sexta-feira, 25 de julho de 2008

Vasos de Barro - Por Paulo Cilas

" Temos esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência da glória seja do Senhor e não nossa." 2 Co.4:7

Praticamente vivi minha vida no ambiente de igreja. Posso dizer com tranquilidade (minha tranquilidade) que o maior problema que observei foi e é a insana tentativa da igreja em se tornar vaso de ouro: valioso e forte. Vi muitos se definhando na tentativa de serem melhores. Vi outros tantos frustados pelo caminho por terem falhado em algum momento. Pior, talvez: vejo uma grande massa vagando como aves migratórias buscando agora aquela "igreja" que enfim vai fazê-la imbatível, definitivamente invulnerável. E eu disse pior anteriormente? Acho que me enganei. Provavelmente o pior é ter visto inúmeras vezes "gente perfeita" apedrejando os fracassados impuros, indignos de estarem juntos de uma estirpe sacrossanta.

E, enquanto a compreensão do que é ser vaso de barro não vem, vamos deixando de cumprir princípios maravilhosos da excelência de Jesus em nossa existência. Chorar com os que choram fica inviável porque temos que ensinar aos que choram palavras, declarações e meandros da doutrina para que tais não se mostrem tão frágeis, afinal, "nosso Deus é forte e o diabo já está vencido". E seguir o conselho de Paulo aos Gálatas, então? No cap.6:1 ele diz que os espirituais devem restaurar em mansidão o pecador surpreendido . Deixamos ainda de compreender a Nova Aliança, que é perfeita, já que ela está disposta sobre pelo menos duas verdades centrais: a nossa total incapacidade em cumprir as regras da Antiga Aliança e a Graça indescritível revelada em Jesus que nos aceita como somos, barro. E ainda por cima vamos criando novos rituais pelos quais consigamos nos tornar "vasos de ouro".

Mas percebo que é difícil admitir nossa fragilidade. Dói muito reconhecer limitações, mesquinharias, vontades oportunistas e interesseiras travestidas, muitas vezes, ora até mesmo de piedade em nome de Jesus, ora de autoridade espiritual. Dói assumir que mesmo "maduros",vacilamos. Para muitos isto é por demais decepcionante.
Já para outros a dificuldade reside em abrir mão da aparência sempre vitoriosa uma vez que o mercado tanto secular como religioso assim exige. Não há lugar para fracos!

Agora, não importando as razões ou a falta delas que nos impedem de enxergarmo-nos como vaso de barro, o triste é desperdiçar a riqueza do tesouro do qual Deus nos fez receptáculo. Não é de admirar o porquê que muitos rejeitam Jesus, o porquê de querermos tanto ganhar esta vida aqui. Parece que esperamos em Deus somente para esta vida. Enfim, tudo contrário ao que está escrito na Bíblia. Somos nós querendo ser vasos valiosos desprezando com isto a excelência do Senhor e o tesouro nos dado graciosamente.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Outros conselhos (in)viáveis - por Ricardo Gondim

Suspeite de quem sabe mostrar ares de piedade. Algumas pessoas aprenderam a arquear as sobrancelhas para baixo para mostrar que são puras. Elas são perigosíssimas. Prefira quem é mais solto, mais debochado, menos ciente de suas virtudes; os gasosos são melhor companhia que os circunspetos, que caminham com chumbo nos pés.
Evite sentar na roda de quem exige rigor semântico até na hora da conversa fiada. É intolerável estar perto de quem vive a corrigir os outros. Quando alguém diz que vai à igreja, ele dispara: “a igreja somos nós, não um prédio”; quando alguém confessa que anda desanimado, tem de escutar: “mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças”. Que horror!
Apure rigorosamente todo relato de milagre. Prefira ser cético que simplório. A verdade não deve temer análises, questionamentos, suspeitas. Mas dê um passo adiante. Pergunte-se também pelas motivações. Queira saber os porquês por detrás dos relatórios de eventos fantásticos. Os exageros, os prodígios forçosos, os números “evangelásticos”, em sua esmagadora maioria, só se prestam a alimentar os músculos financeiros de algum narcisista, instituição ou agência missionária; todos ávidos para alcançar os primeiros lugares no reino de Deus.
Saiba que por trás de todo rigor moralista existe uma mente sórdida. Anote: os mais inflexíveis contra a homossexualidade lutam contra as suas próprias tendências homo-eróticas. Quem se exaspera contra os “pecados da carne” é escravo da lascívia - Jesus os chamou de sepulcros caiados. A rigidez puritana não abrandou o fogo da libido, só a adoeceu. As taras mais grotescas, como sadismo, masoquismo, pedofilia e zoofilia se proliferaram em ambientes austeros e probos. Não tenha medo dos que advogam uma sexualidade lúdica e menos insalubre.
Fuja, acovarde-se, dê o fora, encontre um escape, faça qualquer coisa, mas evite os "tapetes azuis" do poder. Se for nomeado síndico, presidente de honra da quermesse ou venerando líder da igreja, saiba que os perigos são avassaladores contra a sua alma. Abra mão de títulos. Placas de bronze ou de acrílico, diplomas e medalhas não passam de confetes, semelhantes aos do carnaval, que perdem qualquer significado na quarta-feira de cinza. Quando lhe chamarem de senhor ou senhora repita o chavão: “Senhor, só o lá de cima”; “Senhora, só a mãe de Jesus”. Depois caia na gargalhada como se tivesse contado uma grande piada.
Soli Deo Gloria.

