredito que o pecado mais comum entre os pastores, talvez especialmente os pastores evangélicos, é a impaciência. Temos um alvo, uma missão. Vamos salvar o mundo. Vamos evangelizar todo mundo, fazer tudo que é bom e encher as igrejas. Isso é maravilhoso. Todos os alvos são corretos. Mas é um trabalho lento, muito lento, esse de lidar com almas, trazer as pessoas a uma vida de amor e alegria diante de Deus.Então ficamos impacientes, começamos a tomar atalhos e usar todo tipo de meios. Falamos sobre os benefícios. Manipulamos as pessoas, ameaçando-as. Usando uma linguagem que é incrivelmente impessoal – que ameaça e manipula.Não é comum pensar na igreja como ameaçadora.Sempre que se usa culpa como instrumento para conseguir que as pessoas façam alguma coisa – seja ela boa, má ou neutra – acontece uma ameaça. E há também a linguagem de manipulação – convencer as pessoas a participarem de um programa, a se envolverem – em geral com alguma promessa.Tenho um amigo que faz isso como ninguém. Diz sempre: “é preciso identificar as necessidades das pessoas. A partir daí, construímos um programa que atenda essas necessidades.” é muito fácil manipular as pessoas. Estamos tão acostumados a ser manipulados pelas indústrias da imagem e da publicidade e pelos políticos que praticamente não percebemos que estamos sendo manipulados.Essa impaciência que leva a abandonar os métodos de Jesus para realizar a obra de Jesus é o que destrói a espiritualidade, porque usa meios não-bíblicos, contrários a Jesus, para fazer o que ele fez. Por esse motivo a espiritualidade, hoje, está tão desvirtuada.Mas muitos pastores vêem gente sofrendo em casamentos problemáticos, viciada em drogas, presa na cobiça. Com toda razão, desejam ajudar agora, e usam qualquer método que funcione.Tudo bem, mas alguma coisa sempre dá errado quando há impaciência. Como atender essa necessidade? Seguimos o exemplo de Jesus ou da cultura?Espiritualidade não se relaciona a fins, benefícios, coisas; ela tem a ver com meios. é como agimos. Como vivemos na realidade?Então, como podemos ajudar essa gente? As necessidades são imensas. Bem, fazemos como Jesus fez. Uma coisa de cada vez. Não podemos fazer a obra, o evangelho do reino, de forma impessoal.Vivemos na Trindade. Tudo que fazemos precisa estar no contexto da Trindade, ou seja, é pessoal, relacional. No instante em que começamos a agir impessoalmente, funcionalmente, voltados para as massas, negamos o evangelho. E, mesmo assim, isso é o que mais fazemos.Jesus é a Verdade e a Vida, mas, primeiro, é o Caminho. Não é possível fazermos a obra de Jesus com os métodos do diabo.Isso me preocupa, porque muitos pastores ficam limitados com essas metodologias impessoais. Não há relacionamento nelas. Assim, voltam-se para o desempenho e o sucesso. Tudo é muito fácil em nossa cultura, pelo menos se você for alto e tiver um belo sorriso. E eles acabam perdendo a alma. Depois de 20 anos, não há mais nada neles. Alguns se deterioram. Tentam fazer tudo e não funciona, de modo que desistem, ou passam a fazer outra coisa. Provavelmente, 90% dos casos de adultério entre os pastores não se relaciona com a lascívia, mas sim com o tédio de não ter a vida romântica que achavam que iam ter.O que aconteceria se pensássemos em termos de relevância e não de necessidades? Muitos cristãos tentam pregar para a geração X ou Y, ou para os pós-modernos, ou para algum subgrupo, como músicos ou ciclistas – gente que considera a igreja típica irrelevante.Quando começamos a adequar o evangelho à cultura, seja ela dos jovens ou desta geração ou de qualquer outro tipo, extipamos a essência do próprio evangelho. A mensagem de Jesus Cristo não trata do reino deste mundo. Fala de outro reino.Meu filho Eric organizou uma igreja nova há seis anos. Os presbiterianos têm um treinamento para novos pastores, onde eles aprendem o que devem fazer. Eric foi