sábado, 18 de outubro de 2008

O SENHOR DO LADO DE FORA - POR PAULO CILAS

Há algum tempo fiquei curioso quanto à expressão "voz do que clama do deserto" referente a João Batista. De súbito, me ocorreu que não era ele, João, que clamava. Ele era tão somente a voz de quem clamava. E quem clamava? Deus!!!
Fora da cidade, fora do templo clamava, pois não havia "lugar para Sua Presença" com os Caifás e Anás religiosos e corruptos dominando os cultos, alimentando hipocrisias.
Mais tarde, encontramos uma cena triste e, muitas vezes, disfarçada, dada à nossa interpretação errada da passagem bíblica (pelo menos, minha interpretação errada, que via ali um convite ao pecador não crente para que o mesmo aceitasse a Jesus). Refiro-me à cena descrita por João, apóstolo, na carta de Jesus endereçada aos de Laodicéia: "eis que estou à porta e bato. Aquele que ouvir minha voz e abrir a porta Eu entrarei..."! Ora, a situação não é outra se não Jesus, O Senhor da Igreja, pedindo para entrar na igreja. E é fácil perceber porque Ele está do lado de fora. Leia e veja em Ap. 3: 14-20 que a igreja estava morna, causando ânsia de vômito e, agarrada às suas riquezas e capacidades, não percebia o quão miserável era.
O Senhor fora do templo, O Senhor fora da igreja! Será que temos a certeza de que o Reino está dentro de nós?


Nota. Ouvindo Ariovaldo Ramos tive melhor compreensão sobre o tema.

PENSAMENTOS - Extraído



“Deus fala o tempo todo. Nós é que não ouvimos, pois, somos barulhentos demais”


A qualidade da nossa vida espiritual esta diretamente ligada a capacidade que temos de ouvir a nós mesmos, aos outros e a Deus.


A semente precisa de tempo, escuridão, profundidade e silencio pra germinar”


“Não existem relacionamentos sem tensão”


“Desconfie de relacionamentos perfeitos, até porque, eles não existem”


“Quando você estiver diante do inexplicável, você esta diante do sagrado”


A gratidão é um sinal da graça de Deus em nós”


“Gratidão é reconhecer a bondade de Deus em toda existência e não apenas em ocasiões especiais”


A nossa humanidade é o grande projeto de Deus e ele não desistiu”


“Deus não criou nada melhor e mais belo que o ser humano”


“A humanidade é um lugar sagrado, pois, é o grande projeto de Deus”


“Todo trabalho de Deus é de convite e não de acusação”


“Nossa tendência é reverenciar os anjos e não as pessoas”






quarta-feira, 15 de outubro de 2008

PECADOS SEM MALDIÇÃO- POR RICARDO GONDIM

Desde a adolescência, organizei minha vida com valores religiosos. Freqüentei e lecionei em escolas dominicais. Militei em grupos de jovens cristãos. Estudei em um instituto bíblico. Conheci bem os bastidores do mundo religioso, tanto no Brasil como nos Estados Unidos.


Sincero e zeloso, sempre procurei cumprir as exigências de todas as instituições que participei. Se a igreja não permitia as mulheres cortarem o cabelo, briguei com a minha por aparar as franjas; se era pecado ir ao cinema, eu, que não aceitava essa proibição absurda, para evitar mau testemunho, viajava para longe se queria ver algum filme.

Relevei disparates, incoerências e hipocrisias eclesiásticas, porque considerava a causa de Cristo mais importante que as pessoas. Para não “escandalizar”, fazia vista grossa para comportamentos incompatíveis com a mensagem cristã.

Abraçado às instituições, acabei conivente de mercenários, alguns intencionalmente cobiçosos. Justifiquei tolices argumentando que as pessoas eram minimamente sinceras. Nem sei como me iludi a ponto de dizer: “fulano faz bobagem, muita bobagem, mas é sincero”.

Cheguei a um tempo de vida, que algumas reivindicações da religião perderam o apelo. Com tantas decepções, deixei de acreditar na pretensa santidade dos religiosos. Considero piegas as pregações de que Deus exige uma santidade perfeita. Lembro imediatamente dos malabarismos que testemunhei que tentavam falsear tantas inadequações, dos jogos de esconde-esconde para não expor demagogias.

Jesus não conviveu com gente muito certinha. Ao contrário, ele os evitava e criticava. Chamou os austeros sacerdotes de sepulcros caiados, de cegos que guiam outros cegos, de hipócritas e, o mais grave, de condenarem os prosélitos a um duplo inferno. Cristo gostava da companhia dos pecadores, que lhe pareciam mais humanos.

Jesus alistou pessoas bem difíceis para serem apóstolos; Pedro era tempestivo; Tomé, hesitante; João, vingativo; Filipe, lento em compreender; Judas, ladrão. Acostumado com os freqüentadores de sinagoga e com os doutores da Lei, por que ele não buscou seguidores nesses círculos? Talvez, não entendesse santidade e perfeição como muitos.

Jesus aceitou que uma mulher de reputação duvidosa lhe derramasse perfume; elogiou a fé de um centurião romano, adorador de ídolos; não permitiu que apedrejassem uma adúltera para perdoá-la; mostrou-se surpreso com a determinação de uma Cananéia; prometeu o paraíso para um ladrão nos estertores da morte. Sabedor das exigências da lei, por que Jesus não mediu esforços ou palavras para enaltecer gente assim? Talvez, não entendesse santidade e perfeição como muitos.

Para Jesus, santidade não significava uma simples obediência de normas. Para ele, os atos não valem o mesmo que as intenções. Adultério não se restringe a sexo, mas tem a ver com valores que podem ou não gerar uma traição.

O ódio que explode com ânsias de matar é mais grave do que o próprio homicídio. Para ele, portanto, pecado e santidade fazem parte das dimensões mais profundas do ser humano. Lá, naquele nascedouro, de onde brotam os primeiros filetes do que se transformará em um rio, forma-se o caráter. E santidade depende da estrutura do ser, com índole que gera as decisões.

Para Jesus, santidade se confunde com integridade; que deve ser compreendida como inteireza. As sombras, as faltas, as inadequações, os defeitos, bem como as luzes, as bondades, as grandezas, as virtudes, de cada um precisam ser encaradas sem medos, sem panacéias, sem eufemismos.

Deus não requer vidas perfeitinhas, pois ele sabe que a estrutura humana é pó; não exige correção absoluta, pois para isso, teria que nos converter em anjos.

As prostitutas, que souberem lidar com faltas e defeitos com inteireza, precederão os sacerdotes bem compostos, mas que vivem de varrer as faltas para debaixo dos tapetes eclesiásticos. O samaritano, que traduziu humanidade em um gesto de solidariedade, é herói de uma parábola que descreve como herdar o céu. O tempestivo Pedro, que transpirava sinceridade, recebeu as chaves do Reino de Deus. A mulher, que fora possessa de sete demônios, anuncia a alvissareira notícia da ressurreição.

Os mandamentos e a lei só serviram para mostrar que para produzir humanidade não servem os legalismos. Integridade e santidade nascem do exercício constante de confrontar suas luzes e sombras trazendo-as diante de Deus e mesmo assim saber-se amado por Ele.

Soli Deo Gloria.

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...