Conselhos (in)viáveis por Ricardo Gondim

Viver não é para amadores. Cuidado, não se perca! Portanto, muito siso.Cuidado com as palavras. Não fale sem pensar; não dispare conceitos sem considerar quem lhe ouvirá. Não prometa milagre sem levar em conta a mãe que, naquele exato momento, troca as fraldas do filho tetraplégico. Não se gabe de ter acordado com saúde; o que essa gratidão significará para o homem que mal se recuperou da hemodiálise? Nunca defenda verdades livrescas, proteja o que promove a vida, considera o perdão e espalha o bem.
Cuidado com o comportamento. Não priorize desafios estratosféricos, tenha tempo para as pessoas. Não lute para cumprir roteiros alheios, prefira a alegria de arrepiar a pele com o afeto gratuito de gente simples. Não se satisfaça em imitar os bem sucedidos, escolha ser um caderno cheio de rabiscos mal corrigidos a uma Suma acadêmica. Não permita que as suas convicções se tornem exigentes, não se deixe suicidar por sua lucidez. Cante mesmo desafinando e dê de ombros se lhe acharem biruta. Fale sozinho. Não tenha vergonha de brigar diante do espelho, aponte o dedo e diga: “como você é ridículo”.
Cuidado com as companhias. Exile-se de seu castelo e vá ao encontro da mulher que aprendeu a voar com a elegância das aves que fogem do inverno. Seja parceiro de quem não esconde a lágrima na hora da emoção. Enlace o amigo que saiu em busca de si – ele pode ajudar a encontrar o homem que um dia você foi. Contudo, não se blinde contra o medíocre, acolha graciosamente quem lhe feriu e seja longânimo com o vil. Desça ao fosso onde jazem e peça um traço de luz para colorir suas patéticas existências.
Cuidado com os sentimentos. Abra-se para o imponderável e se atreva a viver sem apoios. Não tema a insegurança do porvir duvidoso. Arrisque-se, exponha-se. O cauteloso acaba pachorrento. Vidas bem pautadas são exemplos de pusilanimidade. Coma fruta da árvore, sem lavar; dance bolero; tente aprender judô; seja voluntário da Cruz Vermelha; compre pastel de feira-livre.
Cuidado com o tempo. Fixe o átimo ligeiro em sua retina. Torne-se um colecionador de momentos. O tempo passa como uma enxurrada, leva tudo e todos, mas não destrói o que a “alma provou e aprovou”. A mente só guarda o que lhe trouxe alegria, portanto, aprenda a transformar os espaços em catedrais, os dias em sábados, os encontros em alianças e as preces em poesia.
Aconselho tanta precaução porque a vida é frágil e fácil o caminho para a infelicidade. Antes que o coração fatigado se recuse a bater, antes que os olhos se fechem com a tristeza da morte, insisto, tome cuidado.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