participar. Um dos professores disse que ele não deveria usar toga nem estola: “Você precisa se colocar no mesmo nível desta geração.”Eric, sendo bom aluno e desejoso de agradar os colegas, não usava a toga. A igreja, no início, se reunia no auditório de um colégio. Ele começou a usar terno todos os domingos. Porém, quando chegou o primeiro domingo do Advento e ele ia servir a Santa Ceia, ele me disse: “Pai, eu não consegui fazer como o professor disse. Acabei vestindo minha toga.”Os vizinhos dele, Joel e a esposa, freqüentavam a igreja. Joel era o estereótipo perfeito do tipo de pessoa para quem se destinava o desenvolvimento das novas igrejas – classe média alta, gerente em alguma empresa, nunca havia sido membro de igrejas, totalmente secular. Eric pensava que ele ia à igreja porque eram vizinhos, ou porque havia amizade entre eles. Depois do culto do Advento, perguntou a Joel o que ele tinha achado da toga.Ele respondeu: “Chamou nossa atenção. Conversamos sobre isso. Acho que estamos procurando, na verdade, um espaço sagrado. E nós dois concordamos: achamos que encontramos.”Creio que precisamos ver o que é importante. Não vejo as pessoas se importando muito com o tipo de música ou com o formato do culto. Elas buscam um lugar onde Deus é levado a sério, elas também são, onde ninguém manipula as emoções delas nem suas necessidades de consumo.Por que estamos presos nesse pensamento de publicidade e propaganda? Acho que isso está destruindo a Igreja.Uma outra pessoa poderia entrar na igreja de Eric, ver a toga que ele está usando e ir embora, achando que é uma congregação religiosa e eclesiástica demais.Mas por que alguém vai à igreja, se não quer ser religioso? Para que essa gente vai à igreja?Claro que a situação tem outro aspecto. Se você freqüenta uma igreja onde todos desempenham o papel de religiosos, acabará fazendo o mesmo. Essa mentalidade de representação e desempenho existe na igreja dos surfistas como em qualquer outro lugar – estão todos representando um papel lá, também.Mas aquilo em que estamos envolvidos inclui um mistério imenso. Será que teremos que acabar com o mistério para assumir o controle? A reverência não faz parte do centro da adoração a Deus?E, se apresentamos uma entrega a uma fé despida de todo mistério, onde não há reverência, como as pessoas irão saber que existe algo mais além das emoções e necessidades delas? Está em curso alguma coisa muito maior do que minhas necessidades. Como poderei entender isso se o culto e a adoração na igreja estão centralizados em minhas necessidades?Algumas pessoas diriam que é importante ter um culto de adoração em que todos se sentem à vontade, para, assim, ouvirem o evangelho.Não concordo com isso. Tome o fato que contei, da família sentada à nossa frente no domingo. Ninguém estava à vontade. A igreja inteira foi incomodada.Mas, talvez, a congregação tenha vivido mais o evangelho, ao abraçar aquela pobre mulher, que estava profundamente envergonhada.Nunca saberemos, porque as pessoas não se limitam mais a apenas adaptar o ministério à cultura. Passaram a sacrificar o evangelho.Penso no seguinte teste: Estou agindo como a história, os métodos e as maneiras de Jesus? Estou sacrificando relacionamentos, atenção pessoal, relação pessoal, em prol de um atalho, um programa para conseguir que as coisas aconteçam? Não é possível fazer a obra de Jesus de forma que ele não aprova – mesmo que pareça muito “bem-sucedida”.Uma atitude que creio ser característica minha é permanecer na igreja local. Sou arraigado na vida pastoral, uma vida comum. Então, enquanto todo o glamour e imagem de espiritualidade acontecem em outros lugares, eu, para dizer a verdade, permaneço bem alheio. E olho tudo isso com desconfiança, de certa forma, porque me parece uma situação sem raízes, sem fundamento em condições locais, que são as únicas em que se pode viver a vida cristã.

O TRIGO NO CAMPO DO JOIO- POR CAIO FABIO

Há um Império de trevas à nossa volta, e, por vezes, com seu poder em e sobre todos nós.
De fato, o ensino do Evangelho é chocante a esse respeito.
É tão forte que se diz que este mundo jaz no Maligno.
Sobreviver neste mundo não é tarefa possível aos humanos.
Sim, pois, sobreviver não é conseguir longevidade e segurança financeira, mas sim manter a sanidade mínima no processo do existir.
Na realidade o que Jesus ensina, e, a partir Dele, no Novo Testamento todo, é que estamos cercados de todos os lados.
Há observadores e interventores visíveis e invisíveis.
Há carrascos. Há verdugos. Há exércitos invisíveis... Há legiões. Há espíritos maus e há outros... Sete Vezes Piores. Há o valente bem armado. Há Belzebu. Há diabo e diabos. Há Satanás. Há Principados espirituais. Há Potestades e Poderes. Há Tronos. Há criaturas impensáveis para nós. Há fantasmas feitos de ódio condensado. Há o Inconsciente Coletivo, para o bem e para o mal.
Há humanos diabos. Há perversos. Há invejosos. Há raivosos. Há homicidas. Há violentos. Há sedutores. Há manipuladores. Há mentirosos compulsivos. Há dissimulados. Há covardes. Há suicidas... Há fantasiosos... Há os que não amam jamais. Há os frios como a morte. Há os adoradores dos prazeres. Há os que vendem... Há os que compram. Há os que fazem disso a sua causa.
Há o mercado...
Há a transformação de tudo em produtos, em necessidades, em imperativos, em urgências, em importâncias, em valores, em princípios, em “sentido”, em filosofia, em ciência, em teologia, em psicologia, em projeto existencial, em religião, em política, em ambições de megalomania nacional e mundial, em surto, em loucura, em entrega da alma ao Império, e, por fim, o fim, que é sempre a dissolução da alma e a morte do espírito.
Ou seja:
A existência é uma Macumba!
Especialmente porque tudo e todos se conectam...
Energias são trocadas...
Olhares e percepções são assimilados sem que se note...
A possessão acontece no silencio...
O diabo se torna “nós”, “eu”, “nosso”...
Então, em um mundo sem amor, sem misericórdia, sem perdão, sem bondade, sem simplicidade, sem compaixão, o que cresce é o gelo da iniqüidade mais perversa e diabólica.
Então as almas se tornam buracos negros insaciáveis...
Pulsam de ansiedade de consumirem tudo!...
E vão bebendo tudo... Goladas e goladas de morte... Embriagam-se de todos os modos, até de bebida.
Já são frágeis de mente e de caráter...
Estando, porém, sob o efeito de qualquer que seja o alterador de consciência, químico ou apenas auto-induzido pela disposição ao surto..., ignorantes das “presenças” humanas e “não-humanas” que estão em todos os ambientes, incapazes de ler e discernir os espíritos — abrem suas almas como se fossem amantes adúlteras ávidas e compulsivas...; e, assim, deixam-se inseminar de todo tipo de fruto de morte.
Todavia,...
Ambientes existem e ficam carregados...
Pessoas existem e ficam macumbadas existencialmente...
O ajuntamento de espíritos humanos mal intencionados, confusos ou perversos, sempre produz aquilo que tais pessoas sejam — só que de modo coletiva e exponencialmente potencializado.
Quem anda, porém, cheio de Deus, não precisa temer a Macumba do Mundo.
Esse está garantido, pois, todo escrito de divida, de culpa e de conseqüente abertura para tais poderes espiritualmente adversos e oportunistas, foi quebrado quando a pessoa creu no que Jesus já fez e consumou para o bem e segurança total de todo aquele que crê.
Porém, viver sem essa consciência e prática em fé é como andar em brasas vivas crendo que seja um tapete de honra...
Ora, é justamente isto que o Império faz...
Ele faz tudo parecer conforto, conquista, honra, poder, status, vantagem, esperteza, malandragem, superioridade, ou coisa normal da vida...
Entretanto, hora em que tudo dá errado o Império manda seus súditos questionarem a Deus!
É tamanha é a sagacidade do Império que ele consegue fazer todas as desgraças com o homem agradecendo..., e, na hora em que o resultado aparece, o Império diz que a culpa é de quem criou o Imperador.
E o homem acredita...
E, assim, briga com Deus, blasfema contra os céus, aborrece-se de Deus.
Sim, do Deus que ele nunca conheceu, nem serviu e nem obedeceu.
Mas é supostamente contra Ele que levanta a sua voz desde tempos imemoriais.
É por isto que Paulo com certeza afirma que o “deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos a fim de que não dêem crédito à verdade do Evangelho”.
No fim a história não é a do joio no campo de trigo. No fim a história é a da sobrevivência do trigo nos campos de joio.
No fim é tão visceral a relação entre o joio e o seu semeador, o diabo, que um e outro vão se tornando a mesma coisa...
Por isto, quanto mais estejamos já vivendo assim [e quando não foi assim de um modo ou de outro?] impõem-se que o trigo se misture com o seu Semeador de tal modo que no trigo não haja mais nem sinais do joio.
Digo isto apenas para que você não se equivoque quanto ao fato de que o Mundo é a Macumba.
Então, como mandou Jesus: “Seja cauteloso!”
Ou simplesmente: “Fique esperto!”