BABEL E O SALMO 8 - POR PAULO CILAS

No episódio da Torre de Babel enxergo algumas coisas interessantes, como o fato de que gente unida, com uma mesma linguagem, pode realizar algo grande, mesmo com propósitos totalmente errados. Neste caso, a "unanimidade foi totalmente burra".
Mas o que me chamou mesmo a atenção no relato de Gn.11:1-8 é que tanto Deus como o homem têm a mesma percepção sobre a real capacidade humana. Isto fica claro em duas declarações. Homem: "façamos nosso nome famoso construindo uma torre que toque os céus"! Muitas divagações ouvi sobre como seria essa torre, seu tamanho , etc. Fato é que tal empreendimento levou a outra declaração, agora de Deus: "de agora em diante nenhum intento será impossível ao homem"!
Ora, então percebo que verdadeiramente o homem não é tão incapaz e, se Deus não intervier, ele faz coisas tremendas. Aprendo também que muitas obras profanas e "sacras"são portentosas simplesmente porque Deus as abandonou juntamente com seus idealizadores e executores. Paulo, em Rm.1:21-25,28, afirma que Deus entrega o homem àquilo que quer viver e fazer. Então é até benção quando Deus "atrapalha nossa torre". É sinal que Ele ainda se importa.
Contudo, o homem pode usar sua capacidade sem se desviar para a soberba, egoísmo e, por fim, se afastar totalmente de Deus. É aí que entra determinantemente o Salmo 8. A capacidade do homem também está clara ali. A grande diferença é o ângulo por onde o homem se vê. O salmista sabe que Deus o coroou de honra e glória e o colocou como dominador sobre tudo. A propósito, uso muito esse argumento em formaturas. Afinal, em princípio, quando nos especializamos, ficamos aptos para "dominar". Bom seria que tudo fosse em prol de todos!
Mas voltemos ao salmista. Ele também faz uma comparação: "que é o homem para que se lembre dele"! É isso! Enquanto em Babel, coroado de poder realizador, o homem quer fazer-se célebre, no salmo ele reconhece que não é nada diante da "construção" de Deus. "Ah, quando vejo os céus, obra dos teus dedos..."
Em Is. 57:15 está escrito que Deus habita em dois lugares: no lugar alto e sublime - isso, entendo, quer dizer que tudo que eu fizer: templos grandiosos, corais instrumentais e vocais, parafernália tecnológica ,ou seja , TORRES, nada, absolutamente nada chegará aos pés daquilo que O ALTO E SUBLIME SENHOR já possui. Mas, também está escrito que Ele habita com o contrito de coração. Então, podemos construir tudo isso e tudo isso ser bom, ser bênção. Se Deus habitar em nosso coração.
Por certo Deus não habitará em Babel, mas com certeza no Salmo 8.

Paulo Cilas

terça-feira, 8 de julho de 2008

FAST FOOD ESPIRITUAL - POR PAULO CILAS

Antigamente as lanchonetes serviam para que alguém, sem tempo para uma boa alimentação, "enganasse o estômago". Era o tempo em que a coxinha de galinha vinha com o osso da própria galinha como suporte; era o tempo também em que vinha mais galinha e menos massa. Pois bem, o tempo passou e o que deveria ser um "quebra galho" tornou-se cada vez mais efetivo, ou seja , mesmo tendo tempo para almoçar ou jantar, muitos continuam a preferir o que se passou a chamar fast food - comida rápida; que embora dito rápida teve tempo para novas criações e logo foram popularizados os "burguers", as pizzas, shakes e outros. E todos eles com cheiros estonteantes, aparências soberbas e paladares arrebatadores. Resistir, quem há de?
Mas, vieram as consequências de uma alimentação desequilibrada . Obesidade, colesterol alto e outros efeitos igualmente perniciosos.
Lamentavelmente, a mesma sanha por soluções rápidas ou por coisas que agradem nosso olfato, visão e paladar "espirituais" nos levou para longe de hábitos realmente salutares para nossa vida espiritual. Verdadeiramente os demônios expulsos nos alegram mais que o nosso nome escrito no livro da vida. As "campanhas" tornaram-se mais fundamentais do que o aprendizado contínuo da Palavra de Deus. Os pregadores de uma nova receita (visão ou unção) ficaram imprescindíveis nas cozinhas eclesiásticas. O resultado? "Crentes" pesados demais, às vezes com muita energia, mas pouco nutriente. Muita comida, mas pouco alimento. Totalmente em desequilíbrio!
Sei que pizza ,"burguers" têm seus encantos, são até legais em algum momento. Entretanto, essencial mesmo é o cardápio do Senhor. Sempre balanceado e que jamais cede à nossa gula e preferências.
Paulo Cilas