Nele, que disse: “Aí vem o Príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim”,

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A ESPIRITUALIDADE DO SEGUIMENTO - POR EDUARDO ROSA PEDREIRA

Não resta dúvida: o cerne da espiritualidade cristã está em seguir a Jesus.

No princípio, era o seguidor! Jesus irrompia inesperadamente e dizia: “Segue-me, venha após a mim”. A resposta positiva exigia uma ruptura com a maneira de viver até aquele momento do que aceitava o convite. A vida deveria ser reorganizada. O centro era o mestre e o caminho apontado por ele. Quem aceitava tal convite nos seus termos tornava-se um discípulo. Também, no princípio, existia o simpatizante: aquele que se emocionava com as palavras do Cristo, achava fantásticos os seus milagres, impressionava-se com a originalidade de suas atitudes, nutria enorme curiosidade por encontrá-lo – mas não colocava o pé no caminho. Simpatizava até o ponto de não precisar mudar seu estilo de vida. Tinha admiração, mas não estava interessado na transformação resultante da formação espiritual à qual todos os discípulos viveriam quando resolvessem caminhar o caminho proposto pelo Filho de Deus.Ainda no princípio, havia o consumidor. Este sequer tinha tempo de ouvir o Senhor; desejava, isso sim, comer o pão e o peixe multiplicados, ansiava pela cura da perna atrofiada, somente tinha interesse em ser restaurado da lepra... Uma vez alcançada a graça, nem sequer lembrava de retornar para agradecer. O discípulo seguia Jesus porque o admirava; o simpatizante admirava sem o seguir, e o consumidor nem seguia e nem admirava, posto que Jesus era apenas um provedor de suas necessidades, e não alguém a apontar-lhe um caminho transformador.Jesus conviveu indistinta e graciosamente com estes três grupos dentro da multidão que gravitava ao seu redor. Nunca se negou a oferecer caminho aos seguidores, admiração aos simpatizantes e provisão aos consumidores. Todavia, o rabi sabia que os discípulos eram os protagonistas para cumprir sua missão no mundo. Certamente, ele não contava com simpatizantes e consumidores para o estabelecimento do Reino de Deus. Estava certo, como sempre! Nos duzentos anos que se seguiram à sua morte, o pequeno e frágil grupo inicial de discípulos, apaixonado por sua missão, se espalhou por todo Império Romano. Eles haviam sido convocados pessoalmente para seguir um caminho; colocaram o pé na estrada e saíram pelas vilas e cidades com a mesma convocação com que foram convocados: sigamos o seu caminho. Quanto aos simpatizantes e consumidores, não se sabe o que aconteceu com eles. Afinal, quem fez a história foram os discípulos. Não resta dúvida: o cerne da espiritualidade cristã está em seguir a Jesus. Quando decidimos conscientemente seguir o seu caminho, então a espiritualidade cristã começa a fluir em nós. O Pai, pelo seu Espírito, vai nos transformando na imagem de seu Filho à medida que damos os passos no caminho. Fora do seguimento, não há espiritualidade. Todos nós estamos necessitados de retornar à experiência original dos primeiros discípulos. Sim, nossa carência essencial está em “ver” Jesus de novo surgir em meio à nossa complexa e agitada vida, cheia de cansaço e dores, e sussurrar com ternura e vigor ao nosso coração: “Vem e segue-me!” Quando ele irromper no nosso cotidiano, como aconteceu com os pescadores da Galiléia ou com o coletor de impostos da Judéia, com aquele sedutor olhar a nos convidar a seguir o seu caminho, e largarmos as redes ou a segurança da coletoria, aceitando seu convite, então, experimentaremos real comunhão com o Deus trinitário. Longe do caminho do Filho, não seremos capazes de enxergar a face do Pai e tampouco vivenciar a presença do Espírito. De fato, no cristianismo bíblico, espiritualidade é um mero sinônimo de seguimento.Se as nossas orações, liturgias, louvores, corais, células, congressos e mensagens não apontam o caminho do Senhor e não convocam o mundo para segui-lo, então, tudo isso pode até ser espiritualidade, mas não é cristã. Se nossas igrejas se tornam fontes de atração para consumidores e admiradores, ao invés de espaços comunitários formadores de discípulos, tenhamos consciência: todos devem ser tratados com graça e amor, como Jesus fez, mas só cumpriremos sua missão no mundo sendo e formando seguidores. Não deveríamos, mas, infelizmente, estamos hoje diante de uma encruzilhada, que por natureza é o entroncamento de dois caminhos. Entrar por um é necessariamente excluir o outro. Ou escolhemos a espiritualidade do entretenimento, que produz simpatizantes e consumidores, ou optamos pela espiritualidade do seguimento, a que gera discípulos. Tenhamos, contudo, uma certeza – desde sempre, Jesus já fez a sua escolha. Basta, apenas, que o imitemos nela.