terça-feira, 1 de julho de 2008

HÁ CONTROVÉRSIAS

Gostamos de afirmações categóricas, declarações definitivas e certezas. Não gostamos de perguntas, considerações provisórias, dúvidas, debates e discussões. Gostamos de respostas prontas e critérios claramente definidos. Não gostamos de probabilidades, possibilidades e indicadores relativos. Gostamos de "isso ou aquilo". Não gostamos de "isso e aquilo". Gostamos de "certo e errado". Não gostamos de "nem certo, nem errado", apenas diferente. Deus é amor. Deus é justiça. Quando, então, devemos agir com amor, e quando devemos optar pela justiça? Exigimos: uma coisa ou outra, categoricamente, sem necessidade de interpretações. Dizer que somente a ação amorosa é justa e somente a ação justa é amorosa deixa margens para mal entendidos e, consequentemente, confusão. Melhor é escolher entre uma coisa e outra; as duas, não dá. Ou amor. Ou justiça. Talvez por isso sejam poucos os que se aventuram pelas trilhas do discipulado de Jesus. Seguir a Jesus implica abandonar o jugo da lei para buscar a justiça do reino de Deus. A justiça sempre extrapola a lei. O ser humano é complexo demais para que suas ações sejam resumidas a um conjunto de "isso pode e isso não pode". A vida é complexa demais para que tenha suas circunstâncias definidas em termos absolutos por mandamentos, regras e normas de procedimento. A vida não cabe num manual. Responda rápido: meu filho adolescente não está bem na escola. Devo ser duro na disciplina ou compreensivo nesta fase de conflitos e mudanças? Estou absolutamente convencido de algo, mas minha esposa não quer assumir riscos. Devo seguir em frente e fazer a coisa sozinho ou devo esperar um pouco mais para tentar chegar a um consenso? Meu marido não agüenta mais a pressão no trabalho. Devo encorajar que ele peça demissão e cuide de sua saúde psíquica e emocional ou devo ajudá-lo a superar essa fase difícil, lembrando a dificuldade que é arrumar um outro emprego? Meus pais se intrometem demais na educação que dou aos meus filhos. Devo ter uma conversa franca com a mamãe e arrumar uma tremenda confusão ou devo continuar pedindo ao meu marido que compreenda minha situação e administrar nosso conflito conjugal? Meu amigo me confessou um pecado. Devo contar a quem de direito e forçar a solução da situação ou devo dar a ele o tempo de que precisa para tomar providências – quanto tempo devo dar a ele? Descobri uma falcatrua na empresa. Devo colocar a boca no mundo e denunciar os colegas ou devo ficar quieto, deixando que os responsáveis cuidem do problema? Tenho um ótimo funcionário que compromete o ambiente da equipe. Devo manter o funcionário e sacrificar a equipe ou preservar a equipe e sacrificar o funcionário? Meu pai está em tratamento médico. Devo vigiar rigorosamente seus hábitos alimentares ou devo deixar que ele faça uma extravagância de vez em quando? Pois é, a vida é assim. As coisas que realmente importam não têm respostas fáceis, nem exatas, nem podem ser padronizadas em conselhos do tipo “faça sempre assim” ou “nunca faça isso”. Tomar decisões é uma arte que carece de boa consciência. E a boa consciência não é aquela que sabe, é aquela que ama. Como bem disse Santo Agostinho, “ama, e faze o que quiseres”, o que significa que quando a gente ama não existe certo e errado, certo?
ED RENE KIVTZ

EVIDÊNCIAS DE VÍCIO MENTAL

Uma das marcas de saúde mental de uma pessoa é a sua capacidade de variedade de temas, interesses, assuntos e uma abertura total para tudo que seja humano e vida. Portanto, a maior marca de saúde mental é a alegria de ser, amar, conhecer, e participar da vida, fazendo isso com amor e bom senso; e sem medo da dor, especialmente da dor do amor. Uma pessoa fixada num tema só, por mais que chame aquilo de “meu amor e minha paixão” ou, em certos casos, de “minha vocação”, ou de “minha obrigação”, se, todavia, se fixa naquilo como coisa única, e por tal fixação torna-se juiz de quem não tem o mesmo interesse ou não o tem na mesma intensidade ou, ainda, que manifeste outros interesses e prioridades, demonstra, por tal atitude de juízo fundado em sua própria fixação, que se fez vítima de um vício mental dos mais perigosos e também, por certo, dos mais capazes de reduzir a mente e a existência de uma pessoa a uma espécie de tara temático-existencial.Quando uma pessoa se fixa num único tema na vida —seja pela via de um trauma, seja pela força de desejos reprimidos e transformados em “causa de vida”—, por tal fixação, evidencia o fato de que sua mente está viciada. A questão é que vícios mentais não são apenas coisas que permanecem na psique da pessoa. De fato, quando não se trata de um problema congênito ou hereditário na área mental, em geral o que acontece é que quando a alma se entrega um certo modo de sentir — seja em brigas domésticas, seja uma relação viciada na tragédia e no desamor, seja um poderoso condicionamento de natureza sexual, seja a fuga de intimidade, seja o ódio, seja a amargura, etc —, o que acontece é que a presença contínua desse “sentir”, demanda do cérebro certas liberações químicas que façam “compensação” frente ao stress ou frente à hiperexcitação ou às oscilações ou a qualquer coisa que caracterize um modo de sentir intenso. E tais “descargas” químicas de compensação acabam por se tornarem programas cerebrais que passam a operar por conta própria; e, agora, invertendo a ordem, ou seja: já não necessariamente sendo a psique exigindo participação do cérebro, mas o contrário: o cérebro, agindo de modo condicionado, descarrega o que antes era um “socorro” para uma situação vivida como experiência emocional, a qual, agora, passa a ser demandada pelo cérebro, o qual exige aquele comportamento compatível com a liberação química em curso. Vícios mentais, portanto, são como uma cobra que se alimenta do próprio rabo! O problema é: onde está a mente sadia?Para mim Jesus é o exemplo da mente mais sadia possível, e, portanto, aberta a tudo e todos; exatamente como Deus, que manifesta Seus interesses e variedades temáticas na multiformidade da criação. Jesus mostra interesse pela variedade da vida assim como Seu Pai foi variado e extravagante em tudo o que criou. Sim, porque até as maiores sutilezas da criação estão carregadas de extravagância divina. Jesus foi um carpinteiro por profissão, e nunca chegou a ficar nem de longe velho, tendo morrido jovem. Entretanto, já menino, no templo, chocava os mestres com suas questões e interesses acerca de coisas elevadas, porém, no lugar certo e com as pessoas certas. Nunca estudou, mas lia. Nunca plantou, mas observava o trabalho do agricultor. Nunca escreveu, mas sabia qual era a presunção de um copista do sagrado. Nunca namorou, mas sabia como ser carinhoso com as mulheres. Nunca teve ovelhas, mas sabia, pela observação, como um verdadeiro pastor se portava. Nunca foi casado, mas sabia como uma dona de casa ficava feliz quando achava algo precioso que se havia perdido. Nunca foi pai, nunca foi pródigo, nunca foi um irmão ciumento, mas sabia como todos os três personagens se sentiam em cada situação. Nunca foi desonesto, mas sabia como um administrador infiel se sentia quando apanhado em flagrante. E, assim, Ele demonstra também como um pai de família deve se comportar se um ladrão se aproximar. Sabe que a pobreza é crônica na terra; conhece o modo como os políticos dominam sobre os povos; sabe o que sente uma mulher dando à luz um filho. E não evita a emoção do choro, da dor, da tristeza, da alegria, do suor de sangue, do vinho melhor, do medo da cruz, e da oração para ter força para não morrer fora dela; e vive cada coisa, cada dia, não se deixando escravizar por nenhum tipo de aflição ou preocupação.Sim, Jesus tinha a mente mais despreocupada do mundo, ao mesmo tempo em que era a mais responsável da Terra. Sobretudo, além de ser pela variedade de Seus interesses, indo de crianças a velhinhas, vê-se Sua saúde mental na Sua total vitória sobre a ansiedade. Ele faz gestão leve até da hora da morte. “Não é a hora”, diz Ele. Até o dia em que Ele diz: “Chegou a Hora”. E Sua despedida de Seus amigos e discípulos não poderia ter sido mais própria, mais grave e, ao mesmo tempo, mais esperançosa; mais verdadeira e também protetora das limitações de percepção deles. Assim, aprendendo com Jesus, busque interessar sua mente por tudo, sempre apenas retendo o que é bom. E se você perceber que se irrita com qualquer coisa que não seja o seu “tema”, preste atenção, pois já é forte sinal de que a sua mente e cérebro estão viciados ou se viciando. E isso não é brincadeira. É pior do que qualquer outro vício. Pense nisso!


CAIO FABIO

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...