ÀS IGREJAS DE CLASSE MÉDIA- POR EUGENE PETERSON



Uma mensagem da parte do Filho de Deus, Jesus, a quem vocês chamam de mestre e o qual chama vocês para segui-lo.

Minhas igrejas de classe média: vocês são uma das maravilhas do mundo – nunca houve nada exatamente como vocês. Que energia, que entusiasmo e generosidade! E o que é melhor: vocês são honestos. A hipocrisia tem sido sempre um grande problema com o qual tenho de lidar e, a bem da verdade, não espero jamais erradicar este mal. No entanto, entre vocês, ele não é freqüente. De todas as formas de fingimento, o fingimento religioso é o pior. Felizmente, eu não encontro muitos fingidos entre vocês.Tenho, no entanto, algo a lhes dizer: vocês se impressionam demais com Tamanho, Poder e Influência. Vocês são impacientes com os pequenos e os vagarosos. Vocês não discernem muito bem entre os caminhos do mundo e os meus caminhos. Aborrece-me o fato de que vocês copiam de modo acrítico as atitudes e os métodos que fazem suas vidas nos bairros nobres e afluentes funcionarem tão bem. Vocês se apegam a qualquer coisa que funcione e tenha boa aparência. Vocês fazem muitas coisas maravilhosas, mas com exagerada freqüência vocês as fazem à maneira do mundo ao invés de fazê-las à minha maneira; e isto compromete seriamente a sua obediência.Eu entendo porque vocês procedem assim: a maioria de vocês tem sido bem-sucedida no mundo – vocês moram em boas casas, são bem instruídos, bem remunerados, bem vistos; portanto, é natural que vocês coloquem a meu serviço os valores e métodos que lhes serviram tão bem. Mas vocês não se dão conta de que qualquer sucesso que tenha sido alcançado, através de tais atitudes e métodos, foi conquistado a um preço terrível? Despersonalizando e reduzindo pessoas a funções; transformando virtualmente tudo em causas ou mercadorias a serem usadas ou consertadas ou consumidas; fazendo de tudo para manter o sofrimento a uma certa distância de vocês? As igrejas de vocês estão lotadas, funcionam bem e têm a capacidade de fazer quase qualquer coisa acontecer. Mas agora eu lhes pergunto: vocês honestamente acham que isto era o que eu tinha em mente quando lhes disse 'Sigam-me' e depois me dirigi para o Gólgota, em Jerusalém?À igreja que não apenas acredita no que eu digo, mas segue o meu exemplo e faz as coisas que eu faço, eu darei uma vida simples e arrumada – que é hospitaleira para com os homens e mulheres deste mundo, que caminham sem rumo e desorientados, apressados e malquistos. Eu desejo usar vocês para dar a estas pessoas um pouquinho de Sábado e Céu.Vocês estão ouvindo? Realmente ouvindo?

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...